Capítulo 3

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  Me lembro que a uns dois anos atrás estava no ateliê vendo um vestido para o natal do mesmo ano, quando Ally entrou correndo com Julie no colo.

-Alteza...Alteza...-Ela disse ofegante.

-O que foi, Ally? Você está bem?- Eu perguntei pegando Julie no colo dando espaço para ela. A coitada tinha descido três lances de escadas.

-To ótima, alteza. É a Julie.

-O que aconteceu??? Ela se machucou??- Examinei a bebê. Não me parecia machucada ou com cara de choro.

-Ela disse...Disse...

E foi quando ela balbuciou algo.

-Ela disse isso.

Depois disso, fiz ela repetir para o palácio todo.(risos)

 A pequena tinha dito suas primeiras palavras.

     Depois disso, Julie se tornou um poço de palavras ( e me orgulho em dizer que a primeira foi "mamãe" , ou algo parecido com isso). Ela vivia tagarelando sobre tudo e para todos.

  Minha mãe até chegou a falar que ela estava convivendo com muitos adultos (o que poderia ser verdade, onde já se viu uma criança falar tantas palavras - inclusive as difíceis - com apenas quatro anos?!)

Esse era o grande problema: aquele pequeno ser falava demais.

Harold era baixo quanto as suas atitudes; claro que ele ia usar minha filha para chegar até mim. Uma cabeça tagarela e inocente é muito mais fácil de conquistar.

  De primeira, pensei em contar ao Luke, ele deveria saber disso! Mas se tem uma coisa que eu aprendi com o meu pai foi não tomar decisões  de cabeça quente (se bem que ele não segue muito seus próprios conselhos, até porque, quando a situação ficou crítica ele pensou de cabeça quente e me colocou pra casar com um príncipe que eu nem conhecia). Então decidi me sentar, organizar minhas ideias e pensar em outras coisas.

Mas como?

Lembrei de uma vez que estive na biblioteca "estudando" com Harold.

-Minha irmã está grávida.- Ele disse.- Minha mãe não para de encher o meu saco pra eu começar uma família.

-Mas e você, meu bem? Não pensa em ter filhos?

-Não achei a pessoa certa pra isso ainda.- Ele passou assobiando como sinal de "indiferença" 

-Ah é?- Fingi indignação.

-Claro que achei já, minha princesa. Eu teria filhos com você. Mesmo que seja estranho, digo, nos conhecemos a pouco tempo.

Sorri.

-Você gosta de crianças?- Perguntei.

-Amo! De todas as idades, todos os jeitos...Jamais seria capaz de machucar uma coisinha daquelas.- Ele pegou alguns papéis na mesa.- Podemos continuar?

-Mesmo?- Resmunguei.

-Ah, minha princesa, sou pago pra isso...


"Jamais seria capaz de machucar uma coisinha daquelas"

Ok, ele não seria TÃO baixo a ponto de machucar Julie.

Mesmo assim, Luke deveria saber de toda essa situação. Mesmo sabendo que ia contar para ele, decidi que não ia ser agora. Talvez a noite, quando estivéssemos juntos.

Corri os olhos pela mesa e parei em um envelope: a carta.

 Me senti mal por não ter lido antes. E me senti pior ainda por lembrar que a pessoa estava desesperada quando veio entregar ao palácio. Só Deus sabe o que a pessoa deveria estar passando com todo esse desespero. Mesmo com quase tudo em ordem no país, nem todos eram favorecidos, até mesmo antes de toda a crise.

Era um envelope bege, simples, e com um selo da região do palácio. A pessoa não veio de longe pelo menos.


"Vossa Alteza,

  Em breve vai saber quem é (ou se já não deduziu).

Fico lisonjeado em saber que foi embora da aparição depois que percebeu a minha presença; você nunca soube disfarçar algo.

Mas tudo tem sua primeira vez, não é mesmo?

Preciso que seja muito discreta sobre sua filha, coitadinha... Não a tire da escola, ela parece gostar.

E nem pense em abrir a boca para ninguém. O que temos de resolver é algo entre eu e você

Acho que não preciso assinar, você sabe."



Depois de ler a pequena carta (que estava mais para um bilhete sujo), vi que não podia contar para Luke. Conhecia meu marido e Harold. As coisas não acabariam bem, de forma alguma.

Achei melhor deixar a carta em uma gavetinha bem escondida da mesa, caso eu precisasse um dia.

 Olhei no relógio e já se passava das oito. Fui até o quarto das meninas ver se estava tudo bem: Julie estava dormindo como uma pedra e Leoni estava querendo acordar. Apaguei a luz rapidamente.

"Não filha, agora não", Pensei comigo. "Graças a Deus".

Fui para o quarto e ele já me esperava lá.

-Oi meu bem.- Luke veio até mim.- Você parece cansada.

-Muito.- Sorri- Vou tomar um banho.

Enchi a banheira e fiquei lá por longos minutos conversando com Luke, que ficou sentado na borda. Falamos sobre nosso dia, já que eu não via ele a todo tempo. Só quando era algo relacionado às meninas ou sobre negócios.

-Amor?

-Sim?- Ele disse pegando umas toalhas.

-E se eu ficar com a Julie na escola? Digo, pra ver se todo esse projeto da educação infantil está acontecendo de fato.

-Bom...- Ele me passou uma- Tem ministros que fazem isso, mas se você quer tud...

-Eu quero!- Sorri- Amanhã eu já vou com a Julie.

-Tão atenciosa..- Ele despejou um beijo na minha testa.

Respirei fundo querendo contar de toda essa situação para ele.

-Luke...

Era agora! Agora ou nunca.

-Fala.

-Eu preciso te contar uma coisa.- Disse saindo do banheiro.

-O que? O que aconteceu?

-Eu pensei sobre aquilo que você falou mais cedo...Sobre abraços carinhosos.-Sorri percebendo a aproximação do príncipe.

Ok, o nunca funcionava melhor.


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⏰ Última atualização: Dec 22, 2017 ⏰

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Prometida-Depois do sim (Livro II)Onde histórias criam vida. Descubra agora