C A P Í T U L O – 2
Quando almejamos o sucesso, os nossos sonhos por mais impossíveis que sejam, acontecem quando menos esperamos. Simplesmente acordamos, olhamos para o céu e pensamos: aconteceu! Meus projetos de fotografia deram certo e me tornei uma profissional renomada de Londres. E agora comecei a escrever minha história. Um ano se passou e aquilo que eu poderia chamar de família, não me procurou em nenhum momento. Apenas minha mãe me procurou e estou esperando um escrito dela.
Rafaela, uma amiga que mora comigo, colocou em cima da cama uma carta, no entanto agora preciso atender meu produtor:
- Anastácia, precisamos de você para fotografar uma igreja antiga, um casal dinamarquês está de visita e quer contratar a melhor fotógrafa para fazer uma boa lembrança da viagem deles.
- Está bem, me passe o endereço que estou indo.
Na correria sem escutar muita coisa e sem observar, apenas peguei a carta que minha amiga havia deixou na cama e coloquei na bolsa. Cheguei na igreja, o casal está vestido branco e a mulher com um véu no rosto. Estão de joelhos, olhando para o altar.
- Olá! Sou a fotografa Anastácia.
A mulher se levantou. E tocou meu rosto. E levantou o véu, seus olhos são distintos: um verde e outro castanho.
- É você! - disse ela.
Continua tocando meu rosto:
- O fruto odiado. E protegido pela avó. "O conhecido a ti. O desconhecido é o remetente".
- Quem é você? -pergunto.
- Sou o fruto, assim como você.
- Você é louca!
O olhar dela me amedronta.
- Lembre-se da morte dela. -disse em simplicidade.
- De quem? – pergunto.
No mesmo segundo em que fiz a pergunta a mulher está se afastando de mim junto ao marido e caminhando até o fim da igreja... e continuo gritando.
- QUEM? QUEM? QUEEEEEEM?
- ANASTÁCIA, PELO AMOR DE DEUS ACORDE.
MEUS OLHOS, se abriram. Respirei fundo. Tudo não passava de um sonho, minha amiga, Rafaela, me acordou.
- Cara, você estava falando uns negócios muito sem sentido. -disse ela.
- Nem eu sei bem com o que eu sonhei.
- Pelo que vi, sonhou com carta, deve ser porque você está esperando a carta da...
- ... da minha mãe?
- Não, tá louca! Cara, faz mais de cinco anos que vocês não se falam.
- Não faz um ano?
- Anastácia, acho que esse sonho abalou seu emocional, hein?
- Eu sonhei que estava sentada escrevendo em um caderno, minha história e que havia voltado a falar com a minha mãe... aí aliás, não tenta entender, você sabe que toda vez que sonho, parece que minha memória some por uns segundos.
- É, está ficando mais vez intenso isso daí, melhor se cuidar.
- Eu não vou morrer por causa de um sonho, né Rafa? Afinal, de quem eu estou esperando a carta mesmo?
- Da mulher que te prometeu ajuda para descobrir onde está sua avó... ela me ligou e disse que encontrou... é ... bem... sua tia Anne. E me mandou um escrito.
Rafaela abriu a carta.
- Desculpa, abrir sem sua permissão. Mas, o lugar onde ela trabalha é uma biblioteca antiga da cidade. Ela não escreveu nada apenas colocou três pontinhos e o endereço...
- Reticências? -perguntei.
- É isso, aí!
- Precisamos ir!
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RETICÊNCIAS
Historical FictionAntes de começar a ler este diário, queime todos os seus livros de história. - Sthefani Hinckel