Capítulo Cinco

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"As lágrimas mais amargas derramadas sobre as sepulturas são palavras que não foram ditas e ações não tomadas"

Harriet Beecher Stowe

Adalynd Doddyson

Com o passar do tempo aprendi duas coisas sobre funerais e enterrar as pessoas que amamos e essas duas coisas foram peças importantes para entender um pouco mais sobre as pessoas em seu melhor e pior lado já encontrado, primeiro de tudo foi perceber que as pessoas são inacreditavelmente hipócritas por esperar algo tão deprimente para terem um momento em família lamentando falsamente o fato de "nunca terem tido uma oportunidade melhor".

Fala sério, como o ser humano pode ser tão egoísta?

A segunda coisa vem logo em seguida explicando um pouco mais as lacunas que talvez não tenham sido entendidas com a primeira constatação, os funerais eram o tipo de despedida desnecessária que os vivos insistiam em realizar e isso porque achavam de verdade que resolveria alguma coisa dentro de si mesmos, quando a única coisa nisso era que a pessoa morta nunca saberia do que foi feito ou quantas lágrimas foram derramadas e a dor da perda para quem está vivo seria prolongada e mesmo assim existe uma frase de um filme que nunca fez tanto sentido como naquele momento: A DOR PRECISA SER SENTIDA.

E eu a sentia correr em cada célula do meu corpo e a sensação era definitivamente horrível como se uma parte muito grande de mim tivesse morrido também.

Ouvi meu celular tocando pelo menos doze vezes de manhã porém me recusei a abrir os olhos e enfrentar o mundo lá fora, mas essa porcaria continuou com seu toque irritante e por fim perdendo a paciência que já não era lá essas coisas abri os olhos a contra gosto e me assustei momentaneamente ao perceber que estava em minha cama e havia um braço envolvendo minha cintura e então junto às lembrança da noite anterior veio o alívio ao processar o que estava acontecendo.

Spencer era definitivamente a melhor pessoa que eu havia conhecido no mundo e sendo assim ficou comigo na banheira até a temperatura da água começar a congelar meu corpo e o dele também então ele lentamente me soltou e levantou virando de costas para que eu pudesse me enrolar numa toalha então já no quarto com um roupão entrei novamente no banheiro lhe entregando uma toalha limpa.

De volta ao quarto me troquei com a primeira roupa que encontrei sem me importar com minha aparência provavelmente deplorável - vesti um moletom cinza velho e já meio desbotado que Gabrielly havia me dado a alguns anos e a camisa de trabalho azul clara de Spencer; nas costas estava escrito em letras grandes e pretas "FBI e na frente bem encima do coração em letras um pouco menores "Dr.Reid" e isso me fez sorrir levemente ao puxar a gola levando o tecido ao nariz e então ao virar o corpo quase infartei ali mesmo devido ao susto dando um pulo para trás junto a um grito relativamente alto demais - Spencer estava com a toalha enrolada na cintura deixando seu tórax exposto e o modo como seus cabelos castanhos claros molhados caiam em seu rosto pingando no chão o deixava simplesmente lindo!

- Caramba! Nossa você me assustou! Eu não ouvi você saindo do banheiro Spencer. - Falei desviando meus olhos para o chão sentindo minhas bochechas arderem de vergonha ao me dar conta que não tirava os olhos de seu abdômen definido.

- Eu chamei por você duas vezes antes de sair, mas você não respondeu nenhuma então achei que tivesse saído do quarto. Não queria assustar você e muito menos... Eu tinha razão, minha camisa fica muito melhor em você do que em mim, pode ficar com ela pra você se quiser, eu tenho várias de reserva em casa. - Disse Spencer calmamente porém eu percebi que ele havia corado tanto quanto eu e me senti menos desconfortável.

Eu pretendia responder o comentário sobre a camisa, porém antes que eu pudesse pensar em algo meu celular começou a tocar na cômoda atrás de mim fazendo um barulho alto e irriirritante, porém eu não queria falar com ninguém porque ainda não me sentia pronta - Spencer percebeu isso pois estendeu a mão para o aparelho e me encarou claramente pedindo permissão e eu apenas assenti encarando o relógio e a claridade fazendo-se presente lá fora me deixando assustada ao perceber que havia amanhecido tão rápido.

Criminal Minds - I found LoveOnde histórias criam vida. Descubra agora