Capítulo 1

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De longe avistei meu pai, com pouca luz entre si, dava-lhe um ar mais envelhecido. Estava me chamando, seu olhar fixo em mim.

-Descubra.



02 de junho de 2015, 06:00

TRIIIIIIM. O despertador toca.

O desligo rapidamente e me levanto para tomar um banho. Um frio na barriga me consome, parece que comi borboletas!

Hoje será o show de talentos da escola, e ensaiei muito para isso. Para que não fique se perguntando, vou tocar piano, sim, piano. Desde pequena sempre gostei de música clássica, Für Elise sempre foi minha preferida, essa que tocarei.

Termino meu banho e fico me observando no espelho. Ahh olheiras, nesse momento agradeço a maquigem. Prendo meus cabelos castanhos claro em um coque. Deço as escadas e encontro Vera, a mulher que sempre cuidou de mim desde criança, quando minha mãe não estava presente.

- Bom dia Vera! - Digo enquanto pego uma maçã no cesto de frutas.

- Bom dia! Vejo que alguém caiu da cama hoje! Nervosa? - Vera diz enquanto prepara o café.

- Ai, você não imagina o tanto! Tenho medo de esquecer as notas, já pensou se uma coisa dessas acontece?

- Não fique assim minha filha, você vai arrasar! - Diz Vera dando aquela sua piscadela.

- Ih, tenho que ir, senão perco minha carona. Até mais Vera!

- Até mais minha filha! Boa sorte!

Saio de casa e avisto um carro. Bem na hora!

Alex sorri enquanto vou a seu encontro. Alex é meu amigo de infância, como um irmão mais velho. Tem cabelos pretos e grossos, com aquele seu penteado da moda. Seus olhos, castanho claro contrastam com os cabelos.

- Oi Alex, como vai?- Falo enquanto coloco seu violão no banco de trás do carro. Alex e seu violão, inseparáveis.

-Cuidado com o Thomas eim! -Diz Alex sobre o violão. Não consigo segurar a risada.

- Não devemos colocar o cinto no Thomas? - Dou um tapinha em seu braço e ele ri junto.

- E então, pronta para a apresentação? Você vai ter que se esforçar bastante para ganhar de mim. 

Alex dá seu sorriso malandro como quem pede um desafio. Ele não perde por esperar.

- Ah é?  Vamos ver quem passa primeiro, se você perder, paga o almoço.

- Fechado. - Damos um aperto de mão como quem fecha um negócio.

Ao chegar na escola, nos deparamos com um tumulto nada habitual na entrada.

- O que está acontecendo? - Pergunta Alex enquanto sai do carro.

Pego minha bolsa e desço para acompanhá-lo.

- Parece que o show de talentos terá mais platéia do que o esperado.

Alex percebe isso e fica orgulhoso. Isso porque seu irmão é responsável pela organização do show esse ano.

10:00

O show de talentos começou. A primeira a se apresentar foi Jéssica, uma menina que mal conheço. Enquanto não era chamada, fui repassando as notas em minha cabeça, isso se Alex não tivesse vindo em minha direção com seu violão.

- E ai, tudo certo? A próxima é você. 

- Sim. - Meu nome é chamado pelo apresentador do show. - E lá vamos nós!

E lá vamos nós nada. Um fervor começa dentro de mim. É a minha chance. Na verdade nem sei porque fico tão nervosa. É apenas um show da escola, nada de tão grandioso. Vai ver é porque tenho medo de palco. Quando eu tinha 9 anos, fui em um aniversário de minha coleguinha. Subi no palco de karaokê,  mas acabei tropeçando e me machucando feio!

*

Ocorreu tudo bem durante as apresentações. Iriam colocar os resultados no mural daqui à alguns minutos.
Infelizmente nem eu nem Alex passamos, ou seja, nada de almoço grátis. Mesmo assim combinamos de ir na sorveteria que iria inaugurar a tarde. Essa é uma das coisas que mais gosto: Sorvete!

19:00

Quando chego em casa vejo minha mãe com um baú todo empoeirado em seu colo. É estranho, pois minha mãe só vem aos finais de semana para casa. Por isso nunca tive muita convivência com ela.

- Estava te esperando filha. Sua bisavó deixou este baú para você no testamento dela. Ela disse que você saberia o que fazer.
Minha bisavó Maria havia falecido a algumas semanas. Não tinha muito para dar de herança, pois gastou tudo aproveitando a vida. Sempre concordei com ela, aproveitar até o último minuto. E foi o que ela fez. Faleceu enquanto pousava de paraquedas. Que bisavó radical!

- Obrigada. - No fundo ela estava tão curiosa quanto eu. Peguei o bilhete que estava dobrado e preso em cima do baú e li para mim mesma.


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Minha bisnetinha,

Se está lendo isso é porque não estou mais com vocês. Mas não se preocupe, estou em um lugar melhor agora, mas isso não significa que não vou sentir falta dos meus bombeiros (e de vocês é claro). Deixei este baú em suas mãos, para que descubra o que passei a vida inteira tentando. Mas tome cuidado, isso vai além de todas as letras.
                                                                               Com amor, sua vovó

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Olá você denovo! Bem, este primeiro capítulo foi para conhecermos melhor os personagens (claro que terão novos...).
Para vocês verem meu comprometimento, eu to até anotando tudo em um caderninho,hahaha.

Love, ElliotOnde histórias criam vida. Descubra agora