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   Sentados no segundo andar de uma lanchonete, quatro amigos começavam a discutir os acontecimentos. Eles ponderavam varias hipóteses, entre elas, um apocalipse zumbi. Vitor era o mais alto entre os garotos, o mais inocente também. Ele tentava manter a calma e ao mesmo tempo entender o que estava acontecendo. Tudo isso era muita loucura, mas ele sabia que precisava viver. Ver aquele pobre menino morrer mexeu com ele, era a primeira vez que vira a morte de alguém na sua frente.
    Já era noite mas a confusão não havia acabado, lá embaixo, onde todos os alunos insistiram em ficar, ainda estava uma grande bagunça, ninguém parecía estar preocupado em se esconder, pareciam ovelhas no meio do campo e cercadas por lobos. Mas aquela bagunça não duraria muito, pois haviam professores na escola. Enquanto discutiam a situação, Diogo ouviu a voz de um professor vindo do pátio.

    - O Michael está lá embaixo, devemos descer? Peguntou.

    - Ninguém pode saber que estamos aqui, se souberem, teremos que dividir os mantimentos. Vitor disse como se estivessem no meio de uma floresta.

    - Mas e se eles conseguirem sair daqui? Vitória ponderou.

    - Nós conseguiríamos ouvir, e eu acho muito difícil se eles conseguirem sair, só há dois carros na escola e eles não suportam todos os alunos. Um tempo passou e Vitor continuou. - Se a ajuda chegar nós iremos descer e sair com eles.

    O professor Michael dizia lá de baixo:

    - Vão para as salas de aulas, fechem as portas e esperem, pela manhã nós iremos nos reunir aqui e discutir o ocorrido, cuidado crianças.

    Era muito fácil ouvir lá de cima, então eles sabiam o que aconteceria pela manhã.

    - Antes do dia amanhecer vamos descer e nos esconder lá em baixo,
iremos ouvir o que todos têm a dizer e confirmar nossa idéia de que isso é realmente um ataque zumbi. Disse Vitória colocando sua bolsa ao lado da parede e deitando sobre seu moletom.

     Todos concordaram.

    - Alguém tem radio no celular? Perguntou Vitor.

    - Eu tenho, quer ouvir? Mateus falou tirando o celular do bolso e entregando a Vitor.

    - Tem um fone? Indagou Vitor.

    - Eu tenho. Diogo disse entregando o mesmo para o garoto

    Neste momento ele ligou na rádio regional, mas infelizmente ela estava fora do ar, ele mudou para outra que também era da cidade, também fora do ar. Continuou trocando as estações até chegar em uma que estava no ar, um homem implorava para que o tirassem daquele lugar, dizia que estava preso na estação de rádio e que precisava de ajuda. Isso fez com  que Vitor ficasse pálido, o que estava acontecendo em sua cidade parecia estar ocorrendo em outras partes do país. Tirou os fones do ouvido e os entregou para Diogo, devolveu também o celular de Mateus.

    - Não deixem os celulares descarregarem, não sabemos até quando teremos energia ou quando ela irá acabar. Vitória disse, agora ela parecia menos preocupada do que antes.

    Vitor colocou sua bolsa ao lado da de Mateus e Diogo ao lado da de Vitória. A caixa d'água era grande e ocupava quase todo o local, todos tinham que ficar apertado para poderem caber ali. Isso pareceu não incomodar a ninguém, pois ninguém reclamou sobre estarem apertados. Ao deitar sobre sua mochila, Vitor sentiu algo gelado, e lembrou da comida que havia pego mais cedo.

    - Alguém quer comer?

    - O quê você tem aí? Indagou Mateus sentando-se novamente.

    Vitor abriu a mochila e pegou uma marmita com o suficiente para todos ali, algumas bananas e quatro colheres.

    - Vamos comer comida de verdade, temos que nos manter fortes o máximo que conseguirmos. Disse Vitor enquanto abría a vasilha.

    Aquele foi o jantar. Enquanto comiam, todos pareciam estar em outro lugar, o silêncio tomou conta do lugar até se tornar desconfortável, mesmo assim, ninguém disse nada.

    Ao fim do jantar, Vitor pediu que Mateus colocasse o celular para despertar 5:30AM, pois eles precisavam descer antes para que ninguém os veja. Mateus não questionou o horário, apenas o fez.

A Revolta Das OvelhasOnde histórias criam vida. Descubra agora