Capítulo 6

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— Espera um pouquinho, vocês o quê?! — ela pergunta um pouco alto demais, fazendo-me pôr a mão em sua boca, implorando por silêncio.

— Fala baixo, ele pode escutar! — digo, apreensiva, pois os garotos ainda estavam na sala, conversando entre si. — Enfim, como eu estava contando, nós nos beijamos. Ou ele me beijou, tanto faz. O negócio é: eu meio que acabei correspondendo.

— Certo, isso eu entendi, mas por que diabos você resolveu me contar isso de repente? — Sayuri pergunta, fazendo-me respirar profundamente.

— Porque o clima está estranho desde o elevador. Ele ainda fala comigo e está agindo como se nada tivesse realmente acontecido, mas, eu não consigo encará-lo mais, Sasa. Eu não consigo agir da mesma forma natural que ele — eu tento explicá-la.

— Já parou para pensar que talvez, ele também se sinta igual a você?

— Como assim?

— Talvez ele esteja tentando deixar as coisas mais confortáveis.

— Ou talvez ele realmente esteja tranquilo. Talvez não tenha importado e o beijou não significou nada.

— Fala sério, vocês são melhores amigos há anos, Emma. Mas ele não teria feito isso se já não tivesse cogitado a possibilidade antes.

— Sem chances, Sayuri. Ele nunca me viu de outra forma.

— Mas e você? Você já o viu de outra forma?

A pergunta me pega de surpresa e sinto meu coração palpitar.

— Não temos sentimento um pelo outro, Sasa — falo, com certa incerteza, embora tente fingir que não. — Sim, é claro que amo Yugyeom com todo o meu coração, mas como amigo. O meu melhor amigo de longa data.

— Isso é o que você diz — ela retruca.

— Isso é a verdade.

— Então me diz, Emma, se você o amasse apenas como amigo, realmente, por que correspondeu ao beijo dele? Por que está tão pensativa como agora?

Várias respostas passaram por minha mente naquele momento. Respostas como "eles só queria me acalmar", ou "estávamos preso em um elevador, se eu fosse morrer, ao menos teria dado meu último beijo", mas ela estava certa.

Se não houvesse sequer um pingo de sentimento, de interesse pelo meu melhor amigo, fora sua amizade de longa data, eu nunca teria correspondido aquele beijo. Muito menos teria cedido tão facilmente daquela forma, como cedi, quando ele tocou meu corpo. Também não estaria inquieta, ansiando por mais.

— Suponhamos que seja verdade — começo a falar, sem saber exatamente como acabar minha frase. — Suponhamos que exista interesse em ambas as partes...

— Certo.

— Quais as chances da nossa amizade acabar em desastre após isso?

— Quer que eu minta pra você ou não?

— Não, por favor.

Sayuri suspira.

— São várias, Emma. Mas as coisas também podem acabar bem.

— Pela forma como você me encara agora, está meio difícil de acreditar.

— É só que... vocês parecem um bom par — ela fala.

— Mas?

— Mas tenho medo do que pode acontecer se estiverem na porcentagem onde melhores amigos viram piores inimigos.

Jogo meu corpo na cama, cansada.

— Por isso estou te falando, somos apenas amigos — reforço, mais para mim mesma, que para minha melhor amiga.

Friendship ❄ Kim YugyeomOnde histórias criam vida. Descubra agora