CAPITULO 9 - ATO HERÓICO

21 2 0
                                    


Havia completado dezessete anos, estava namorando a seis meses com John, um gatinho meigo, simpático, não tinha covinha no queixo, mas um beijo de perder o fôlego, não havia presenciado mais nenhuma demonstração dos superpoderes de meu pai, o dia estava muito quente e me sentia um pouco zonza, com certeza era o calor, anoiteceu e John me levou ao cinema, estava passando um filme lindo, uma lição de vida, se chamava Extraordinário, quando terminou o filme estava sentindo falta de ar, enjoo e muito sono, lembro que quando estava saindo do cinema John me perguntou se eu estava bem e tudo escureceu.

No dia seguinte eu estava internada, os médicos disseram que eu tinha insuficiência renal aguda, que meus rins pararam de funcionar, a princípio não chorei, talvez o choque da notícia me deixou tão perplexa que não conseguia chorar, quando vi minha mãe próxima da porta enxugando as lágrimas, um mar de lágrimas desceu, era uma cachoeira de tristeza interminável, lembro que chorei tanto o quanto podia, não queria ver ninguém, minha mãe estava sempre ao lado da maca, meu pai vinha me ver quando não estava trabalhando e Thor vinha com ele, com aquela franjinha que eu dizia ser ridícula, mas que passara a ser linda quando o via e me abraçava.

Um mês se passou, larguei de John, não precisei dizer nada a ele, apenas disse a minha mãe que não queria mais vê-lo, ela entendeu que me envergonhava de meu estado e respeitou minha decisão, talvez em um filme seria lindo ver o namorado dando força a namorada em situação parecida, mas na vida real era diferente, não queria nem ver a sombra dele, para não pensar no que poderia estar fazendo ao invés de estar deitada sobre uma maca.

Me lembro que não queria abrir os olhos quando papai entrou em meu quarto e se sentou ao meu lado, "Filha você vai ficar bem, vai ser operada e vai voltar a ter uma vida normal" ele segurou minha mão, "Acharam um doador?" eu relutante, "Sim, eu", o tempo parou enquanto olhava nos olhos dele, pude ver que se fosse necessário ele doaria os dois rins para me ver feliz novamente, não era necessário dizer uma só palavra, minhas mãos ficaram trêmulas como no dia que conversara com Will pela primeira vez,"Obrigada" foi o que consegui dizer antes de chorar copiosamente, um herói...como sempre soube que ele era.

MEU PAI ERA UM SUPER HERÓIOnde histórias criam vida. Descubra agora