Capítulo 3 - 🌈

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Marcos está encima de mim. Olho para os lados, estou em um lugar que não consigo desvendar aonde eu encontrava-me. Um lugar em que nunca estive, ou apenas não me recordo dele.

Estamos em uma cama com várias pétalas pretas em nossa volta. Olho para frente, não é mais o Marcos que está encima de mim. O rosto agora era da menina que parecia religiosa, a que estava me encarando no pé da escada na noite passada. Ela estava preste a falar alguma coisa, mas minha boca a interrompe, dando-lhe um amasso.

Acordo-me com o despertar irritante de meu despertador. Era tudo um sonho.

Minha cabeça estava parecendo que ia explodir nesse exato momento. Olho para o relógio, eram apenas 5:55 da manhã. Havia me esquecido de que as aulas começaram.

Ao abrir a porta de meu quarto, meu pai estava sentado no chão e escorado na parede ao lado de minha porta. Talvez estava me esperando ou algo assim, no entanto, como eu provavelmente havia demorado, ele pegara no sono sem ao menos notar. Viro-me para o meu quarto novamente, a janela estava aberta e as coisas que estavam ali por perto encontravam-se todas esparramadas no chão. A única coisa que passava na minha cabeça agora era: como eu cheguei em casa?

Volto-me para o corredor novamente e vou andando direto para o banheiro. Pelo visto meu pai acorda, porque agora ele estava me seguindo.

— Que horas você chegou ontem? — Ele pergunta tentando demonstrar uma expressão irritada, todavia o sono o interrompe.

— A hora que combinamos. — Respondo sem ao menos saber qual foi exatamente a hora exata que eu cheguei.

— E que horas combinamos?

E antes mesmo de eu responder a pergunta dele, entro no banheiro e o ignoro totalmente. Ele da umas batidas na porta, mas continuo ignorando-o. Até que, por fim, minha mãe chama a atenção dele e o mesmo para de bater na porta do banheiro. Ouço passos se distanciando. Espero que seja ele indo embora, só quero tomar o meu banho. Tentar tirar a ressaca que me está rodeando.

Ao sair do banho, coloco o uniforme e improviso no resto. Encaro-me no espelho e fico me perguntando o que aconteceu naquela festa após as bebidas? Que horas que eu cheguei em casa? Como eu entrei em casa? Quem me deixou em casa? Tantas perguntas e pelo visto nenhuma resposta.

Faltando poucos minutos para os portões do colégio abrir. Desço para a cozinha e faço um pão com salpicão de ontem que minha mãe fizera, coloco na minha mochila e vou para o colégio.

No caminho, começo a lembrar de pequenas coisas que eu fiz na festa. Lembro de beijar... Marcos. Oh Deus, eu tinha esquecido. Como vou encara-lo hoje? Ele senta atrás de mim. Yara, você deve agir naturalmente e torcer para que ele não lembre, meu subconsciente me alertava, ele dormiu cedo, lembra? Vai tudo ocorrer bem.

Como eu morava cinco quarterões do colégio, eu sempre chegava faltando poucos minutos para fechar. Ás vezes eu ficava de fora, mas o Antônio, o guardinha, sempre deixava eu passar. Ele é o guardinha mais gente boa de todas os colégios que eu já frequentei.

Quando eu entro em minha sala, já avisto Marcos na cadeira de sempre. A cadeira atrás da minha. Ele estava olhando para mim alegre, com um sorriso de ponta a ponta. Cara de quem não lembra de nada, adiciono.

Vou andando em direção a minha cadeira. Sento-me e deixo a mochila ao lado. Viro para trás e vejo que ele continua a me encarar com o sorriso esquisito.

— Eae. — Ele diz, quebrando o silêncio que antes dominava o ambiente.

— Yoo! — Digo, tentando agir naturalmente. Mas eu passei bem longe do natural. — Lembra de alguma coisa de ontem?

Poderia Ter Sido PerfeitoOnde histórias criam vida. Descubra agora