JP Narrando:
Eu já sabia que a Makaila iria vir com os meninos. Confesso que também quero que o Alemão conheça o Allan; a Maki sempre manda fotos, mas só conheci mesmo o Allan por imagem. Quando tentei mostrar para o Alemão, ele quase me pipocou. Espero que, com ela de volta no Rio, ele comece a ver as coisas de outra forma e deixe de se afundar nas drogas e nas garotas que o cercam. Sou o dono da Rocinha e, honestamente, é um trabalho pesado. Já era complicado quando era sub do Alemão, mas agora que sou o chefe, frequentemente me pego viajando com o beck na boca e a glock na mão, pensando nas responsabilidades que carrego nas costas.
Hoje é meu aniversário, e a Makaila já chegou ao Rio. Meu pai me mandou uma mensagem avisando que ia parar no Alemão para entregar um carregamento. Sei que vai dar merda, então estou indo também. Deixei meu sub no comando, ia buscar a minha bonequinha, mas disse à Lara que ia mais tarde, apenas que tinha alguns assuntos a tratar, sem entrar em detalhes.
Quero ver a Leila, aquela loira ocupa um lugar na minha mente quando estou viajando com o beck ou me divertindo com alguma garota. É dela que eu me lembro.
Espero que desta vez eu consiga conquistar a Leila. Mudei, tornei-me homem. Meu pai me ensinou muitas coisas que estava aprendendo errado. Hoje, posso afirmar que sou o dono da Rocinha e que sou foda, tudo graças ao meu pai.
Olho para o relógio e vejo que já devem estar na Rocinha. Piso no acelerador do carro e logo começo a ver a favela, as casas e a entrada. O carro do meu pai está estacionado, e ao seu lado está a Leila, acompanhada da minha querida irmã, que se tornou mais mulher do que era, segurando o meu sobrinho, que chora descontroladamente.
Saio do carro e sigo em direção a elas. Assim que me aproximo, vejo o Alemão com a glock na mão, olhando para a Makaila e para o Allan. A Sofia me vê e começa a correr na minha direção.
— Sofia! — grito, e ela se joga nos meus braços.
— Ei, você está pesada! — reclamo, segurando-a com carinho. — E linda! — digo, olhando bem para ela. Caminho ao lado da Makaila, com a Sofia no colo. O olhar do Alemão passa rapidamente por mim e pela menina, mas logo ele volta a se concentrar na Makaila, que parece nervosa, como se estivesse em um campo de batalha.
— Você não pode fazer isso!
— JP! — diz, assustada, olhando para a glock na mão do Alemão.
— Chega, Brian! é seu filho! — digo, tentando acalmá-lo. Ele me olha por um instante, mas rapidamente desvia o olhar para a Makaila, que observa a situação com uma expressão preocupada. A Leila, que está radiante com aquelas curvas e aquele sorriso, é como um farol em meio ao caos.
— Brian, você está assustando a Sofia! — insisto, gesticulando para que ele perceba o estado da menina.
— Princesa do pai? — pergunta ele, voltando a atenção para a nossa pequena, que o observa com desconfiança, mas logo parece recordar quem ele é.
— Papai? — pergunta a Sofia, hesitante. Coloco-a no chão, e ela vai andando em direção ao pai. O Alemão guarda a glock e tenta se acalmar, mas a tensão no ar é palpável.
— Sou eu, filha! — diz ele, se abaixando para ficar na altura dela, seu tom de voz mais suave agora.
— Papai! — a Sofia exclama, se jogando nos braços dele, enquanto ele a abraça apertado, um sorriso iluminando seu rosto. O olhar dele então se volta para a Makaila, que está com lágrimas nos olhos, visivelmente emocionada ao ver a interação do pai com a filha.
Aproximo-me da Makaila, puxando-a para um abraço enquanto seguro o Allan com a outra mão, sentindo o calor da nossa conexão.
— Ele olhou para o Allan. Está só sendo teimoso — diz, soltando-se do abraço e olhando para o filho, que ainda parece um pouco inseguro.
— Oi, Allan! — digo, tentando brincar com a mãozinha dele, que se enrosca no meu dedo. Ele me observa com curiosidade, a expressão um pouco mais tranquila agora.
Separando-me da minha irmã, que coloca o Allan de volta no carro, vou em direção à Leila, que me observa com uma expressão intrigada, enquanto o Damien está ao seu lado, com um olhar sério.
— Olá, mulek! — digo, bagunçando o cabelo dele. Ele reclama em inglês, revirando os olhos.
— Português, mulek... — responde, tentando manter a pose, mas um sorriso involuntário surge em seus lábios.
— Fogo, JP! Olha o cabelo do cara! — diz Damien, rindo da cena.
— Sorry, mulek! — falo, rindo também, e então me volto para a loira.
— Oi, loira! — digo, tentando captar sua atenção.
— Oi, moreno — responde ela, com aquela voz doce que me deixa perdido. Enquanto isso, vejo a Makaila se aproximando do Alemão, um olhar desafiador nos olhos dela.
— Afastem-se! — diz ele para a minha irmã, mas ela permanece firme, sem recuar.
— Eu não sou a mesma. Você não tem poder sobre mim. Vim pegar a minha filha. — diz a Makaila, pegando a Sofia no colo e se afastando, deixando o Alemão em choque. Ele parece atordoado, como se estivesse vendo sua antiga vida desmoronar diante de seus olhos.
A loira entra no carro, e eu mal consigo processar tudo o que aconteceu. A Makaila coloca a Sofia no colo da Leila e se dirige para seu lugar, e o meu pai acena para o Alemão e para mim antes de partir, nos deixando ali, os dois parados, observando a cena se desenrolar.
Olho para a Leila mais uma vez, com suas curvas me deixando maluco. Hoje, sinto que as coisas podem mudar, que talvez a Makaila esteja finalmente pronta para deixar o passado para trás e criar um futuro melhor para ela e para a Sofia. As coisas estão mudando, e eu não posso deixar essa oportunidade escapar. O peso da responsabilidade está presente, mas uma nova determinação brota dentro de mim. Chegou a hora de agir.
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Entre dois mundos 2
Teen FictionApós anos a viver entre o amor e a violência, Alemão tornou-se uma sombra do que era. O coração, antes vibrante e cheio de promessas, agora endureceu, e o olhar que ele lança ao mundo é marcado pela desconfiança. Cada cicatriz na sua alma conta hist...