Confesso

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Não é que eu ainda te ame.

Ou que eu queira você de volta.

Ou que eu ainda me lembre do seu cheiro, da cor de seus olhos e das coisas que você me dizia.

Eu não lamento a sua partida. Eu lamento o vácuo que você deixou em mim. Lamento o fato de  nunca, mesmo depois de todo esse tempo, ter conseguido te substituir.

Hoje faz exatos dois anos do dia em que eu te conheci. E esse dia mudou a minha vida pra sempre. Embora eu pensasse que era só mais um feriado prolongado, um sábado monótono, mais um match no Tinder que não ia passar de conversa fiada e, no máximo, um contato salvo com um coração ao lado.

Como eu estava enganado. Você se tornou tudo na minha vida. Teus beijos intensos, intercalados com momentos de serenidade. Teu cabelo macio e os cachos tímidos que foram ganhando forma conforme as semanas passavam. O sorriso torto, que sempre foi uma das coisas mais lindas que eu achava sobre você.

Teu tom de voz grave e melódico, que podia fazer a mais boba e ordinária das frases virar uma canção que eu adoraria escutar por horas. Assim como escutava, em meio a um sorriso bobo, tuas mensagens de áudios, enormes e desconexas, mas que no final, sempre diziam o que eu queria ouvir.

Nosso primeiro beijo, que aconteceu cerca depois de uma semana (ou pouco mais), foi incrível... Aquela luz baixa, os acordes do violão, a brisa gelada, e o cheiro do teu pescoço nunca vão sair da minha memória. Naquele primeiro beijo eu tive a certeza que você seria pra mim o que as pessoas convencionaram chamar de "o grande amor da nossa vida".

Eu lembro com uma clareza absurda de detalhes cada encontro nosso. O gosto do suco de melão que a gente dividiu comendo aquele calzone. A playlist que você colocou na primeira vez que nossos corpos se tocaram. Os filmes que mal assistimos, mas cujas falas foram a trilha sonora da maioria dos nossos beijos e que ficavam no fundo na minha cabeça quando tudo que eu conseguia pensar era no quão sortudo eu era por ter teus lábios encostando nos meus.

Eu só queria conseguir seguir em frente, me libertar de você e de tudo que eu senti. De tudo que aconteceu. Eu só queria conseguir parar de amar você e me dar, inteiro, pra outra pessoa. Porque dói, e dói fisicamente saber que eu ainda sou teu.

Tudo que eu queria era que esse nós tivesse sido tão real pra você quanto foi pra mim.

Eu só queria ter sido esse Tsunami na tua vida como você foi na minha.

E me machuca, como se fossem adagas em chamas perfurando meu corpo, saber que você até hoje não viu toda a grandiosidade e a beleza em ti mesmo que eu percebi desde o primeiro segundo.

Me magoa saber tudo o que você anda fazendo que te faz mal. E você sabe que faz. Porque, se existe um deus, ele sabe que eu nunca deixaria nada de ruim te acontecer. Eu nunca deixaria você se machucar. E mesmo que eu saiba que é impossível prometer isso, eu faria.

E você sabe que eu faria.

Porque eu sou assim. Eu sou demais.

E eu acho que fui demais pra você.

Eu queria seu amor pra ontem. Eu queria seu afeto em totalidade.

Eu queria teu corpo no meu, em chamas.

Eu queria que você me preenchesse e me fizesse sentir alguma coisa.

E você fez. Com você, eu me sentia feliz.

Feliz como nunca antes, e feliz como nunca depois.

Eu não vou me perdoar nunca por ter te deixado ir. Mesmo que não seja minha culpa. No fundo, eu sempre vou me culpar.

Mas não pense que eu não quero tua felicidade. Eu quero, demais. E foi por isso que eu nunca tentei te ter de volta. Você achou com esse rapaz o que não achou em mim. E eu parabenizo ele por isso. Por ser exatamente o que você queria.

Só eu sei o quão confuso fico quando vejo vocês juntos. Não sei é inveja, felicidade, dor, tristeza, empatia... Talvez seja tudo isso.

É, pensando bem,  eu ainda te amo, mas nunca mais quero alguém como você na minha vida. 

amar-teOnde histórias criam vida. Descubra agora