05 - Primeiro Dia

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Com Henry no Centro Médico a manhã inteira, aproveito para fazer uma surpresa a Steve e dar uma passada em seu escritório. Steve é um homem ocupado e todo momento que podemos aproveitar para passarmos juntos é valioso.

A porta do elevador abre para o hall do departamento financeiro da Delacaux e eu me dirijo à bancada de mármore preto da recepção para cumprimentar Michelle, a secretária de Steve, uma linda ruiva de olhos verdes.

— Bom dia, Michelle — cumprimento-a.

— Bom dia, Srta. Delacaux! — ela me responde com um sorriso amigável. — O Sr. Adams está no escritório.

— Está ocupado?

— Não, Srta. Ele acabou de sair de uma reunião.

— Ok, Michelle, obrigada — aceno com a cabeça e passo direto para o corredor onde fica seu escritório.

Dou uma batidinha na porta e abro-a devagar, pondo minha cabeça para dentro da sala. Steve, perdido em meio a papéis em sua mesa, levanta o olhar e abre um sorriso ao me ver, arqueando as sobrancelhas.

— Querida — ele diz, surpreso. — Não esperava vê-la hoje.

— Vim com Henry para umas avaliações — explico, sentando-me em uma das poltronas em frente à sua mesa. — Resolvi vir aqui ver você.

— Então por que não vem aqui me dar um beijo? — ele diz com a voz doce e um sorriso no canto da boca, esticando-se em sua cadeira de couro.

Steve é um homem muito bonito e charmoso. E eu adoro quando ele olha pra mim com aquele sorriso tranquilo e acolhedor. Infelizmente, sua vida é tão corrida e atribulada que lhe faz ser, na maioria das vezes, uma pessoa tensa e séria. O que me faz sentir sortuda hoje por conseguir ver que o peguei num bom dia.

Sorrio de volta. Levanto-me da poltrona e dou a volta na mesa em sua direção.

Abraço-o suavemente, fazendo sua cabeça encostar de forma carinhosa em meu abdome, enquanto passo lentamente meus dedos entre seus cabelos castanhos, bagunçando-os. Ele fecha seus olhos verdes sentindo o carinho por alguns segundos e depois me puxa pelo quadril para junto de si, fazendo-me cair propositalmente em seu colo.

— Estava com saudades – falo, rindo. Encosto meus lábios nos dele e lhe dou um beijo suave.

— Decidiu ficar, afinal? — ele diz, referindo-se a Henry.

— Sim — confirmo com a cabeça, enquanto acaricio sua barba por fazer. — Até agora não há mortos ou feridos.

— Não haverá, querida — ele me tranquiliza. — Montgomery é genioso, mas vai aprender a lidar com ele.

— Se você diz — suspiro.

Respiro fundo e fecho os olhos, deixando meu rosto encostar no dele e sentir aquele toque por algum tempo em silêncio, a barba dele me espetando de forma gostosa, provocando cócegas. Steve passa a mão nas minhas costas e sinto meus pelos da nuca arrepiarem de prazer com o carinho.

— Vamos almoçar hoje? — digo, ainda com meu rosto colado no dele.

— Hoje tenho um almoço importante de negócios, meu amor — ele diz, com a voz suave como se pedisse desculpas.

Suspiro mais uma vez, frustrada, mas sinto que não posso exigir muito, já que é um pedido tão em cima da hora. As coisas com Steve têm de ser planejadas e agendadas com uma certa antecedência para que deem certo.

— Tudo bem — sorrio para ele. — Já estou feliz que consegui vir aqui ver você hoje.

— Mas sabe o que podemos fazer? — ele diz animado, afastando-se um pouco para me encarar. — Fiquei sabendo que terá a ópera Eugene Onegin, de Tchaikovsky, no sábado. Posso comprar ingressos.

O Grande Prêmio (DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora