3 Voltando ás corridas

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Algumas horas depois caímos na estrada, e o melhor de tudo, agora não precisava fazer a viagem de uma vez. Deixava ela se divertir na segunda metade até Pomerode. A Mercedes ainda não era seu carro favorito, mas o motor dela era.

A agitação começou logo no posto de parada no meio do caminho, onde encontramos o resto da equipe.

Fabio, Regi e Blade dividiam o Argo da equipe e ficaram bem satisfeitos em nos ver.

— Olha só, os desbravadores da America! – Fabio gritava para nós.

— Oi gente. – ela os cumprimentou — Fá, você tem que ir! É tipo... Surreal!

— Fala sério, e ainda fiquei sabendo que trocaram posições.

— Ah, isso eles fazem toda hora Blade! – Fabio caiu na gargalhada.

Revirei os olhos — Eu vou ignorar essa piada porque não quero me estressar. – falei sério – E porque é verdade também. – eu ri.

Foi o suficiente para todos rirem ainda mais.

Ela terminou de prender o cabelo sem rir, e esperou a tontice de todo mundo passar.

— Pra você ver o poder das minhas trocas de posições! Consegui até pilotar no Dakar. – Ela riu, me deu um beijinho e se afastou, entrando no posto deixando os caras com cara de tacho.

— Essa é minha mulher! – ri feito tonto. — Na próxima, calem a boca de uma vez.

— Você criou um monstro cara! – Fabio me encarou, com os olhos arregalados, aposto que não esperava uma resposta daquelas.

— Não, ela já era um monstro. Só tive a sorte de conseguir ela, antes que outro imbecil descobrisse tudo aquilo.

Fabio juntou as mãos num coraçãozinho. — Ai meu Deus... É muita tontice pra um cara só.

Balancei a cabeça negativamente — Cara, vem falar comigo quando arrumar uma mulher que chegue no mindinho da minha, falou!

Ele ergueu uma sobrancelha pra mim, eu ri e fui atrás dela.

Ela já estava na mesa com o Samuka, o Ivan e o Cris, peguei um lanche e fui me sentar com eles.

— E aí caras, tudo bem?

— Tudo certo Léo, a Elise tava contando do Dakar. – Samuka falava parecendo bem animado com as peripécias da filha.

— Pois é, foi ótimo. Quem sabe ano que vem vamos todos pra lá. O custo é alto, mas a diversão vale a pena.

— Vamos pensar no assunto. – Ivan pareceu animado com a ideia — Mas acho que vai gostar de saber que vou tentar colocar a gente no Sertões esse ano.

Elise engasgou do meu lado. — Sério? Seria o máximo! O Carlão me fala tanto das competições de lá, morro de vontade.

— Sim, é uma possibilidade real, estou fechando os custos pra levar a equipe completa.

Ela se agarrou ao meu braço como fazia quando estava animada de mais.

— Ganhar uma coisa assim seria ótimo pro seu currículo né. – sorri pra ela.

— Só de correr lá, já seria incrível. – os olhos dela tinham um brilho especial quando o assunto era corrida.

Naturalmente também adorei a ideia, podia até dar uma ajudinha, mas deixaria o Ivan tentar fazer seu trabalho sozinho primeiro.

Depois da parada, voltamos para a estrada com direito á Elise na direção da Mercedes de teto abaixado. Por um breve momento a frase do Fabio fez todo o sentido, eu criei mesmo um monstro. A garota que há dois anos se vestia de homem e andava encolhida, escondida atrás dos fones do celular, agora era o principal nome da equipe, dirigia minha Mercedes e desfilava em calcas jeans femininas e tão coladas que me enlouqueciam a cada olho grande que ela atraía.

Além das Pistas (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora