Capítulo 9

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— Você está péssima — Sayuri diz, olhando-me desconfiada quando apareço na sala, ainda sonolenta.

— Obrigada pelo elogio, certamente sabe levantar muito bem a auto estima de uma mulher — eu murmuro, bocejando e passando a mão pelas madeixas bagunçadas.

— Desculpe se sou sincera demais. Parece até que não dormiu ontem.

Ontem... pelo amor de Deus, o que havia acontecido ontem?

— É porque não dormi.

— O quê?

— Não direito, pelo menos. Fomos dormir tão tarde e acordamos tão cedo hoje. E, diferente de vocês, eu passei a tarde toda caminhando ontem, esqueceu?

— É verdade. Nisso você tem razão.

— Tá vendo só?! — sento-me em uma das cadeiras da mesa. — Como eu iria acordar de uma forma diferente, se não completamente acabada?

— Toma, pega logo isso e acorda dá uma vez — Sayuri me entrega uma xícara de café e se senta também. Ela, pelo menos, parecia mais apresentável que eu.

— Que horas são agora?

— Seis e quarenta da manhã.

— Que droga, hein.

— Preciso pegar o metrô em vinte minutos, e você?

— O que tem eu?

— Por que não se arrumou ainda?

— Meu expediente só começa às doze hoje — respondo, bebericando o café sem açúcar.

Tinha acordado cedo porque sequer me permiti dormir direito ontem, ao voltar para o quarto. E quando o despertador da minha amiga acordou e ela levantou para tomar banho, apenas desisti de voltar a dormir. Se possível, iria cochilar um pouco depois, mas só.

— Eles realmente vão continuar dormindo, como se não tivessem responsabilidade também? — ela pergunta, encarando os garotos na sala.

— Pelo que a gente conhece deles, provavelmente sim — dou de ombros, sem muita expectativa, enquanto pego uma fatia de pão e começo a passar manteiga.

Estava tão acostumada com a presença de cada um durante os fins de semana, que era normal vê-los espalhados por cada canto da casa, como se fossem os próprios donos do local.

— Preparei sopa pra ressaca com algumas coisinhas que tinha na geladeira.

— Você não precisava, Say. Eles sabem se virar. E eles odeiam essa sopa.

— Mesmo assim, obrigue eles a tomar. Não quero ninguém reclamando no meu ouvido depois sobre estar morrendo de dor de cabeça. Nem você.

— Sabe, do jeito que eles estão, não acho que eu vá precisar de tanto esforço dessa vez — olho de relance para cada um deles, mordendo meu pão.

— Melhor ainda. Menos dor de cabeça pra gente — Sayuri sorri, levantando-se após terminar sua própria refeição.

Caminhando até o sofá, a garota tira a bolsa debaixo da cabeça de um dos meninos e volta a me encarar, um pouco desconfiada, como se eu tivesse aprontado algo estranho. Não que eu não tenha.

— O quê? — indago, olhando-a.

— Você está bem mesmo?

— Absoluta — minto. — Por que?

— Não, nada demais. É que acordei ontem de madrugada e não a vi no quarto. Então estranhei que não tenha comentado nada entrou na sala.

Se houvesse uma palavra para definir minha amiga, era inteligência. Sayuri conseguia perceber as coisas fácil demais, analisar as pessoas era uma boa qualidade na garota. Mas eu ainda não podia falar sobre isso com ela, não com tantas pessoas aqui. Um beijo era uma coisa, agora o iriamos fazer outra era outra totalmente diferente.

Friendship ❄ Kim YugyeomOnde histórias criam vida. Descubra agora