O Dia da mudança :
Como qualquer dia de mudança eu fui obrigada a acordar cedo para arrumar todas as caixas dentro do caminhão de mudança. Minha irmã está acertando o acordo com os homens que vão me ajudar da mudança em São Diego levando as coisas e colocando tudo dentro do Dormitório da Faculdade. Enquanto isso eu fico sentada na escada da varanda com a minha mãe ao meu lado. Ela observa o horizonte e com leves suspiros ela se recusa a me olhar. Seu rosto parece triste mas ao mesmo tempo parece orgulhoso. Eu coloco meu braço sob o seus ombros e ela dá um suspiro dramático.
- Você esta bem ? - Observo seus olhos.
- Sim estou - Ela finalmente me olha - Eu jamais pensei que a minha filha mais nova sairia de casa antes da mais velha.
- Eu Pedi pra Jackie esperar um pouco, não quero que ela abra as assas logo depois que eu abri as minhas. Isso ia deixar o ninho desorientado.
- Eu já estou desorientada.
Abraço ela enquanto sinto suas lágrimas escorregarem pelo meu pescoço, minha irmã volta ao nosso encontra e nos observa enquanto mantém uma certa distância. Não posso imaginar como deve ser ver um filho ir embora, mas consigo imaginar a saudade que ela vai sentir. É a mesma saudade que eu vou sentir, de ver a minha mãe todos os dias e de conversar com a minha irmã todos os dias. É aquela velha fase que todo mundo que passa dos 20 conhece. A responsabilidade chega e de primeira não consegui organizar nada. Acaba deixando pessoas de lado e as vezes até você mesmo. Mas quando tudo acerta...e pode ter certeza de que uma hora ou outra ira se organizar, parece que tudo fica mais fácil. É basicamente uma das minhas listas invisíveis que todo mundo carrega com sigo mesmo mas não admite.
- Mãe ela precisa ir, se quiser chegar antes do caminhão na Faculdade - Jackie se aproxima.
- É verdade - Ela se afasta limpando as lágrimas, olho para Jackie e ela está da mesma forma. Nos alevantamos e eu pego as mãos das duas enquanto caminho até o Táxi que me levara até o Aeroporto. A minha mochila e a minha bolsa já estão dentro do Táxi, Jackie já havia colocado elas no porta malas.
- Eu - Olho para elas - Eu....vou sentir saudades.
Eu realmente não sei o que falar nessa situação, parece que não tem uma palavra que possa descrever o eu estou sentindo. É como se eu estivesse perdendo um laço mas ao mesmo só estivesse afastando ele. Eu realmente não sei explicar é uma situação delicada. Muito Delicada. Minha irmã me abraça o mais forte que posso e minha mãe observa o caminhão ir embora. Eu realmente não sei como agradecer a essa mulher tudo que fez por mim e pela Jackie durante todos esses anos. Parece que eu jamais serei capaz de agradecer ou retribuir.
- Fica bem Amber - Minha irmã se afasta segurando minhas mãos. Minha mãe se aproxima e me abraça super forte.
- Promete que vai nos manter informadas ?
- Sim eu prometo - Falo quase como um sussurro enquanto enterrava o rosto em seu pescoço e sentia as lágrimas saírem dos meus olhos ao encontro do tecido fino da sua blusa. Quando me afasta eu entro no táxi, observo o rosto das duas se afasta quando fecho a porta e o táxi começa a andar. Aquela imagem delas começa a se afastar e uma chuva fina começa, deixando um pequeno eco em meus ouvidos. Esse som me conforta por que era nesses dias que eu ficava no meu quarto com Jackie explorando fotos antigas da família. Isso me conforta mas ao mesmo tempo faz o peito doer.
Eu olho pelo vidro todas as ruas que cresci, todas as casas que passei várias e várias vezes sem nem mesmo dar atenção para uma delas, os vizinhos recolhendo suas roupas da chuva e as crianças brincando nas poças de água. Pego o meu telefone e o meu fone colocando qualquer música aleatória enquanto observo o borrão das casas passarem rapidamente por mim. E pensar que não existe mas tempo para olhar para trás e lamentar. Minha única opção é olhar para a frente esperando que tudo seja perfeito ou satisfatório.
Quando estava me despedindo do meu antigo quarto os flashbacks eram impossíveis de controlar. Eu comecei a rir sozinha lembrando das bobagens que eu fiz dentro daquele quarto com a minha irmã e com os amigos. Eu não me sinto tão atrasada agora, parece que finalmente não estou atrás de todos nessa corrida invisível que todos nós corremos. Eu estou seguindo uma trilha que eu escolhi e espero ter feito a decisão certa.
Parece que todos decidiram sair de carro hoje, as ruas estão lotadas e as calçadas vazias completamente, eu olho qual a hora do meu relógio de pulso.
Melhor adiantada do que atrasada - Penso, logo que percebo que estou bem adiantada, não preciso me preocupar com os carros ou com a chuva.
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AMBER
FanfictionAmber Josephine Liu acaba de iniciar sua tão sonhada faculdade de Arquitetura, um presente maravilhoso que ganhou de sua mãe quando completou 20 anos e decidiu se mudar de Los Angeles Califórnia, para São Diego. Estava tudo planejado, antes mesmo de...