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- Hoje eu vi que o Gilcélio anda com as chaves da camionete presa na calça, mas ele não deve dormir com ela ali.

- E? Diogo perguntou como se tudo que Vitor estivesse dizendo não fazia sentido nenhum.

- E que nós não vamos ter comida e nem água para sempre aqui, nós não sabemos nem se alguém vai vir buscar a gente. Se a gente conseguir pegar a chave nós podemos ir para um lugar que tenha tudo o que precisamos.

- Como por exemplo? Vitória o questionou

- O shopping, ele fica aqui perto e tem tudo que uma pessoa precisa para sobreviver. Mateus a respondeu.

- Boa idéia. Vitor o parabenizou.

- Mas o shopping deve estar cheio dessas coisas, não podemos chegar nem perto. Disse Diogo.

- Por isso precisamos de um plano. Continuou Vitor. - Mas pensamos nisso amanhã pela manhã, estou cansado e com fome.

Vitória tirou um pacote de salgadinhos da bolsa e aquele foi o jantar de cinco pessoas.
Na hora de dormir foi um pouco complicado pois os corpos de todos estavam colados uns aos outros e fazia um tremendo calor ali. Aparentemente Vitor não conseguia dormir, ficou se mexendo por muito tempo, e isso fez com que Mateus também não conseguisse dormir. No meio da noite, Vitor levantou-se com cuidado, abriu a porta e ficou sentado olhando as estrelas, se ele estivesse fumando seria uma típica cena de filme. Mateus também se levantou e foi se sentar ao lado dele, os dois se olharam e riram, mas nenhuma palavra foi dita. Ficaram ali sentindo a brisa da madrugada e depois de alguns minutos Vitor disse:

- Você lembrou de ligar o despertador?

- Aham. Falou enquanto balançava a cabeça.

- Hum, por que não está dormindo?

- Porque você não deixou. Ele riu

- Desculpe, não era a minha intenção, está muito quente e eu estou preocupado.

- Eu acho que todos aqui estão, afinal, não é normal uma coisa dessas acontecer.

- É... Você tem razão. Disse Vitor limpando o rosto e se levantando.

Mateus também levantou, e os dois ficaram se encarando por uns segundos, até que Vitor olhou para os amigos e voltou a se deitar.
Cinco e meia da manhã o despertador tocou novamente, desta vez todos levantaram no horário certo, menos Guilherme, que mesmo sendo chutado por Diogo ainda continuava deitado, mas logo se levantou quando Diogo o chutou mais forte.
O dia seria longo, mais um dia trancados na escola, mas nesse dia eles tentariam achar uma saída dessa gaiola. Quando se lembrou disso, Vitor abriu sua bolsa e pegou um caderno e uma caneta, ele iria anotar tudo e ter certeza que o plano que eles elaborassem não falharia. Como no dia anterior eles foram até o banheiro e esperaram as pessoas aparecerem para que eles pudessem sair.
Quando chegaram no pátio, foram para um canto isolado e tentaram ao máximo disfarçar o que estavam fazendo. Algumas pessoas olhavam para eles mas não se importavam, enquanto eles planejavam a própria salvação, afinal, eles precisavam correr dos lobos.

- Como o shopping está cheio dessas coisas, nós precisamos nos livrar delas, mas não temos uma arma igual nos filmes, não podemos dizimar um shopping todo sem armas, mas, lá dentro há uma loja de equipamentos de esporte, e há uma arma pendurada na parede e ela está a venda, provavelmente tem munição também. Vitor expunha seus pensamentos de maneira entusiasmada.

- Mas vai ser muito difícil entrar lá, pegar a arma, colocar munição, para depois de ter feito tudo isso começar a desocupar o shopping. Guilherme articulou.

- Um de nós pode chamar a atenção deles do lado de fora, para que eles saiam e deixem o lugar limpo, enquanto o resto vai até essa loja e pega a arma.

- Muito bem pensado, Mateus, mas as portas tem sensores, eu acho que elas podem abrir com essas coisas.

- Boa observação, Vitória, mas e se a gente quebrar esses sensores quando a gente entrar?

- Pode funcionar, mas a pessoa que for chamar a atenção precisa ser muito rápida, pois quando a gente entrar a gente precisa quebrar para que não haja riscos.

- Tudo bem gente, agora precisamos decidir como vamos chamar a atenção desses zumbis. Foi a primeira vez que Vitor usou a palavra zumbi, ele estava evitando ao máximo ter que chegar a esse ponto, mas pelo que parece, essas coisas realmente eram zumbis.

- O veículo que ela vai usar não pode ser a camionete, ela pode servir como barreira em uma das portas e isso vai nos deixar mais protegidos. Vitória dizia enquanto Vitor anotava.

- A gente pode usar uma bicicleta, mas acho que ela pode ser muito lenta. Diogo comentou

- Nesse momento eu estou olhando para a solução desse problema. Vitor sorriu enquanto olhava para Gabriel, um amigo não muito próximo, mas Vitor sempre podia contar com ele.

Vitor se levantou e foi até Gabriel, que estava sentado conversando com Daiane, a garota do dia anterior.

- Posso me sentar com vocês?

- Fica a vontade. Gabriel disse apontando para um banco a sua frente.

- Eu tenho algumas perguntas para você Gabriel.

- Pode dizer.

- Você estava dentro da escola quando tudo aconteceu?

- Hum... Eu estava saindo do estacionamento, por quê?

- Só para saber. E a sua bicicleta, onde você deixou?

- Eu joguei ela no chão, ela está perto do portão, eu acho. Por que você quer saber de bicicleta em um momento desses? Gabriel parecía intrigado.

- Só para saber, caso tudo isso acabe, você pode me dar uma carona para casa. Vitor disse rindo.

Ele se levantou e voltou para o canto que estava com seus amigos, ao chegar lá, ele disse que o que Gabriel havia dito a ele.

- Então antes da gente ir, alguém precisa ir pegar a bicicleta e colocar na parte de trás da camionete. Vitória concluiu.

Para eles, o plano estava bem estruturado, eles estavam dando uns retoques em algumas coisas, mas se seguissem a risca o que haviam planejado, talvez eles conseguissem sobreviver.
Quando já estava finalizando o plano, Vinicius chegou, ele estava curioso e queria saber o que eles ficaram a manhã toda fazendo.

- O quê está escrevendo aí?

- Nada especial. Vitor disse fechando o caderno.

- Se não é especial, então deixa eu ver. Ele se aproximou tentando pegar o caderno.

- Tira a mão, por favor! Mateus disse com um tom de raiva em sua voz enquanto empurrava Vinicius.

- Tá bravinho? Vai me bater?

- Ele não vai te bater, Mateus, calma. Vitor disse puxando Mateus.

- Vão se foder. Vinicius disse mostrando o dedo do meio e virando-se de costas.

Neste momento Vitor pegou as páginas em que o plano fora escrito, as arrancou e deu para Mateus. Com o caderno em sua mão direita ele arremessou e o caderno acertou a cabeça de Vinicius, todos que estavam no pátio riram, mas não Vinicius, que com raiva partiu para cima de Vitor, mas não chegou a bater no mesmo, pois Allana e Maria, suas amigas, o contiveram.
Allana e Maria eram amigas de Vitor também, então enquanto arrastavam Vinicius para longe, elas riam. Vitor correu até o caderno e o pegou novamente, voltou aos amigos e continuaram a discussão, que as vezes era interrompida por risos de algum dos cinco.
Quando anoiteceu o combinado se repetiu, eles esperavam todos irem e depois subiam. Já lá em cima, pensavam em um jeito de pegar as chaves, pois esta parte do plano não tinha chegado a uma resposta. O tempo passava e nada de respostas, eles decidiram pensar sobre isso na próxima manhã. Então eles jantaram, conversaram um pouco e foram dormir.
No meio da noite Mateus acordou ofegante, sentou-se e começou chamar Vitor, quando o mesmo acordou, ele disse:

- Eu sei como a gente vai conseguir aquela chave.

A Revolta Das OvelhasOnde histórias criam vida. Descubra agora