Capítulo 3 - Mabelle

2.4K 445 17
                                    


Ao terminar de tocar "Somewere Over The Rainbown", me levantei e me virei para o público, reverenciando-os e agradecendo por estarem comigo mais uma vez e assim terminando meu último concerto nos Estados Unidos.

A ressaca que me atingiu de manhã já havia me deixado, o que me fez dar graças aos Céus. A última coisa que eu precisava era de uma dor de cabeça me perturbando enquanto dedilhava as teclas do piano. Cheguei em meu camarim com Alfred em meu encalço, ele falava algo, mas eu não estava prestando atenção, minha cabeça estava no carinha que paquerei ontem à noite... Ele era realmente um gato.

— Mabelle? Por Deus, Mabelle, escuta o que estou falando!

— Estou escutando, Alfred, agora, se você falar um pouco mais alto eu não serei a única escutar.

Ele revirou os olhos e se sentou no sofá atrás de mim. O olhei pelo espelho do camarim, resolvendo prestar atenção no que quer que ele tinha a me dizer.

— Ok, Alfred... Tem toda a minha atenção agora — falei me virando na cadeira e olhando pra ele.

— Certo. Primeiramente quero te parabenizar por esse show e por essa turnê, apesar de você ser uma chefe muita chata e inconsequente, eu te amo mesmo assim.

Olhei para ele e sorri. Alfred era — acima de tudo — meu amigo, por isso puxava minha orelha toda hora e por isso eu o tratava daquela forma. Éramos do tipo de amigos que não demonstravam emoções, mas que entendiam profundamente um ao outro.

— Oh, baby... E apesar de você ser um resmungão que fica preocupado com qualquer coisa, eu também te amo — falei, sorrindo pra ele.

— Ok, chega de declarações... — ele riu. — Tem uma pessoa querendo falar com você.

— Ah não, Alfred... Eu disse que não queria receber ninguém...

— Eu sei que disse, Mabelle, mas o cara disse que queria tratar com você um assunto de suma importância, estava disposto a pagar e tudo por ao menos trinta minutos com você. Obviamente, me esquivei do dinheiro pois não quero de jeito algum que nada prejudique sua imagem, mas disse que você cederia vinte minutos de seu tempo — ele fez beicinho. — São só vinte minutos, não seja injusta.

O que eu poderia fazer? Ele já havia dito que eu receberia a pessoa e também estava fazendo beicinho... Ele sabia que eu não conseguia resistir a sua cara de "cachorro que caiu do caminhão de mudança", como ele mesmo havia intitulado aquela feição.

— Ok, Alfred! Me dê cinco minutos e pode pedir para o tal cara importante entrar...

Ele riu e bateu palmas, se levantando do sofá.

— Certo, em cinco minutos ele estará aqui.

Me virei para o espelho a minha frente e vi que estar passando pela melhor fase da minha vida estava fazendo muito bem a minha beleza. Passei um pouco de gloss nos lábios e logo batidas suaves soaram na porta do camarim. Alfred entrou com a boca semiaberta e os olhos brilhando. Não sabia definir se era de espanto ou de admiração.

— O que houve, Alfred? Viu um fantasma por acaso? — perguntei olhando pra ele com curiosidade.

Alfred não era um homem que se espanta facilmente com alguma coisa, então, para ele estar com aquela expressão, com certeza era algo grave.

— Você não vai acreditar em quem quer falar com você...

— E quem seria? — perguntei.

— Nem eu estou acreditando... — ele balançou a cabeça. — Mas confesso que estou muito curioso para ver como você irá se comportar diante dessa visita, quer dizer, quero ver se você tem o mínimo de vergonha na cara, para talvez ficar constrangida na presença dessa pessoa.

— E de que pessoa estamos falando, Alfred?

— De Connor McDavid, meu bem — ele sorriu maliciosamente para mim.

Olhei para ele e simplesmente não consegui conter o sorrisinho que nasceu no canto da minha boca. Connor McDavid estava querendo conversar comigo. Ou era para realizar meu desejo ou para me repreender por usar seu nome para falar aquele tipo de coisa em uma revista.

Confesso que estava me agarrando a esperança de ser a primeira opção.

— E o que você está esperando para mandá-lo entrar, Alfred?

— Oh... Então vai ceder vinte minutos do seu tempo para o cantor sexy? — ele perguntou, sarcástico.

— Não, meu bem... Eu cederei a minha noite inteira, se assim ele quiser.

Ele olhou para mim sorrindo e então balançou a cabeça.

— Eu desisto, quer dizer, quando foi que eu pensei que você tinha vergonha na cara? Você nunca teve, Mabelle! — ele riu.

— Nunca falei que tinha, agora saia daqui e só volte com Connor McDavid ao seu lado!

— Certo... — ele riu e se aproximou da porta. Antes de sair, ele se virou para mim e disse: — Devo dizer que você está sem calcinha?

Me virei para ele e arqueei uma sobrancelha, logo depois fazendo uma cara de santa.

— Oh... Mas eu estou usando calcinha. — murmurei em lamento, mas logo depois sorri maliciosamente. — Mas eu adoraria que ele a tirasse de mim.

Ele riu e revirou os olhos.

— Eu desisto de você, garota! —, disse, saindo do meu camarim.

Me levantei e me olhei no espelho mais uma vez, apenas para ver se não tinha nada fora do lugar. Agradeci aos céus por estar usando um vestido muito bonito. Acima de tudo eu queria causar uma boa impressão, mesmo que não fosse para cama com ele.

Escutei a porta sendo aberta e Alfred entrou com aquele presunçoso sorriso na ponta de seus lábios. Ele abriu espaço e Connor entrou em meu camarim. Consegui conter um suspiro ao ver o quão lindo era pessoalmente, e quão cheiroso ele estava.

Connor McDavid usava um terno cinza, que caia como uma luva em seu corpo magro e musculoso. Seus cabelos ruivos estavam mais curtos e uma barba rala cobria seu maxilar charmoso e bem marcado. Me segurei para simplesmente não pular em seu colo; ele era o homem mais charmoso que eu já havia visto.

Seus olhos azuis encontraram os meus ele e mordeu o lábio, começando a me olhar discretamente de cima a baixo. Não sou do tipo de mulher que se derrete por qualquer coisa — muito menos por qualquer um —, mas aquele gesto dele fez com que minha calcinha ficasse úmida.

— Você precisa de mais alguma coisa, Mabelle? — Alfred perguntou.

— Não, Alfred, você pode ir agora. — falei.

Ele apenas assentiu e pediu licença. Logo Connor e eu estávamos sozinhos em meu camarim e a única coisa que passava pela minha cabeça naquele momento, era o quanto eu queria que ele se aproximasse de mim e mostrasse tudo o que poderia fazer, caso me levasse para cama.

A Pianista - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora