Capítulo 3

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Sempre fui fascinada por mistério. Investigava até o caminho que as formigas faziam para casa. Mas, saber que existe realmente um mistério gigante, e bem no meu quarto me espanta.

-O quê? Você nunca foi de saber plantas de casas Ly. Isso é sério.
Alex sério. Algo tão raro que fico assustada.

- Bem, não é exatamente a minha casa, mas o quintal é igual olha: Aqui é onde ficam os balanços, aqui os arbustos que estão atrás da árvore grande. - Falo enquanto vou mostrando os detalhes no mapa formado.

-Uau!... Mas então o quê é o resto?

Algo me parecia estranho. Um jardim igual o da minha casa, uma mini chave junto com as cartas e o resto que mais parece um labirinto. Há algo que devemos procurar.

-Ly, leia isso!- Pego a carta da mão de Alex em um segundo. Ele leva um susto e quase cai da cama.

Olá novamente querida!

Gostaria de te comunicar que estamos a salvo aqui. Ninguém desconfiará que...        ...no mato verde. Tem uma porta ao chão. Bem estreita. Mas dá para passar, caso volte...

                                     Love, Elliot

*

Após um tempo de procura no jardim, estávamos exaustos! No dia anterior achamos melhor vir procurar à tarde. Alex procura nos arbustos que cercam um lado do quintal. No meio há uma árvore enorme com umas escadas no tronco. Era pra ter uma casa na árvore aí, mas nunca terminamos. Ao lado há dois balanços de madeira com uma mesinha no meio onde estão os nossos sucos. Após tempos de procura, resolvemos descansar.

- Eu que fiz, sabia? - Digo a Alex me referindo ao suco.

- Espero que eu não seja envenenado.

- Também espero. - Damos risada para descontrair.

Enquanto ríamos e conversávamos sobre assuntos aleatórios, acabei derrubando suco perto da árvore na tentativa de pegar minha pulseira que havia caído.

- Essa fechadura estava aí antes? - Alex pergunta ao olhar para a raiz da árvore.

No lugar onde derrubei o suco, acabou retirando umas folhas da árvore e revelando uma fechadura. Parece inacreditável aparecer uma fechadura justamente onde derrubei suco e no momento em que tenho a chave.

No mesmo minuto pego a chave que estava no meu bolso para tentar abrir a fechadura misteriosa. Alex está tão curioso como eu, então ele não diz nada. 

Acho meio estranho antes de abrir, pois não tem como ser uma porta. A fechadura é pequena assim como a chave. Talvez seja um outro baú. Mais deles. Após abrir a fechadura ouvimos um barulho estranho. Como se fosse uma porta...

- Lívia! 

*

Acordo em um lugar escuro. O que aconteceu? Levo um tempo para raciocinar e percebo que caí naquela, porta? Mas a fechadura era pequena! E cadê o Alex?

- Alex! - Grito tentando ver se ele me responde mas a única coisa que ouço é o eco.

Antes de procurarmos a tal fechadura, eu e Alex tiramos uma foto do mapa de cartas, pois estaríamos mortos se Vera visse aquela bagunça!

Manter a calma nunca foi minha especialidade. Minha respiração fica ofegante e começo a me desesperar. Como é que eu vou sair daqui? Após um tempo percebo meus ferimentos provocados pela queda. Não são muito graves, uns arranhões na palma da mão e uma bela unha quebrada, mas isso não significa que não doam. 

Após um tempo lamentando, avisto um ponto de luz na única passagem que existe. Como reflexo, acabo seguindo para ver onde dá. Após alguns minutos caminhando no que parece mais um labirinto do que qualquer coisa, paro bem na frente de uma vela acesa. Como essa vela está acesa? Tem mais alguém aqui? 

- Tem alguém aqui? - Grito, mas novamente ninguém responde. Devo ficar aliviada. Imagina só se alguém aparece aqui do nada!

- Quem. É. Você.? - De repente uma voz masculina acompanhada de uma sombra aparece do lado da passagem que fica atrás da vela.

Era só o que me faltava. Levo um susto e quase caio no chão.

- É... Li... Lívia... - Mas que droga! Como é que eu falo meu nome para um estranho? Quem é esse e como ele entrou aqui? 

- Hum. Bom saber. O que faz aqui? - Ele diz num tom indiferente. Esse cara já está me dando raiva. E medo.

- Pra sua informação eu caí aqui. Não vim porque quis. Nem sei que lugar é este. - Tento endurecer a voz. Não dá muito certo e dou umas falhadas. Não consigo esconder que me apavorei.

- Bem, este lugar é meu 'esconderijo' a muito tempo. -Ele me diz em um tom um pouco mais gentil. O que está acontecendo?  - Sempre quando tenho um tempo livre venho até aqui para relaxar. Nem todos acham um lugar assim, escuro, um bom lugar para relaxar. Mas eu gosto.

Estava tão surpresa que não percebi quando o garoto se aproximou. Seu cabelo parece um loiro mais claro e os olhos bem negros. Estranho, nunca vi alguém assim.

-Ah, eu ainda não me apresentei. Meu nome é Ricardo. - Ele diz estendendo a mão. Ele parece gentil demais pro meu gosto.

Aperto suas mãos. E me permito conversar um pouco, para conseguir as informações para sair daqui.

- Vem, vou te mostrar o lugar que sempre fico. - Ricardo diz andando pelos túneis. 

Túneis. Observo ao redor para tentar descobrir pelo menos o que é o lugar que estamos. É um pouco escuro, e um com um cheiro de umidade. Minha perna doí um pouco quando caminho, mas nada muito grave.
Discretamente pego meu celular para ver a imagem do mapa de cartas. Tento ver se encaixa com o caminho que estamos fazendo, mas não dá tempo.

- Aqui! É onde fico a maior parte do dia.

Uma poltrona cinza bem velhinha fica no meio da sala. Nem sei se posso chamar de sala, pois é bem estreita. Ao lado do sofá há uma mesinha de madeira desgastada pelo tempo com uma vela, parece que já está aí faz tempo! E em cima de tudo, na parede, tem uma estante simples com alguns livros empoeirados. Esse cara é louco.

- Bem, é muito legal, e estranho você relaxar aqui, mas... Como volto pra lá? - Aponto para cima.
-Meu amigo está me esperando, e eu tenho aula amanhã.

Quando termino me assusto com a gargalhada do rapaz. Seus traços ficam mais sombrios no ambiente mal iluminado.
Ele se aproxima e fica apenas alguns centímetros do meu rosto.

- Você acha mesmo que vai conseguir sair daqui?








Love, ElliotOnde histórias criam vida. Descubra agora