9. Eu nunca vou esquecer

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E aí, galera? Tudo bem? É, demorei um pouco dessa vez, mas trouxe capítulo novo e espero que gostem. Eu ia postar só amanhã, mas tô aqui, pelo celular, porque estava louca para que vocês lessem. Então é isso, boa leitura :)

Thay

14 DIAS PARA A FESTA DA COLHEITA

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14 DIAS PARA A FESTA DA COLHEITA

Camila

Com uma rápida passada na minha casa para que eu possa pegar algumas coisas que considero necessárias (uma troca de roupas, carregador de celular e, claro, dinheiro tanto para a gasolina quanto para qualquer eventualidade), mando mensagem ao meu pai dizendo que estou prestes à sair da cidade e vou avisa-lo quando chegar em Boston. Lauren está me esperando do lado de fora do carro, encostada na lataria, olhando para o fim da rua. Está com seu visual típico: all star branco, calça jeans escura e justa, moletom cinza com capuz e estampa de Jessica Jones. Simples, mas não desleixada. Não é como se ela tivesse ligado o foda-se e vestido qualquer coisa que encontrara no closet, é meio óbvio que não está tentando chamar toda a atenção para si, o que ironicamente parece atrair mais atenção ainda. Eu já tinha ouvido muitas garotas falando do estilo da Lauren, deixando bem claro a incredulidade em caretas e palavras meio ofensivas, mas Lauren poderia se importar menos com tudo isso desfilando com suas peças de roupas com estampas geeks.

Quando entramos no carro, reparo que ela retira da bolsa seus óculos de armação quadrada e preta que eu nunca tinha visto antes. Quando os coloca, percebo que as lentes deixam os olhos verdes mais intensos e brilhantes. E, emoldurados desse jeito, não dá para não ficar olhando. É bem hipnotizante, pra falar a verdade. A pior parte é que se você passa tempo demais encarando uma pessoa, ela vai começar a achar ou que você é louca ou que está a fim dela. Não dá pra ter um meio termo, por isso me obrigo a mudar de foco. Eu provavelmente faço minha melhor cara de paisagem quando Lauren me olha intrigada, provavelmente porque não fiz nenhum movimento para ligar o carro, ela franze a testa com um resquício de sorriso nos lábios, enquanto coloca o cinto de segurança. É muito difícil prever o que ela fará em seguida, mas apenas se inclina para estudar o espaço interior do carro, como se tivesse procurando algo.

Tenho de me esforçar para mascarar a curiosidade que quase me faz perguntar o que há de errado, coloco a chave na ignição, o chaveiro do Charlie Brown balançando de um lado para o outro, e ligo o carro. Leva mais ou menos uns quinze minutos até estarmos na rodovia, dirijo na minha velocidade normal, mantendo-a no limite exigido. Por sorte, ainda era cinco da tarde e chegaríamos em Boston antes de anoitecer completamente, bem a tempo de pegar os dois ingressos com o cambista e curtir o show. Trechos dos vídeos que eu tinha assistido da banda em performances ao vivo piscam em minha mente quando Lauren, finalmente, se aquieta no banco, dedilhando sobre o joelho. Ok, será se ela tem TOC? Eu não a conhecia bem para dizer com certeza que não, mas estou começando a ficar preocupada.

— Então... O que trouxe tanto aí? — ela se estica para baixo e pega uma sacola de dentro da mochila.

— Ah, eu imaginei que podíamos ficar com fome durante a viagem e como não vamos comer nada até o fim do show, trouxe alguns lanches pra gente. — diz, mostrando os itens. — Tem suco de uva, refrigerante, sanduiches com recheios diferentes, já que eu não sabia de qual você gosta. Presunto com queijo, pasta de amendoim, nutella...

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