Dear Shawn • one shot

Dear Shawn, pt. 1

Querido Shawn,

Espera, não é querido, desculpe. Shawn, se lembra um ano atrás? Quando eu cheguei naquele colégio, nossos olhares se cruzaram e um sorriso apareceu em seus lábios? Bem, eu me lembro. Me lembro que depois de apenas uma semana eu já estava na sua casa todas as noites para que pudéssemos ficar juntos, me lembro quando você disse pela primeira vez: "Não leve para o lado pessoal". O que era estranho, já que quem ligava no meio da noite chorando e querendo companhia, era você.

Eu sempre te dei atenção, me preocupei, apoiei e ajudei para sempre ouvir: "Não leve para o lado pessoal".

Eu te via beijando uma garota no corredor, e outra no dia seguinte, e aquilo partia o meu coração, talvez a dor de uma faca atravessando meu peito fosse melhor do que sentir aquilo, mas eu não podia reclamar, afinal, eu não deveria ter levado para o lado pessoal.

Você começou a namorar, e me doía tanto te ver com alguem que não dava a mínima para você, além do status de relacionamento e popularidade. Até que aconteceu de novo: você me ligou no meio da noite, chorando, pedindo ajuda, como eu poderia negar? Eu conversei com você, te ajudei, acalmei, no dia seguinte sendo tratada como ninguém.

Não era possível, eu realmente era um objeto? Amor começou a parecer tão vago quando não era correspondido.

Por que eu insistia? Sinceramente não sei, talvez pensasse que você sentia alguma coisa, bem escondida, porém real, eu pensava que você iria perceber que pode ser uma pessoa melhor, e estava disposta a te ajudar a descobrir isso.

Uma noite, quando você brigou com o seu pai pela terceira vez no mês, recebi outra ligação no meio da noite e você implorou que eu fosse até a sua casa e te ajudasse, e eu fui...

P.O.V Amanda

"Por favor, vem aqui, preciso de você!" Shawn dizia com a voz carregada de dor, aquilo me matava por dentro.

"Tudo bem, entro pela janela do seu quarto." Disse e desliguei o telefone.

Após fingir ter dormido e todos na minha casa adormecerem, eu sai. A casa de Shawn era uma rua de distância da minha, cheguei lá em cinco minutos. Sua janela estava aberta, escalei por uma planta que ficava na parede e andei um pouco no telhado para chegar na mesma, entrei, a trancando em seguida.

Olhei para frente e lá estava Shawn, virado de costas para mim, sentado em sua cama com as costas curvadas.

O pai de Shawn era um idiota narcisista, sempre exigia muito tanto de sua esposa quanto de seu filho, o qual recebi as punições nos momentos que ele perdia a paciencia. Era por isso que ele me ligava no meio da noite, e era por isso que eu sempre atendia. As agressões eram psicológicas e físicas. Esse mês foi mais frequente.

Me aproximei segurando as lágrimas, então percebi que Shawn estava...chorando.

Seu rosto estava inexpressivo, seus olhos perdidos em um ponto específico na parede e lágrimas silenciosas molhando suas bochechas. Sua têmpora direita estava roxa e com algo que parecia sangue seco, sua sobrancelha possuía um corte que escorria um pouco de sangue, seu lábio inferior estava com um pequeno corte e um pouco inchado. Sua mão esquerda estava por cima da direita, como se estivesse escondendo.

Parei em sua frente em silencio, mesmo que ele continuasse olhando para frente sabia que eu estava lá, então começou a falar:

"Eu revidei." seus olhos não desviaram da parede, sua mão se movimentou, revelando o punho direito com os nódulos dos dedos machucados "Ele não gostou disso, assim como não gosta de nada que eu faço." sua voz parecia firma e perdida ao mesmo tempo "Idiota... Eu sou um idiota." disse com raiva, fazendo com que eu o olhasse com as sobrancelhas juntas. Sua cabeça se levantou, me olhando, também mostrando seu pescoço: estava vermelho, quase roxo, com marcas de dedos, isso me deixou assustada, preocupada, nervosa, eu queria ir até esse homem e matá-lo com minhas próprias mãos.