Ricardo - infância
Era mais um dia comum para Ricardo. Ouvira gritos de sua mãe e os seus próprios, e as risadas de seu pai. Sabia que aquela noite renderia diferentes colorações à sua pele. Mas não podia fazer nada, sua mãe dizia que tudo se resolveria, que era apenas a bebida e que ela o amava. Ricardo confiava mais em sua mãe do que em si mesmo, então não dizia nada à ninguém.
Nunca pensou que sua vida mudaria de um dia para o outro.
Após seu pai ter saído à noite, como era-se de costume, Ricardo aproveitou para conversar com a mãe, sobre aquele que lhe deu a vida e ao mesmo tempo a tirou. E Ricardo retribuiria.
- Mamãe, por que a senhora deixa papai fazer aquilo conosco? - Disse Ricardo, com um olhar triste ao se lembrar de tudo o que passava.
- Querido, já te disse que seu pai nos ama. Tudo vai se resolver, e isso não é culpa nossa. - Dizia a mãe enquanto acariciava as mãos do filho. Mal sabia ela que Ricardo não era tão inocente como imaginara.
*
Ricardo gostava muito de ver TV. Estava assistindo uma cena de um filme no qual um carro fica sem freio e acaba caindo e um penhasco, quando decidiu que não aguentaria mais tudo aquilo. Desligou a TV e saiu rápido para sua mãe não o repreender.
Ricardo iria se encontrar com Tyler, um garoto com o dobro de sua idade. Tyler era aqueles caras que vendem coisas que não se encontram em um mercado comum, mas Ricardo queria cobrar-lhe um favor.
Tyler parou de conversar com seu ajudante e se dirigiu à Ricardo.- Ricardo! A quanto tempo, não?
- Vim cobrar o favor Tyler. Você sabe cortar freios?
- Opa opa, espera aí garoto. Você quer cortar freios de um carro? - Ele diz em um tom de deboche.
- Preciso que corte os freios do carro do meu pai amanhã à noite, antes dele sair. - Tyler abriu a boca para falar mais foi interrompido. - E não te devo explicação sobre nada, apenas faça e não lhe pedirei mais nada.
Ricardo foi embora decidido a acabar com aquela agonia que tinha todas as tardes, querendo que não chegasse o anoitecer.
Se sentia culpa por querer matar o próprio pai? Não, ele já havia perdido a capacidade de sentir qualquer coisa. Mal sabia ele que, ao tirar o que lhe angustiava também tiraria aquele que lhe apoiava.
Após aguardar o anoitecer, Ricardo havia esquecido do que tinha feito. Fazia jus ao apelido "cabeça de vento".
Ricardo acabara de entrar no quarto da sua mãe, e se viu ficar de boca aberta. Nunca viu sua mãe tão bela como estava.
-Mãe! Você está linda! Para onde vai tão arrumada? - Diz à sua mãe quando ela o chama para um abraço.
- Gostou? Seu pai me chamou para jantarmos. Ele disse que queria recomeçar tudo. Viu só? Não te disse que ele nos amava? - Sua mãe não contia o sorriso, estava tão feliz que só sorria.
Após sua mãe se despedir, ele foi vê-los dirigindo pela rua até perder de vista. Foi nessa hora que Ricardo se lembrou. Se desesperou e se culpou.
Deu um grito tão alto que temeu que alguém o escutara.
Caiu na cama tremendo, não de frio, mas de remorso, de culpa, e de medo.
Torcia para que seu pai deixasse sua mãe no restaurante enquanto ele comprava bebidas. Suas orações eram as únicas que o apoiaria naquele momento, mas ainda tinha esperanças. Acabou adormecendo após algumas horas.Ricardo acordou com batidas na porta. Nem seu pai nem sua mãe estavam em casa. Abriu e se deparou com um policial. O que temia acabou acontecendo. Ele se manteve imóvel enquanto o policial lhe dava a notícia.
O policial disse que o levaria consigo para ser cuidado, pois uma criança não conseguiria viver sozinha. Mas Ricardo era diferente. Com a desculpa de querer buscar seu boneco de pelúcia, Ricardo pulou a janela e nunca mais viu o policial. Não se permitia chorar. Isso só o deixaria mais abatido.
Acabou achando o que se tornaria sua moradia. Uns túneis subterrâneos cuja entrada nunca contou a ninguém.*
Estava em mais um de seus livros quando ouviu um barulho de algo caindo. Não socializava com ninguém desde aquele dia, 7 anos atrás.
Teve medo daquela menina. Mas não demonstrou. A achou um tanto atraente. Talvez demonstrou um pouco. A menina, que disse chamar- se Lívia, estava tão assustada com Ricardo, que o divertiu. Bem, claro que não demonstrou. Ricardo havia perdido a habilidade de sentir desde que aquele mostro conheceu sua mãe.
Ele vivia naqueles túneis, não via sol há muitos anos e não se reconheceria se visse seu reflexo. Como ele se alimentava e conseguia as coisas de que precisava? Também não contou a ninguém.
Quando conheceu Lívia, sentiu que, talvez seus sentimentos voltassem. Mas logo se puniu. Não iria alimentar aquilo em sua mente.
A menina queria saber como sair de lá. Nem o próprio Ricardo sabia.Lívia
Ricardo me apresentou os 'cômodos'. Não entendia como ele conseguia viver em um lugar daqueles. Após o que se pareceu horas, decidi descansar. Mas não sabia onde.
- Quer se deitar? Venha, pode deitar aqui que depois eu me viro. - Ricardo me ofereceu a cama. Não entendi aquela gentileza, mas estava cansada demais para raciocinar.
Deitei na cama e fiquei sendo consumida por meus pensamentos. Onde estou? E Alex? Será que ele está bem?
Estava quase adormecendo quando senti um toque frio em meus ombros. Não pude fazer nada. Já estava dormindo.
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Olá pessoal! Bem, demorei um pouco para trazer o próximo capítulo pois meu wattpad estava bugando muito. Mas bem, aqui estou!
Espero que tenham gostado deste capítulo, não esqueçam de votar e comentar!
E afinal, o que acontecerá com Lívia?
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Love, Elliot
Misterio / SuspensoLívia, uma menina comum de 16 anos descobre cartas em um baú de sua bisavó, todas assinadas por Elliot. Para onde estas cartas os levarão? Nesse mistério com uma pitada de romance, teremos Lívia e Alex descobrindo cada vez mais sobre esse misterios...