Capítulo 5 - Buracos com a Morte

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A Morte levantou sua foice e apontou para o pescoço do homem a sua frente.

O local todo cheirava a remédios e talco, e o homem não era mais que uma casca de pele com tubos ligados.

A Morte olhou para as paredes brancas, o chão polido e a cama de alto valor, pelo jeito aquele homem não poderia mais lhe pagar. Ela balançou os dois rabos e jogou fora o resto da maçã que estava comendo.

— Então finalmente chegou sua hora, hein? — ela viu o homem abrir os olhos com muita dificuldade. — Malashar.

O homem mal conseguia falar até a Morte se aproximar e passar os dedos em seus lábios secos.

— Morte.... — ela sorriu para o homem — Me dá só mais algumas horas, eu só quero ver meu filho uma última vez... Por favor...

A Morte tirou do bolso de sua jaqueta um cantil de metal, e o abriu com uma mão só.

— Você comprou cada segundo a mais que eu tinha a lhe oferecer — ela deixou o líquido escorrer pela sua boca, transparente a ponto de ser água, forte demais para ser algo tão puro — Ficou a um preço impagável até mesmo um segundo, não? — girou a foice e tirou de perto do homem, sentando na sua cama — Um segundo ficou o quê? Mais de 10 mil dólares? — a Morte abriu um sorriso sádico para o homem — Você não pode pagar isso, pode?

— Eu... — os olhos da Morte eram de um verde jasmim — ... — o homem que não conseguia nem respirar direito, mesmo com aparelhos, não parecia saber o que fazer — Kissani... Por favor, é meu único filho, eu não o vejo há dias, é só mais esse pedido, por favor, eu lhe imploro.

A Morte olhou para o relógio na parede e quando estava começando a cogitar se devia matar o homem naquele segundo, ouviu a porta da sala se abrindo.

Kissani sorriu, a Morte podia esperar, nem que fosse alguns segundos.

— Você teve sorte, Velho Homem, que eu sou A Morte que você fez o contrato.

A Morte saiu da cama e colocou a foice na sua frente, a lâmina preta com adornos carmesins descendo pelo cabo. Ela não seria vista enquanto aquilo estivesse em sua frente.

Kissani sentou na bancada vazia, onde provavelmente eram colocados os remédios e começou a olhar suas mãos enluvadas que deixavam a ponta de seus dedos a mostra.

— Pai — o filho daquele homem apareceu e deu um beijo na testa do velho — Você parece estar melhor, consegue até manter seus olhos abertos.

O homem sorriu para seu filho.

— Não acha?... — ele parou para respirar, e a Morte riscou a foice, com as suas garras — Logo devo estar curado — ele não precisaria de aparelhos naquele momento.

— Ah, pai, você consegue até falar — o filho abraçou ele e o colocou sentado — Trouxemos o Gustavo também, o senhor quer ver ele?

A Morte olhou para a janela, o dia parecia azul e claro, bem bonito, com pássaros cantando e o vento batendo na cortina branca, ela podia aproveitar um pouco.

— Claro, filho, fale para ele entrar.

Talvez ela pudesse ir ver a mãe depois.

— Vovô! — Se ouviu barulho de algo se jogando. — Você aprendeu de novo a falar, vovô?

Ah, mas ela sempre acabava brigando com a mãe, e ela estava com visitas.

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