*Música: Fall - Ed Sheeran
Ryan
Precisei apenas de alguns segundos para perceber que ela não era como as outras mulheres que eu conheço.
Ninguém entra em um elevador bradando seu ódio pelo sexo oposto sem que seja notada. E para ser sincero, mesmo que ela não tivesse falado nada seria impossível ignorá-la. Não é todo dia que entra uma ruiva linda no meu elevador, e além de linda, com um campo magnético capaz de bagunçar todo o meu radar. Foi assim que a Ashley entrou na minha vida, e mesmo que se passem 80 anos, nunca vou esquecer desse primeiro vislumbre da mulher da minha vida.
Eu confesso que demorei um pouco para perceber que a minha atração por ela não era apenas física, claro que eu queria muito dormir com ela, mas não era só isso, nunca me daria a tanto trabalho se fosse apenas pelo sexo. Menti para mim mesmo por muito tempo, mas toda mentira tem um prazo, e por fim precisei encarar a realidade.
Fui o ombro em que a Ashley podia chorar, a pessoa com quem ela se sentiu segura para desabafar e mostrar o quão delicada e machucada era por dentro, e valorizei cada momento porque sei como eles devem ser difíceis para ela. Tentei ser o melhor amigo quando estava claro que era disso que ela precisava, mesmo sendo difícil deixar minha atração de lado. Mas quando a beijei no baile, soube de imediato que estava perdido. Meu desejo era continuar beijando a Ashley por horas sem fim, e só consegui amaldiçoar todas as pessoas ao redor que tornaram essa fantasia impossível.
Depois disso foi uma tortura continuar perto dela. A cada dia que passava meu desejo só ficava maior e precisei lutar com toda minha força para ser o amigo que ela queria e precisava. Não foi fácil, por Deus, houve dias em que a situação parecia impossível, mas consegui me colocar em uma posição que não era tão insuportável.
Quando estava quase me acostumando com o meu papel, a Ashley passou a dar sinais de que me queria, e isso quase me fez por tudo a perder. Afinal ficar com uma mulher bêbada e que ainda estava sofrendo por outro homem não era nem de longe o cenário ideal. Pode parecer loucura, mas por baixo de tudo eu consegui ver que ela não me queria apenas por ser uma forma qualquer de aliviar a dor, e sim porque sou eu, porque eu importo para ela, e isso fez meu coração despertar.
Senti algo por ela no momento em que tentou usar todas suas armas para dormir comigo. Caralho, na verdade senti todo tipo de coisa, no meu cérebro, coração e mais nitidamente, por dentro da minha calça. Mas resisti, não queria estragar nossa amizade, e não podia arriscar que ela me odiasse pela manhã, nunca poderia viver com o ódio dela.
Mas apesar de dizer para mim mesmo que estava cometendo um erro, precisava saber se meu cérebro não estava me pregando peças. Então joguei com ela, e para minha surpresa a Ashley estava mais do que disposta a entrar na brincadeira. Depois de muita provocação estava claro que nós dois queríamos o mesmo, e quando ela confessou que me queria, eu não tive mais como me impedir.
Fiz o que estava desejando por meses, a tomei nos meus braços e possui cada centímetro dela, a amei com meu corpo antes de poder amá-la de outra forma, e repeti isso por diversas vezes.
Até então ainda não tinha admitido para mim mesmo quais os meus sentimentos reais, mas em uma noite sem nada de especial, fui forçado a encarar a verdade.
Estava dormindo depois de um dia longo e exaustivo. Mal consegui chegar na minha cama sem dormir no caminho. Meu corpo carente pelo toque da Ashley não queria dormir com ela a disposição ao meu lado, mas dessa vez perdi e apaguei assim que encostei minha cabeça no travesseiro.
Por um momento achei que ainda estava sonhando, mas quando ouvi ela chorar soube que era real, minha mente não conseguiria projetar tamanha dor, os sons que a Ashley estava fazendo eram de cortar o coração, e sofri por ela antes mesmo de acordar completamente.
- Ashley... - murmuro ainda meio grogue.
Vejo que ela está tremendo e murmurando algumas palavras enquanto chora.
- Por favor, Deus, faz isso acabar, eu não consigo mais. - diz repetidamente - Eu imploro. - completa chorando antes de repetir tudo de novo.
- O que você precisa que acabe? - questiono na esperança de que ela possa me ouvir.
- A vida, não quero mais continuar com isso, não faz sentido. Eu não sirvo para esse mundo, nunca vou me encaixar, minhas feridas jamais vão sarar. - responde soluçando.
- Você está errada, claro que você se encaixa aqui. - digo pateticamente, mas ela não me ouve.
Um grito de dor escapa dela, e sem saber o que fazer, eu a pego em meus braços e beijo seus lábios na esperança de ao menos interromper o fluxo de palavras dolorosas. E esse gesto causa um efeito em cadeia que eu definitivamente não estava preparado.
A Ashley se cala e para de tremer, seus braços passam por trás do meu pescoço e ela retribui o meu beijo com uma onda de sentimentos que até então eu não havia sentido. Deve ter durado apenas alguns minutos, mas para mim pareceram horas. Quando ela finalmente afastou os lábios dos meus, e me olhou como se eu fosse a única pessoa no mundo, meu coração acelerou tanto que cheguei a perder o fôlego.
- Obrigada. - ela diz com os olhos brilhando.
Foi nesse momento que eu soube. Não havia mais como negar, eu estava perdidamente, e irremediavelmente apaixonado por ela. Cada centímetro do meu corpo sabia dessa verdade, e por um segundo louco eu pensei em expressar isso em voz alta, mas ainda não era o momento, a Ashley não estava pronta. Mesmo me falando eu torci muito para que em algum momento ela chegasse no mesmo lugar que eu, precisava que isso acontecesse, ou estaria muito ferrado.
- Disponha, sou seu sempre que precisar. - respondo apenas.
A Ashley sorri e se aproxima mais de mim. Faço carinho na cabeça dela e em poucos minutos ela ressona baixinho.
- Eu te amo, Ashley. - experimento dizer pela primeira vez - Eu te amo, e só consegui perceber agora. Espero que um dia você possa me amar também, porque eu não quero te perder, agora ainda mais que nunca. Mas se for o seu desejo, te deixarei ir, só por favor, me dê algum sinal antes, preciso preparar o meu coração para desistir de você. - sussurro mesmo sabendo que ela não pode ouvir.
Nunca vou conseguir falar em voz alta essa frase, não é do meu feitio expressar minhas emoções, ainda mais sabendo do quanto nossa relação é incerta, mas eu precisava dizer, nem que fosse apenas uma vez.
Eu amo essa mulher linda e machucada, e vou continuar amando mesmo sabendo que ela não é totalmente minha. Estou disposto a partir meu coração ao deixá-la livre para escolher qual caminho seguir, mas espero que ao longo da jornada eu consiga chegar até ela, e que assim possa realmente ter uma chance com a mocinha da história.
Com meu corpo ainda próximo ao dela, eu vou aos poucos entrando na inconsciência, e em alguns minutos já estou sonhando com uma realidade mais simples.
Nessa realidade, um homem ama uma mulher, e ela sente o mesmo, e ambos não possuem nenhuma reserva em demonstrar isso, simplesmente se amam, como se o amor fosse fácil, e ao acreditar nisso, é exatamente o que ele se torna. Descomplicado e lindo. Nesse sonho, a mulher mais linda desse mundo diz que não pode viver sem mim, e eu respondo que antes apenas existia, mas que ao lado dela me sinto vivo pela primeira vez. E é tão bom falar essas palavras que me sinto leve. Puxo a minha linda ruiva de olhos azuis contra o meu corpo, e beijo sua boca até nada mais existir.
Já não sei quem sou sem a Ashley, e rezo para nunca precisar descobrir.
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Olá, voltei. Tive alguns problemas e não estava com cabeça para escrever, mas agora já tô de volta.😊Não sei se o capítulo prestou, escrevi ele rapidinho só para falar um pouco sobre amor hoje. Foi curtinho porque é apenas um bônus mesmo, mas não se preocupem que vai ter um outro capítulo essa semana. 😉
Enfim, espero que tenham gostado, e um Feliz dia dos namorados. 😘❤️
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Is it love? Desire (Finalizada)
Fanfiction* Livro 1 finalizado, mas em breve começo a escrever a continuação. 😉 Ashley Beauchamp é uma jovem de 23 anos com um passado problemático que tenta manter em segredo. Uma noite antes de começar a trabalhar na Carter Corp, ela conhece o irresistível...