9 Maldita Amnésia

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Acordei com o sol na minha cara, pelado, jogado ao lado da piscina. Me sentei esfregando os olhos e procurando por ela. E á vi dormindo encolhida, enrolada numa toalha em cima da mesa de sinuca. Em volta só havia garrafas espalhadas pelo rancho, e nossas roupas jogadas pelo chão.

Mas que merda. Parecia uma das festas antigas, nem lembrava direito o que tinha acontecido.

Me levantei, procurando minha cueca, a vesti e caminhei dolorido até a mesa. Ela fez o canto da mesa de travesseiro e dormiu, abraçada á toalha.

— Elise. — Chamei baixinho sem conseguir não rir da cena. — Elise acorda.

Ela abriu os olhos, sonolenta.

— Você dormiu na mesa de sinuca. – eu ri.

Ela sorriu — Fiquei com medo de uma barata passar em mim, eu te chamei pra dormir na mesa, mas você não quis. – ela falava ainda sem conseguir abrir os olhos direito.

Eu ri. Caramba. Não me lembrava de porra nenhuma.

— Você vai me odiar se eu te disser que não lembro do que a gente fez? — fiz cara de coitado pra ela.

— Ah fala sério, Léo... – ela se sentou na mesa — Ia te perguntar se tinha sido tão vadia quanto você se lembrava das outras.

Dei um beijinho nela, rindo — Não sei o que quer dizer com isso, mas te garanto que meu corpo pode te responder que sim. – fiz cara de dor, porque realmente tava quebrado.

Ela riu se empoleirando no meu pescoço. — Bora para o quarto?

— Como quiser senhorita. – dei a mão para ajudar ela a descer da mesa, e a segurei pela cintura para entrar em casa.

A Fá já preparava o café da manhã, mas passamos reto, e eu fiz um gesto pra ela nem perguntar. Fomos para o chuveiro, depois o cansaço realmente bateu, e caí na cama quase dormindo. Ela se deitou comigo, e se aninhou no meu peito.

Que noite maluca. Me lembrava de pouca coisa, mas aquilo realmente parecia coisa da minha vida antiga. A única coisa que eu esperava, era que ela não quisesse aquilo sempre, e que uma noite daquelas fosse suficiente pra ela melhorar, de alguma forma que eu não entendia, mas que podia fazer com que ela pensasse em todo o resto.

Acordei algumas horas depois, e ela dormia tranquila na cama, ainda enrolada na toalha. Coloquei uma bermuda e desci, morrendo de fome, a última coisa que meu estômago tinha visto foi o lanche do BK.

Me sentei na bancada, sentindo todo o peso da maldita ressaca, coisa que eu não tinha há muito tempo.

— O que foi que aconteceu ontem, Léo? O que deu na Elise?

Ergui a cabeça para encarar a Fá, com uma cara nada amigável pra mim.

— Ótima pergunta Fá. Se eu me lembrasse, te responderia com todo o prazer. – eu ri, cerrando os olhos por causa da dor de cabeça.

Ela deu a volta na bancada e segurou meu rosto. — Léo, vocês fizeram tanto barulho que os vizinhos chamaram a policia. Eu tive que ir desligar o som do rancho ás três da manhã.

Caramba! Mas que merda...

Segurei as mãos dela — Poxa, desculpa Fá. Foi mal mesmo.

— Foi mal? Foi péssimo Léo, a tia dela saiu daqui chorando. E ao invés de você colocar juízo na cabeça da sua esposa, você fez uma de suas festinhas com ela. – ela esbravejou me encarando.

— Fá, você pode brigar comigo a vontade, mas faz alguma coisa pra eu comer.

Ela fechou a cara pra mim e voltou para a cozinha, me deu um copo de café bem forte, e ficou resmungando sozinha enquanto fazia meu pão.

Além das Pistas (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora