A Luz Que Nos Tira Da Escuridão

Lembranças Que Gostam De Atormentar

"Você não devia ter feito isso! Você sabe que não tinha permissão!" Me vejo rodeado de escuro escutando a voz de uma mulher. 

"O horóscopo disse hoje que não deveríamos sair, mas você definitivamente saiu! Isso é um mal presságio!" A mulher então aparece mais a frente, eu pareço diminuir de tamanho e um sentimento indescritível de puro terror começa a me assolar.

"Mãe-" Tento falar alguma coisa mas a imagem muda, agora estamos em um quarto. 

Pá!

Minha cabeça vira para o lado, quando o som do tapa  soa e o ardor em minha bochecha começa a aumentar, eu percebo o que aconteceu.

"Calado! Calado. Calado. Calado!"

Eu volto o olhar para a mulher a minha frente mas ela some, e eu me encontro em um imenso parque. Olho para  grama verde em meus pés e tento dar um passo quando escuto a voz da mesma mulher, atrás de mim.

"Querido? O que achou? Que tal ir vermos os peixes?" Me viro novamente, só que outa vez a imagem muda.

Dessa vez a mulher está com os cabelos completamente desarrumados, estamos em uma sala escura e seu rosto tem uma contusão roxa. Ela sorri para mim e eu soluço.

"Vai ficar tudo bem querido, você não precisa se preocupar certo? O papai logo vai vir nos buscar!" Ela me abraça e eu sinto algo molhado em minhas mãos.

"MAMÃE!" Eu grito quando percebo a mulher deitada no chão a minha frente, minhas mãos estão completamente vermelhas e eu me sinto ser carregado por um homem.

"Shintaro, escute." Agora eu estou em um guardo enorme, o homem em minha frente tem cabelos verdes e seus olhos estão vermelhos. "A mamãe... A mamãe foi para um lugar melhor ok? Ela não irá aparecer mais"

"Irei para o trabalho, não saia de casa ouviu bem? Shintaro?" O homem agora está com um jaleco branco e seu cabelo está perfeitamente penteado para trás.

"Papai..." Eu me aproximo do homem em frente a mesa. Observo o bolo de aniversário nela e abaixo o olhar. "Eu sonhei com a mamãe."

O homem se afasta da mesa e se agacha em minha frente. O cheiro forte que vem do seu corpo é o que me deixa angustiado, eu sei que nada bom sai quando ele fica com esse cheiro. "Foi apenas um sonho bobo." Ele diz.

"Como estão suas notas? Espero que não tenha relaxado novamente Shintaro. Sabe o que irá acontecer se eu ver uma nota menor que oito!" Abaixo a cabeça e confirmo silenciosamente.

O ambiente fica novamente escuro e eu me vejo em um pequeno quarto chorando. "ME DESCULPE! Pai! PAI POR FAVOR! Foi a ultima vez, eu juro. Não me deixe aqui. EU JURO QUE FOI A ÚLTIMA NOTA BAIXA! Então-"

O homem então aparece, estamos agora na sala e há um vaso quebrado perto de seus pés. Em suas mãos ele carrega um cinto de couro e se aproxima vagamente de mim.

Abro os olhos e os fecho um pouco, por causa da claridade, a primeira coisa que enxergo é fraco verde das folhas da árvore. Movo a cabeça para observar o  local em que estou e percebo que ainda estou na escola.

Me sento e rapidamente me encosto na árvore. Respiro fundo sentindo a gargante seca, engulo em seco quando sinto uma pontada de dor em minha cabeça. Eu tenho que me afastar dessas lembranças. Olho para a pequena pulseira que serve como amuleto do dia. Tenho que parar de seguir esses hábitos.

"Shintaro? Não conseguiu dormir ontem? Teve algum problema com o trabalho de Geografia?" Levanto o olhar e percebo Akashi se aproximar, apenas balanço a cabeça negando.