Capítulo 7 - Falsa Marigold

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Kalaziel ouviu passos vazios no quarto de hotel.

O fundo da sua alma queria acreditar que não era nada mais do que barulhos de vizinhos fazendo coisas que humanos faziam, mas ela sabia que não era, não havia vizinhos ali e a Erdia se movimentava rápido, mesmo que silenciosamente.

Deuses, como aquela garota era insistente!

Apesar que a Anjo não podia dizer muito, estava fingindo dormir, pela segunda vez em dois dias, reorganizando pensamentos enquanto fazia o que os humanos chamavam de descansar.

Ela não sabia mais por que não deixou um Anjo perfeito, como Rafael, descer no lugar dela, ao menos não precisaria ficar atrás dessa garota que tentava fugir a todo custo achando que ela era somente um ser louco, ou algo do gênero.

E ela não tinha feito nada além de ficar sentada, isso a irritava.

— Para onde vai? — Erdia parou de andar, e até mesmo de respirar por alguns segundos quando ouviu a voz rouca que saía da Anjo, que estava de olhos fechados — Pensei que íriamos para sua Faculdade somente as 10:00 da manhã.

— Estou... me adiantando? — Erdia apertou a blusa com mais força.

A Anjo suspirou e abriu os olhos.

A garota olhou atentamente para os olhos caramelados e a expressão rígida. Aquele rosto não mudara, já era de manhã e parecia não ter passado um segundo desde que vira o rosto da outra no dia anterior, com a mesma expressão e as mesmas folhas outonais caindo lentamente dentro de seus olhos.

Kalaziel se levantou e estendeu a mão para a garota, que sem entender, virou a cabeça com um rosto em dúvida.

— Soube que humanos possuem aparelhos para se comunicarem, algo como ce... — travou na linguagem nova.

— Celular. — Erdia completou. — O meu está quebrado, a um tempo na verdade.

— Acredito, então, que isso facilite as coisas. — A Anjo fechou a mão enquanto se dirigia para a estante acima do sofá. — Notei que você, ou me teme, ou acha que estou mentindo. Independente do que seja — Kalaziel fechou a mão em algo e a puxou, duas pequenas caixas azuis escuras com detalhes em azul claro, Erdia conhecia aquilo de algum lugar — você quer fugir de mim, e por mais que eu queira deixar você ser livre, não posso — os olhos caramelados focaram em Erdia, que por um segundo viu eles cheios de uma preocupação... diferente — sei o que lhe reserva, mesmo que não acredite em mim, e sei também que irá me desobedecer — ela ajeitou as asas, e Erdia afrouxou a mão — Me deixe ir com você, ou ao menos, leve isso.

A garota pegou uma das caixas quando a Anjo estendeu as duas, e a abriu com o maior cuidado do mundo, deixando cair, sem notar, a blusa de sua mão.

Era o último modelo de celular, usado por grandes empresários que faziam dezenas de coisas ao mesmo tempo, como pesquisas na internet e ligações, além de anotações.

E também era para estudantes que precisavam fazer as mesmas coisas, mas com conteúdo diferente.

Pequeno, prendia na orelha como um brinco grande, aquele em específico dava a volta por toda a orelha, adornado de azul com branco e azul claro, com um botão onde ficaria o fechamento do brinco, e era onde ativava o visor para o celular.

Tudo era controlado pelo olhar, se você era mais experimente, mentalmente.

A Realidade dentro da Tecnologia.

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