Ashley
Os dias estão mais tranquilos ultimamente, o Matt não me ignora mais o que é uma boa mudança. Não posso dizer que tudo voltou ao normal mas ao menos ele não me olha com desprezo.
Alguns dias após ter voltado ao trabalho, depois do meu primeiro baile com o Ryan, o Matt finalmente aceitou que eu lhe pagasse um almoço e ouviu as minhas explicações. Contei sobre o meu trabalho anterior e me desculpei por toda a situação com o Daryl, eu me sinto extremamente culpada pela bagunça que causei, não sei se um dia vou me perdoar por piorar ainda mais a relação dos dois.
O Matt foi compreensivo, apesar de parecer magoado por eu não ter confiado nele. Meu coração fica pesado quando penso que se eu tivesse sido sincera desde o início, não estaríamos nessa situação agora; os dois com o coração partido, tendo que juntar os pedaços e tentar conviver como amigos.
Estamos mantendo uma relação profissional, permeada por algumas conversas constrangedoras. Sinto vontade de saber tudo sobre ele mas me forço a ficar na minha, não é justo, estraguei toda a chance que eu tinha com ele e sei que é melhor deixar as coisas como estão para não destruir o pouco de respeito que o Matt ainda tem por mim. Mas isso não significa que seja fácil deixá-lo ir, todas as células do meu corpo querem implorar para que ele volte comigo, que ele seja só meu.
Embora não seja fácil trabalhar com ele, estou fazendo o meu melhor. O Matt me perguntou apenas uma vez sobre o que estava rolando entre mim e o Ryan, falei a verdade porém ele não pareceu acreditar, mas não tocou no assunto novamente.
O Daryl não quis conversar abertamente comigo, tentei ligar e mandar mensagens mas fui ignorada todas as vezes, então resolvi escrever uma carta a moda antiga e deixá-la em sua casa. Foi a primeira e a última vez que o vi nos últimos meses, não sei se ele chegou a ler a minha carta mas consegui dizer algumas frases antes de ser expulsa. Lembro exatamente da nossa "conversa":
Eu passei a carta por debaixo da porta e já estava saindo quando ele abriu a porta.
- O que faz aqui? Achei que tinha sido claro da última vez. Não quero que você se aproxime de mim. - ele diz com um vazio na voz, é como se ele fosse privado de todos os sentimentos.
- Você não respondeu a nenhuma das minhas tentativas de contato, então resolvi mudar de tática.
- Achei que a minha recusa em te atender tinha sido bem clara. Não quero falar com você.
- Eu sei e não te culpo por isso, mas eu devo uma explicação.
- Não quero ouvir nada, me deixa em paz, Ashley. - sua voz parece cansada.
- Você querendo ou não, vai me ouvir. - digo firme - Eu sinto muito por todo o mal que lhe causei, vou morrer com essa culpa pesando no meu peito, mas a única coisa que posso fazer é me desculpar. Eu estava confusa sobre os meus sentimentos sobre você e o Matt, como não ficaria se vocês se parecem tanto e pareciam gostar de mim? Eu sou apenas uma garota que ficou deslumbrada pela atenção recebida dos dois caras mais lindos que já vi na vida. Não foi certo o que fiz, se pudesse voltar atrás não faria de novo, e eu sinto tanto por magoar você. - coloquei o máximo de verdade nas minhas palavras.
O Daryl me olhou bem nos olhos e suspirou.
- Você é tão boa com mentiras que não consigo saber quando está falando a verdade. - ele respira fundo antes de continuar - De qualquer forma, eu não me importo, você não é como achei que fosse. Não me importa com quem você resolva transar, desde que se mantenha longe de mim e do Matt, ele não merece ser envolvido em toda a sua merda. E não precisa se preocupar com meu coração, ele nunca foi seu para magoar.
Meu coração afundou no peito ao ouvir suas palavras duras mas prossegui mesmo assim.
- Não me importo que você me odeie e não queira mais me ver depois de hoje, mas você não vai ficar aí bancando o superior e fingindo que não sentiu algo por mim, porque eu sei que sentiu. - me aproximo mais dele e continuo baixando um pouco meu tom de voz - Eu também senti algo, não consegui entender o que era mas nunca fui indiferente a você. E é justamente por isso que lhe devo desculpas.
O Daryl fica mudo diante das minhas palavras, e antes que eu possa entender o que está acontecendo, ele me agarra e beija minha boca com fúria. Não há gentileza alguma nesse beijo, só raiva, mágoa, decepção, frustração e algo mais que não sei definir. Deixo ele extravasar seus sentimentos da forma que sabe, retribuo o seu beijo pedindo desculpas com meus lábios nos dele. Quando ele finalmente me larga, vejo dor em seus olhos e quero consolá-lo, apesar de saber que não estaria fazendo nenhum favor em mantê-lo perto de mim.
- Eu precisava desse último beijo. - ele diz com o gelo derretendo de sua voz.
- Acho que eu também. - digo - Por favor, leia a minha carta, não poderia ser mais sincera do que fui ao escrevê-la.
Ele apenas concordou com a cabeça e fechou a porta.
Fui embora e não voltei a vê-lo.
Fiz o que pude para continuar com a minha vida, continuei sendo a "empata foda do Ryan/distração para velhos tarados" em todos os lugares a que fomos, mas não voltamos a protagonizar nenhum momento romântico em público. O Ryan tem feito o possível para me deixar longe das fofocas, e por enquanto tem dado certo, acho que o fotógrafo que foi demitido por tirar uma foto nossa sem autorização, serviu como aviso, ninguém brinca com o Sr. Carter. Nossa relação tem evoluído cada vez mais, me sinto bem com ele, segura e principalmente feliz.
Depois de todo o carrocel emocional que passei, comecei a cuidar mais do meu coração, voltei a ser cautelosa. Não só com meu coração, com meu corpo também. As palavras do Daryl sobre eu me arrepender caso acabasse engravidando dele me assustaram tanto que fui ao médico para verificar se estava tudo ok. Não só por uma possível gravidez - mesmo que eu tenha sido cuidadosa - mas também por querer saber se não acabei contraindo alguma doença. Para minha sorte, continuo saudável e pretendo me manter assim, nada de vacilos.
Como não tinha mais clima para frequentar a mesma academia do Matt, acabei encontrando outro lugar próximo a minha casa e voltei a treinar Krav maga, afinal nunca se sabe quando vai ser preciso, New York é uma cidade perigosa para uma garota sozinha. Como os treinos são apenas duas vezes na semana, acabei indo acompanhar a Lisa em algumas aulas de pole dance, já pratiquei por um tempo quando tinha 20 anos mas estou um pouco enferrujada. Gosto da sensação de liberdade que tenho quando sou apenas eu e a barra, meu corpo se dobrando das mais diferentes formas para fazer os exercícios. Sempre acabo dolorida e feliz, me sinto linda, sexy e poderosa.
Pensar nas minhas aulas, me faz lembrar da reação do Ryan quando contei que "sabia me virar muito bem em um mastro", confesso que não foi a minha melhor colocação em uma frase, mas escapou.
- Estou toda dolorida, os treinos estão me matando. - digo para o Ryan, quando chego em seu apartamento depois de uma aula de pole dance.
- Eu pensei que você lutava desde criança, como pode estar tão quebrada depois de um treino?
- Lutar é fácil, já subir numa barra é consideravelmente mais difícil.
- Barra? - ele pergunta confuso.
- Sim, faço aulas de pole dance, achei que tivesse comentado.
- Não, eu com certeza lembraria se esse fosse o caso. - diz levantando a sobrancelha em zombaria - Não consigo imaginar você subindo em uma barra de metal.
- Pois saiba que eu sei me virar muito bem em um mastro. - fico vermelha quando noto o olhar malicioso do Ryan - Não quis dizer isso.
Ele riu feito criança da minha cara, e eu sendo bem adulta, fui me esconder no banheiro.
No trabalho, a Cassidy continua me provocando mas eu a ignoro sempre que possível. Quando vejo que ela não vai me deixar em paz respondo a altura, o que a faz ficar ainda mais possessa, o que aliás, já me rendeu reclamações por parte do Gabriel. Aparentemente os dois possuem algum lance, e ele não se faz de rogado para defendê-la da sua subordinada mal educada, que obviamente sou eu. Pena que o Ryan já tenha deixado claro para o Sr. Simons que eu não posso ser demitida apenas com base nas palavras da Srta. Sparke. Definitivamente há algumas vantagens em estar saindo com o chefe.
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Is it love? Desire (Finalizada)
Fanfiction* Livro 1 finalizado, mas em breve começo a escrever a continuação. 😉 Ashley Beauchamp é uma jovem de 23 anos com um passado problemático que tenta manter em segredo. Uma noite antes de começar a trabalhar na Carter Corp, ela conhece o irresistível...