Por que você se foi?

Capítulo 6

As semanas seguintes se passaram da melhor forma possível,todos os dias nos reuníamos,Felipe dizia que o squad estava completo enquanto Marina e Clara concordavam.Nos finais de semana fazíamos tudo juntos,realmente estava tudo dando certo,exceto pelo fato de que eu não via Rafael da mesma forma que via Felipe,mas sempre tentava afastar esses pensamentos,embora fosse difícil principalmente pelo fato de ele estar sempre ali na minha frente,ser sua amiga era incrível,podíamos estar juntos sempre e conversar sobre as coisas aleatórias ou importantes,mas eu não estava feliz...Pelo menos não o suficiente.

Talvez não fosse tão tarde,estava dando comida para Kiara quando meu celular tocou,era Clara:

-Alô?Rebeca!

Disse empolgada

-Alô,Clara?

-Então,já que segunda e terça vão ser feriados,eu pensei em você vir passar o feriado na casa de praia comigo

-Hã...Não sei,preciso falar com meus pais...

Interrompeu Clara

-Eu já falei,eles deixaram,só queria a sua confirmação,Marina,Felipe e Rafael vão,mas...-Clara fez uma pequena pausa antes de continuar-É que amanhã,você tem como ir pra casa do Rafael?

Falou rapidamente,como se todas as palavras estivessem juntas

-Eu?Por que?

-Você querendo ou não é a mais próxima dele,tudo bem que ele acabou virando nosso amigo e tudo,mas ele te trata diferente,não sei-Fez-se um longo silêncio,o que ela queria dizer com:"Ele te trata diferente?",pois até então não havia notado nada,devo ter ficado muito imersa em meus pensamentos,pois fui acordada do meu mundinho particular com vários gritos-Clara?Alô?Você ainda está ai?

-Oi

-Então eu pensei que por você ser a mais próxima dele fosse melhor você ir para lá,pois Felipe e Marina vão mais cedo com meu pai,enquanto eu vou com minha madrasta então seria melhor já estarem juntos

-Ah claro-Tentei rapidamente parecer mais animada-por que não né?

-Ótimo,busco vocês amanhã às seis

-Até amanhã então,tchau

-Até,tchau

Naquela noite eu não consegui dormir,a ansiedade havia tomado conta de mim,minhas mãos novamente começaram à soar,meu coração acelerar e então veio a falta de ar...Eu viajaria com meus amigos,viajaria com o garoto que gostava.

O dia amanheceu,eram por volta das quatro da manhã,mas já tinha despertado e começado a arrumar as coisas para a viajem,estava levando pouca coisa:Talvez umas três blusas e dois shorts,junto à um maiô preto que havia ganhado no natal,eu não me sentia bem usando biquini-não que eu não gostasse do meu corpo,apenas não me sentia confortável com ele totalmente exposto ainda mais com várias pessoas ao meu redor-Havia colocado também protetor solar,comida e um livro que ainda não tinha acabado de ler.

Já havia se passado cerca de uma hora,tinha dado comida a Kiara e me despedido dos meus pais que acabavam de acordar,soltei meus cabelos que estavam volumosos naquele dia,coloquei o óculos no topo da cabeça e segui pelas ruas da cidade que pela manhã pareciam mais serenas que de costume:Pessoas bocejavam por todo lado,crianças dormiam na parte traseira do carro,senhoras varriam a porta de suas casas,enquanto olhavam para o céu como se soubessem se iria chover ou não naquele dia.

De certa forma eu estava feliz,ansiosa,mas feliz...Não sentia mais meu coração acelerar (pelo menos nao como de costume) caminhar realmente me acalmava.Então parei em frente ao grande portão da mansão que alí estava,pensei em apenas espera-lo sair de casa e então esperar por Clara em seguida,porém a rua ainda estava tao vazia que pude ouvir o silêncio estrondoso,logo liguei a campainha que fez um barulho alto o suficiente para eu levar um susto.

Esperei algum tempo até ouvir uma voz vinda do interfone,ela era calma e serena:

-Você é a amiga do Rafael?

-Sim,é...Nós vamos para a praia e minha amiga pediu para eu esperar aqui então...

Disse tentando parecer confiante,embora quisesse sair correndo dali,em seguida o grande portão se abriu e então pude ver a casa mais nitidamente que o dia da festa,ela era moderna com vidros claros e finos em todas as janelas,a piscina parecia mais limpa,talvez fosse o fato de que o sol estava nascendo e refletia nas águas.

-Pode entrar

Dizia a mulher que estava parada agora em frente à porta principal da casa,era a mãe de Rafael,seus olhos castanhos acompanhados da sobrancelha arqueada lembravam claramente à Carla e seu sorriso de covinhas junto ao cabelo loiro lembravam o filho.Ela fazia sinal para que eu me aproximasse,parecia o tipo de pessoa que assim como Rafael sorria o tempo inteiro,pois embora aparentasse jovem as marcas de expressão do sorriso estavam nítidas em seu rosto.

-Rafael me disse que você viria-Deu uma pausa entre uma fala e outra-à propósito amei seu cabelo

Dizia enquanto passava suas seus dedos cheio de joias cachos abaixo.

-Obrigada,amei os seus também

Realmente seus cabelos curtos,loiros e com leves cachos nas pontas se assemelhavam muito aos de Rafael.Ao entrar na casa não pude deixar de notar o quão grande a sala era e fiquei imaginando que toda minha casa cabería ali em um único cômodo:

-Rafael já está vindo,acho que está apenas arrumando as coisas,sente-se,vou buscar alguma coisa para bebermos,o que você vai querer?

Sua voz calma e suave ecoava pelas paredes da casa

-Hã...Acho que água mesmo...Por favor

Enquanto Marília se encaminhava para a cozinha,passei à observar as flores delicadas que cresciam nos elegantes jardim visíveis pelos altos vidros da sala,então sinto pequenas mãos me cutucarem,viro assustada e logo noto a presença de uma pequena garota,que aparentava ter pouco mais de 6 anos,com cabelos ruivos alaranjados presos em duas xuxas,possia olhos incrivelmente claros e grandes,que me olhavam enquanto formava-se um largo sorriso acompanhados também de,covinhas.

-Oi,eu sou a Sofia

Jogou seu pequeno urso de pelúcia cor-de-rosa no sofá e em seguida abotoava o pijama

-Eu sou a Rebeca

-Você é a namorada do meu irmão né?Você é bonita

Agradeci e então estava prestes à responder a pergunta quando sua mãe chega:

-Filha,você já acordou?

Sofia a abraçou enquanto Marília me entregava o copo,olhei para cima e lá estava Rafael,ele estava com os óculos no topo da cabeça que levava o cabelo para trás,embora o visse todos os dias,todos eles eram a mesma coisa,meu coração acelerava e as mãos soavam,não gostava daquela sensação revirando a barriga,mas era inevitavel não me sentir assim ao vê-lo.

-Bom dia-Todas respondemos e então Rafael se virando para mim complementou-Vamos?

Dei lhe um leve sorriso enquanto levantava do sofá

-Vamos