Herdeiros do Olimpo

Uma entrada triunfal... Ou não.

Olha... Eu DEFINITIVAMENTE não queria ser assim! Uma semideusa... Ou uma filha de Hécate! Mas principalmente alguém com esses poderes... Não até chegar ao acampamento, quase morrer algumas vezes, atrair algum ódio por parte dos outros, quase morrer algumas vezes, ir em uma missão, quase morrer novamente... E aprender a controlar meus poderes, o que nos ajudou a "salvar o dia".

Bem! Mas vamos voltar do começo: Olá! Meu nome é Vanessa, Vanessa Forbes! Sou uma garotinha aspie de uma pequena cidade chamada Fermont em Quebec, Canadá. Não pesquise! A cidade, que fica na fronteira com Labrador, tinha, no censo de 2016, 2.474 habitantes. Uma queda em relação ao censo de 2011, mas isso não vem ao caso! O importante é: era uma cidade pequena, do tipo em que, infelizmente, todo mundo conhece todo mundo... E eu e meu pai éramos os mais famosos da cidade.

Ao menos antes de ele morrer e eu ser levada da cidade para um abrigo e começar a fugir...

Fugir...

Era o que fazia com Dylan enquanto as malditas dracaenae nos seguiam colina acima.

-Não ouse olhar para trás, bruxinha! Use essas varetas que chama de pernas para passar pelo portal e chamar ajuda! - brigou o sátiro, me fazendo bufar por sua capacidade de fazer piadas mesmo quando nossas vidas estavam em risco

-Tarde demais! - respondi enquanto me virava para atirar outro dardo improvisado na testa de uma das mulheres-cobra, a fazendo virar poeira e salvando meu garoto-bode favorito por pouco

-Teimosa como uma mula e com a pontaria de um dos deuses arqueiros, pacote Vanessa para iniciantes, peçonhentas! - o ouvi dizer, rindo baixinho antes de avistar o arco, acelerando um pouco mais. Sabia que ele ficaria um pouco atrás para atrasá-las... Mas aceleraria se eu o fizesse.

Alcancei o arco em poucos instantes, ignorando o que estava escrito nele ao atravessa-lo, já havia sonhado o bastante com o lugar para saber o que era, embora a sensação de estar atravessando uma camada de ar mais densa me fosse novidade. Logo me virei para ver Dylan ainda lutando. Aquele idiota queria MESMO morrer, não era? Revirei os olhos antes de voltar para ajudá-lo, ouvindo passos e vozes atrás de mim. Ótimo! Agora teria de lidar com os monstros E com pessoas... Tem como esse dia ficar mais estressante?

Tinha! Por diversos motivos! Dentre eles o fato de uma das dracaenae ter derrubado o sátiro e estar avançando sobre ele, o que foi o bastante para me fazer mirar em seu olho ao lançar o dardo e para deixar meu olho mais claro roxo.

Ah sim, acho que esqueci desse detalhe! Tenho heterocromia, um de meus olhos é quase preto, embora à luz seja possível notar que ele é apenas castanho escuro. E o outro é mel... Ambos ficam roxos às vezes, o que significa perigo.

Voltando: a mulher cobra se desfez naquele pó dourado de sempre, dando tempo para que Dylan se levantasse.

-Sua vez de ir na frente! - disse a ele, deixando claro que não aceitaria um não como resposta enquanto pegava aquele saquinho com lascas de bronze celestial que mantinha preso em meu cinto, mais como um reforço ao ataque do que como minha arma principal. O que estava prestes a fazer costumava ser eficiente... Mas não queria me arriscar.

Graças aos deuses e a nossa convivência o bodinho entendeu o recado, correndo colina acima e sinalizando para os outros para que também se afastassem.

-Sabem... Vocês me perseguiram, feriram meu único e melhor amigo... E me fizeram desperdiçar alguns dardos, sem contar aquela flecha da primeira colega de vocês que matei. Aquela que me acertou de raspão! Isso me deixou irritada! - disse na mente das dracaenae, movendo os lábios em uma espécie de ventriloquia em que era o ventríloquo e o boneco ao mesmo tempo. A essa altura ambos os meus olhos tinham aquele perigoso brilho violeta - E vocês não fazem ideia de quão perigosa posso ser quando estou irritada - concluí, dando um sorriso maldoso ao ouvir uma delas falar:

-Mass por que estaríamos em perigo sse é você quem essstá cercada?

-Porque são vocês quem estão exatamente onde eu quero que estejam! - respondi, ainda na mente delas, antes de jogar o saquinho para o alto e tirar a aliança de meu anelar esquerdo, torcendo para que apenas elas fossem afetadas enquanto sinto minha pressão interna aumentar e ouço a explosão que parte de meu corpo enquanto minhas pernas falham e eu caio no chão, bem sobre o braço ferido pela flechada, o que, alias, não tive muito tempo para registrar antes que tudo se tornasse apenas vultos e sons difusos, como se tivesse olhado diretamente para o sol do meio dia e estivesse submersa, todos os sentidos confusos enquanto me amaldiçoo mentalmente por estar suja de terra e quase vegetando enquanto as pessoas se agrupavam a meu redor.

__________________________________________________________________________________
Precisam de legenda para as falas? Não acho que sim... Mas por via das dúvidas vamos lá:
-fala normal
-Fala mental, porém com movimentação da boca
_Fala mental
Espero que tenham gostado, meus anjinhos.