Nos dias seguintes as duas se encontraram com pouca frequência. Aline explicara que os guardas às vezes a seguiam para conferir os serviços executados por ela. Poderia ser apenas paranoia, mas sentia um certo clima de desconfiança e perseguição.
Durante os encontros elas ajustavam os detalhes da fuga, nada mais discutiam, o tempo se tornara escasso e uma enorme ansiedade pela liberdade tomou conta das jovens.
Ambas deitavam no chão e cochichavam. Aline, vez ou outra, se levantava e somente após conferir se ninguém aparecia de súbito, retornava à discussão do plano.
Depois de duas semanas, resolveram revisar o que haviam até então elaborado:
— Como eu disse antes, vou atrair a atenção do guarda. Ao abrir a porta, eu conseguirei escapar. Ele não dará o alarme, pois eu o deixarei inconsciente. A única hora possível para a fuga é durante o dia, quando me trazem a refeição — recapitulava Lana.
— Ainda não entendi como fará o guarda abrir a porta.
— Deixe isso comigo. Eu já tenho a faca e isso será o suficiente.
— E depois o que fará mesmo? — perguntou Aline.
— Vou levar o sabre dele e o trancarei na cela.
— Punhal. Sentinelas não usam sabres — interrompeu Aline, corrigindo um detalhe que julgou importante.
— Que seja, na sequência eu devo seguir o corredor pela esquerda e conferir se a sentinela está efetuando a ronda. Devo aguardar ele dar a volta por trás do corredor. Isso me dará tempo para correr em direção à paliçada.
— Isso.
— Trouxe o pano? — perguntou Lana.
— Trouxe! Para que isso vai servir? — questionou Aline passando o tecido pelo vão.
— Para cobrir o meu cabelo. Após pular pela paliçada, poderei me misturar com as demais presas sem chamar muito atenção.
— Enquanto isso, eu estarei roubando um mapa, como você me pediu. Só não entendo por que preciso me arriscar mais ainda — disse Aline.
— Não quero correr o risco de fugirmos na direção errada. Precisamos saber exatamente para onde iremos, — explicou Lana.
— Sim, eu consigo.
— Terei que escalar a paliçada e contar com a sorte de não ser vista pulando para dentro da área dos alojamentos. E para evitar que eles deem falta do mapa, você deve fazer isso no mesmo dia da minha fuga.
— Pode deixar comigo. Lana, nós vamos seguir por trás dos alojamentos em direção ao fosso, teremos que pular uma parede de madeira, e eu ainda não sei se consigo fazer isso.
— Escute, se eu consigo, você também vai conseguir. A essa altura os guardas já irão nos avistar, você não poderá recuar. Se nos pegarem, será o fim!
— E como vou descer de lá de cima? Já viu a altura?
— Do outro lado existe um fosso, é basicamente mato e ele vai absorver o impacto da nossa queda. Somente tome cuidado para não quebrar uma perna.
— Deve ter outro jeito, Lana. Escute, eu sei que não está fácil para você, mas eu estou com muito medo! E seu eu não conseguir?
— Tem outro jeito sim — disse Lana esfregando os dedos nos olhos. Nos dias de menor movimento, quando as tropas estão buscando mais prisioneiros, quantos guardas nós temos nesta parte do campo?
— Acho que uns cinquenta homens.
— Cinquenta é muito. Se fossem menos, talvez uns vinte, eu pudesse lutar com eles.
— Lutar com eles? Está louca? Sem chance, por mais que você saiba se defender, é muito perigoso. Está bem, faremos do seu jeito. Eu irei pular a paliçada.
— Pense bem, deve ser algo em torno de uns quatro metros de altura — alertou Lana.
— Estamos juntas nesta. Se tiver que ser deste jeito, será. Vou confiar no seu plano.
— Ótimo, porque nós vamos fugir amanhã — disse a ruiva esboçando um sorriso.
Aline sentiu um frio percorrer seu corpo. Percebeu que estava indo para um caminho sem volta. Será que ela conhecia Lana o suficiente para confiar sua vida nela?
No trajeto de volta para sua cela, Aline dizia baixinho consigo mesma:
— Ela sabe do queestá falando, ela se garante! Não é à toa que a colocaram na solitária. Mas ese por acaso ela for uma maluca qualquer? Será que ainda dá tempo de desistir? —E assim a jovem passou a noite toda se questionado.
***Momentos de tensão! Conseguirão as duas escaparem?
***
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Lana - Uma Aventura de Fantasia Medieval
FantasiaÉ guerra! Estamos em guerra no Continente. As tropas do Leste atravessaram o grande Deserto Central e já devastaram o reino de Ária e, neste exato momento, derrotaram as principais tropas fiéis ao rei de Bravia. Resta à população fugir dos terríveis...