❧ SÉTIMO ❧

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                                       Leôncio sentia-se livre, uma vez que Isaura estava fora. Pode retornar aos seus estudos, interagir com todos na fazenda e acompanhar sua Madrinha em suas longas caminhadas pelo vasto jardim. Ela não deixou de notar que o homem estava a vontade, e chegou a cogitar mentalmente uma suposta amolação de sua filha em cima do escravo. Gertrudes amava Isaura com todo seu coração, mas sabia que ela não era uma pessoa agradável.

— Leôncio, preciso lhe perguntar uma coisa. — parou de caminhar. — E quero que seja sincero.

— Pergunte o que quiser, madrinha.

— Isaura anda lhe amolando? — a pergunta de Gertrudes fez com que o rapaz mudasse seu sembrante. O sorriso deu lugar a seriedade. 

— Ela é uma pessoa difícil, — suspirou. — mas não deixa de ser uma de minhas Senhoras. 

— Leôncio, se Isaura lhe fazer algo... — antes que a mulher terminasse a frase, foram interrompidos com uma carroça simples que vinha em direção a fazenda. 

                             Miguel, o pai de Leôncio, sorriu ao ver o filho. Uma vez fora da carroça, ele e o jovem abraçaram-se. Eram muito ligados. 

— Senhor Miguel — Gertrudes não deixou de sentir uma pitada de ciúmes com a cena. — boas tardes.

— Boas tardes, Senhora Almeida. — fora até a mesma, beijando-lhe as costas da mão direita. — O Senhor Almeida está? 

— Sim, meu caro. Está no cassarão. 

— Eu já tenho o valor pedido pelo meu garoto! — seus olhos brilharam.

— Pai... mas é muito dinheiro! — Leôncio segurou a respiração.

— Eu sei, meu filho, mas há anos estou guardando e agora, finalmente, poderei lhe dar a liberdade. 

— Então vamos entrar, assim vosmecê pode conversar com o Senhor meu marido. — Gertrudes sorriu, mas não deixou de sentir um aperto em seu coração. A liberdade de Leôncio também significava ficar longe do rapaz, algo que ela não desejava.

...

                                   Isaura tomava sua xícara de chá, enquanto ouvia as desculpas intermináveis de Gabriel. Não prestava atenção em nenhuma palavra do homem, apenas ignorava sua presença. Ele, percebendo o descaso, engoliu em seco, começando a ficar irritado. Enquanto isso, André, que acompanhara Isaura até a fazenda humilde dos Albuquerque. Parado atrás de onde Isaura estava sentada, não mexia um músculo. 

— Vosmecê não dirá nada? — perguntou, tentando não parecer furioso.

— O que o Senhorzinho quer que eu diga? Que irei aceitar suas longas investidas? — riu irônica. 

— Pensei que veio para me dar uma segunda chance, Isaura.

— Ouviu, André? Ele acha que eu vim nesse muquifo para aceitar seus gracejos — gargalhou, e o escravo a acompanhou.

— Não ria de mim, escravo! — gritou Gabriel, ficando de pé. Isaura parou, virando a face e encarando o escravo. André já estava com a pequena faca entre os dedos, apontando para o Senhor.

— André, meu querido, abaixe isso, certo? — levantou, indo até Gabriel. O homem estava paralisado, percebendo somente agora que poderia estar em perigo.  — Sim, o Senhor Albuquerque acertou minha face com uma bofetada, mas não quero estragar esse lindo rosto que ele tem.

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⏰ Última atualização: Apr 19, 2018 ⏰

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O Escravo de IsauraOnde histórias criam vida. Descubra agora