O café esfria. O cigarro apaga. A chuva cai impiedosa do lado de fora. Sua ausência já não me afeta como antes e penso comigo mesmo: o não-sentir é pior que tudo.
A indiferença que se instalou no meu âmago machuca mais que qualquer palavra. Mais que qualquer imagem. Mais que sua partida.
Nem parece que há poucos meses estávamos ao telefone decidindo qual filme veríamos juntos, cada um em sua casa, porém juntos. Não sei se ainda vês filmes nos fins das tardes de domingo e, francamente, não me interessa.
Não quero saber qual camisa você está usando. Se ele está em seus braços. Se estão olhando dentro dos olhos um do outro. Não preciso saber se está voltando para casa depois de um fim-de-semana cheio de amor, sexo e romance.
Deve ter havido uma boa razão para que você tenha saído de minha vida. Contudo, ela não me importa.
Ligo a cafeteira, acendo outro Marlboro.
Aparentemente a chuva continua.
