16 DIAS PARA A FESTA DA COLHEITA
Lauren
— Então... Você acha que vai sobreviver sozinha por alguns dias? — Joana me perguntou antes de levar uma garfada de salada até a boca. É domingo e estamos jantando algo que ela se esforçou para preparar, o que não acontece muito, pois sempre acabamos ligando para a pizzaria que fica no centro.
— Claro que vou, Jo. – respondo dando de ombros. — Tem comida nos armários e na geladeira, Mr. Mercedez vai cuidar para que eu não morra de fome, tenho dinheiro e já falei com a Dinah, ela vai me fazer companhia. Vamos comprar algumas cervejas e, quem sabe, role alguma festinha por aqui.
— Tudo bem, vou me lembrar de comprar uma caixinha de camisinhas e deixa-la na sua cama antes de viajar. — diz, como se não se importasse. — Ah, eu tenho um livro ótimo sobre...
— O QUÊ? – explodo, de olhos esbugalhados e com a garganta seca. Joana começa a rir baixinho. — Eu... Eu estava brincando. Não quero saber de livro nenhum. Fala sério.
— É um bom livro. Garanto. Não há necessidade de ficar com vergonha, Laur. Trata-se de uma conversa íntima entre uma jovem prestes a iniciar sua vida sexual e suas partes baixas.
— Okay, okay, já chega! — digo, chocada. Mães não deveriam usar "partes baixas" com suas proles. Ou melhor, ninguém deveria falar aquilo, é muito ridículo. — Isso é tão humilhante.
— Um dia, você vai fazer sexo, querida. — fico boquiaberta com seu comentário, tenho certeza que minhas bochechas estão vermelhas, porque sinto o calor emanando delas. Isso sempre acontece se fico envergonhada, mas Joana ri e eu suspiro aliviada ao perceber que ela só está brincando.
— Podemos, por favor, mudar de assunto? — pergunto remexendo-me na cadeira, um pouco mais confortável.
Joana, definitivamente, é a mãe que todo mundo deveria ter. Nós mantemos uma boa relação baseada em poucas e simples regras: não engane as pessoas, seja sempre sincera consigo mesma, lute pelos seus sonhos e respeite a individualidade de cada um. Se eu sigo cada um desses passos e me mantenho na linha, Joana não fica no meu pé. É impossível não gostar dela e sua personalidade magnética, mesmo quando a gente se esforça muito para isso, o que me dá uma certa raiva dela, porque eu, certamente, não sou e nem nunca vou ser assim. As pessoas costumam dizer que tenho cara de quem comeu e não gostou e, por isso, não se aproximam. Joana me acolheu, não porque eu não tivesse mais para onde ir, mas porque não existe nenhum outro lugar que eu quisesse estar. Sou grata por Joana ter sido a pessoa que, deixando de lado sofrer o próprio luto pela perda do marido, escolheu cuidar de uma adolescente emburrada e aos pedaços, mesmo que não fizesse parte dos seus planos imediatos.
— Quais os seus planos para hoje? — ainda sorrindo, Joana coloca mais um pouco de molho Rosé em sua salada caesar. Seus olhos, um tom de verde um pouco mais profundo do que os meus e que já carregaram um brilho ofuscante, parecem vagos e cansados. Ela tem trabalhado exaustivamente todos os dias e quase não nos vemos no decorrer da semana, porque nunca estamos em casa no mesmo horário depois que as aulas começaram.
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Qual som seguir? [EM REVISÃO]
FanfictionCamila Cabello é uma garota comum do Ensino Médio, com suas manias particulares, como roer suas unhas insistentemente, e vícios que se recusa a dizer para qualquer outro ser humano. Assistir ao seriado Friends compulsivamente e gastar boa parte da s...