Talvez não passassem das três da tarde de uma segunda feira, chovia muito e assim como todos os dias chuvosos tomava uma xícara de café amanhecido, enquanto observava as gotas d'água caírem no chão desesperadamente.O restaurante estava vazio, achei que mais ninguém entraria por aquela porta quando vejo uma simpática garota que aparentava ter pouco menos de 17 anos:-Bom dia, vocês entregam para viajem?
Olhei para suas unhas impecavelmente feitas e seus longos dreads rosas.
-Claro, o que deseja?
-Acho que vou querer apenas o cheesecake e...-Fez uma pausa ao analisar o cardápio acima do balcão-brownies.
Abri a pequena gaveta do caixa e senti meu corpo congelar, li e reli por mais de duas ou até três vezes: "Ordem de despejo: Favor efetuar o pagamento até o prazo abaixo";Não queria acreditar no que lera, senti as lágrimas transbordarem meus olhos e um nó mais apertado que de costume fechar minha garganta, estava prestes a chorar.
-Moça?Tá tudo bem?
Perguntou a garota visivelmente preocupada enquanto ajeitava os óculos que deslizavam pelo nariz.Levantei a cabeça e dei um sorriso cujo qualquer pessoa notaria ser melancólico:
-Só estou passando um pouco mal, nada demais-Dei lhe as moedas que se encontravam ao lado daquele papel que estava tentando agora não ler-Aqui seu troco logo logo sai seu pedido, obrigada.
Tentei me concentrar no barulho das chuvas e cheiro do café como fazia poucos minutos antes, mas aquela calmaria seria improvável para mim, pelo menos naquele momento.
Passei dias pensando em como resolveria aquela situação, como faria para ajudar os meus pais e o mais importante: Por que eles não haviam me contado?; Afinal de contas sempre fomos próximos uns aos outros nunca tinha escondido nada deles, embora nos últimos tempos tivesse me fechado mais, sempre havia uma confiança mesmo que diferente dos anos atras.A verdade é que meus pais nunca foram de se meter em brigas e discussão e mesmo que houvesse tentavam se manter calmos, estavam sempre rindo e pensava que se fosse ter um relacionamento gostaria de ter um como os deles, talvez o fato de quererem sempre me proteger fosse um dos motivos de não me contar.
Fiquei por longos minutos olhando para o teto branco com manchas do meu quarto pensando em tudo que poderia acontecer se perdêssemos o restaurante, a frustração dos meus pais, dos funcionários e a minha. Pensava em como sentiria falta daquele lugar onde cresci e via como uma segunda casa. Fechei os olhos e voltei a tentar dormir, devo ter ficado por cerca de meia hora na mesma posição quando levantei para ir ao banheiro e me deparei com meu pai na sala e as mãos apoiadas na cabeça e visivelmente triste, olhando para a tv que estava sem som.Pensei em falar algo mas não sabia o que dizer, se iria piorar a situação ou não, não queria correr o risco então voltei para o meu quarto e afundei a cabeça no travesseiro enquanto chorava para ninguém escutar.
O dia amanhecera e devo ter dormido menos de duas horas, meu corpo doía de cansaço, o nó da garganta se formava novamente, mas tentei conter o choro que saiu mesmo assim quando estava à caminho do colégio.
A primeira aula começara, logo a segunda, em seguida a terceira e não notara que havia adormecido enquanto estavam acontecendo, não havia visto meus amigos aquele dia-e nem falado direito com eles nos outros, estava lidando com meu emocional e não queria leva-los para meus problemas-talvez pelo fato de ter chegado muito cedo e logo adormecido na carteira do fundo.
-Rebeca?-Despertei ao ouvir uma suave voz me chamar, era Roberta a professora de geografia cujo sempre prestava atenção nas suas aulas, ela mostrara um semblante preocupado ao me chamar.-Está tudo bem?Você adormeceu...
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Por que você se foi?
RomanceRebeca uma garota sensível aos 16 anos passa à ter diversas perguntas à mente sobre o que irá fazer do futuro e sobre as mudanças que acontecem na vida de pessoas ao seu redor. Quando então conhece Rafael e vê sua vida e percepções sobre o mundo mud...