Capítulo 3

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Após chegarmos, Yugyeom me falou que iria fazer tudo o que eu quisesse, pois era um dia especial.

Mesmo sem entender, concordei, sem questionar, pois tudo o que eu queria fazer naquele momento era aproveitar. Estava receosa em voltar outra vez ao Lotte World, mas tê-lo ao meu lado, definitivamente, fez aquele momento valer a pena.

Foi tudo tão incrível, que enquanto o tempo passava, só fui capaz de me sentir como uma criança. Uma bela e pequena criança mimada, sendo cuidada por alguém especial.

E nós brincamos em tudo! Fomos na montanha russa, no carrinho de bate-bate, na barca, carrossel, as casas mal assombradas, todos os brinquedos possíveis e impossíveis, e por último, quando o sol já estava preparado para desaparecer, o meu favorito: a roda girante.

Pode parecer clichê, mas subir naquela coisa foi de longe uma das melhores sensações do dia. Ver aquela máquina nos levando ao topo de algo, lentamente, enquanto o silêncio confortável preenchia o local. A vista também foi deslumbrante.

— Aqui, pega —Yugyeom me entrega o algodão doce. — Fiz você esperar muito? A fila estava gigante. Não sabia que tanta gente gostava de parques de diversão.

Ele se senta ao meu lado, com uma fatia de pizza.

—Não esperei tanto, relaxa — pego um pouco do algodão, colocando-o na língua. Ele derrete no mesmo instante e sinto meu corpo relaxar. Açúcar sempre conseguia me revitalizar. — Nem acredito que conseguimos ir em todos os brinquedos.

— Fala sério, nem eu. Acho que ficamos uma hora esperando naquele negócio que roda no céu — ele murmura mordendo sua pizza.

Solto um sorriso, jogando a cabeça para o lado.

— Hoje foi divertido. Obrigada por isso.

— Por tirar você da cama?

— Sim e não.

— Vi você fazer as melhores caretas da minha vida naquela coisa que virava de ponta a cabeça. Não dá pra superar isso. Precisamos voltar mais vezes — ele recorda, pegando um pouco do meu algodão. Solto uma gargalhada.

— Só não esquece que você ficou pensando que a roda gigante ia cair.

— Ela ficava se mexendo.

— É a estética.

— Morrer?

Adrenalina, baby.

Ele revira os olhos, mordiscando sua pizza novamente.

Tinha o obrigado a ir comigo em todos os brinquedos, sem exceção. Não porque queria torturá-lo, mas porque, como ele mesmo tinha dito, isso estava inclusivo em fazer tudo que eu quisesse e a tal data especial.

— Agora que me recordo, você disse mais cedo que hoje era um dia especial, não disse? — pergunto, vendo-o acenar, desconfiado. — Por que falou isso tão de repente? Que data especial é hoje?

— Realmente não consegue se lembrar?

— Eu deveria?

— Caramba, você é uma tonta.

— Ei!

Desta vez, meu melhor amigo é a pessoa que ri.

— Não quer tentar adivinhar, pelo menos? Podemos fazer aquela coisa de frio, quente...

— Vou poupar minha humilhação. Você sabe que sou péssima em adivinhações.

— Quando chegarmos no seu apartamento eu te conto, então — ele olha ao redor, notando o pouco movimento. Faltavam quinze minutos para o Park fechar e levaríamos no mínimo, se déssemos muita sorte, duas horas e meia até em casa.

Sinto o cansaço invadir meu corpo com a lembrança de que amanhã terei que voltar a trabalhar e não quero ir para casa. Quero ficar aqui um pouco mais, aproveitar novamente os brinquedos, comer um pouco mais, conversar um pouco mais com Yugyeom, sem as responsabilidades da vida adulta...

— Você vai esquecer de me contar. Sempre esquece — eu me levanto da cadeira.

— Duvido muito.

— Promete então?

Ele se levanta também.

— Prometo. Conto quando chegarmos lá.

Dentre as horas que passamos no metrô até finalmente chegarmos na estação, tive certeza que dormi mais da metade. Estava cansada por causa da correria de hoje e ter dormido pouco na noite anterior e acordado cedo hoje foi apenas um combo. Mesmo assim, o dia valeu totalmente a pena.

Tive a sensação de sentir alguém acariciar meu cabelo, mas acho que foi um sonho. Quando chegamos na estação, Yugyeom me acorda, rindo do meu estado e apenas bato levemente em seu ombro, levantando-me e andando tranquilamente para fora.

O objetivo era voltar caminhando, mas nenhum de nós aguentava mais andar. Por isso, pegamos um táxi o restante do caminho e vamos juntos até o meu apartamento.

— Você não vai para casa? — pergunto, após o moreno pagar o taxista.

— Acabei de chegar nela.

— A sua casa.

— Não agora, pelo menos. Esqueci minhas coisas lá dentro, lembra?

Ele me pergunta, então recordo de algo que havia esquecido: O momento em que fui pega de surpresa pelo garoto. Aquela breve sensação de desespero quando a música alta começou a tocar perto de mim, junto com as bombinhas e, por Deus! Eu juro, naquele momento, pensei que fosse o fim do mundo.

— Ah, obrigada por isso. Sobre o que aconteceu hoje de manhã... — eu falo, encarando-o. — Aquela droga terá volta.

Um sorriso convencido cresce nos lábios dele.

— Não tenho tanta certeza disso.

— Esqueceu que eu sou vingativa?

— Não. Mas acho que você vai me perdoar em breve — diz, entrando no elevador desleixadamente e virando-se para mim. — Vai ficar aí?

— Sabe — eu cruzo os braços, entrando de uma vez ao perceber o elevador prestes a fechar. — Às vezes, tenho a sensação que esse  apartamento pertence mais a você que a mim mesma.

— E não faz?

— Não mesmo! — nego, observando a porta se fechar.

Geralmente, eu preferia optar por escadas, mas estava tão cansada que se tentasse subir até o décimo primeiro andar daquele jeito, seu corpo seria encontrado no dia seguinte dormindo em algum ponto específico, entre a porta de algum morador e um possível elevador. Talvez se assustassem e achassem que ela estivesse morta. Talvez considerassem uma pegadinha de mal gosto.

— Você deveria aceitar aquela proposta — ele diz.

— Dividir meu apartamento com você? Nem morta.

— As contas seriam menores. Você conseguiria economizar dinheiro.

— É,  eu sei. Mas eu gosto de estar sozinha, Yug. É bom ter tranquilidade.

— Ou talvez só não goste da minha presença por muito tempo?

Meu olhos pararam nele por alguns segundos. Claro que aquilo não era verdade. Entretanto, algo além daquela situação chama ainda mais minha atenção. O painel travado do elevador.

— É impressão minha, ou paramos no nono andar? — digo, franzindo a sobrancelha enquanto mudo de assunto.

Ele olha para o painel também, e se não estivéssemos presos em um minúsculo cubículo de metal, estaria rindo de sua reação de choque. Se eu não estivesse tão chocada quanto ele também.

Meu amigo aperta alguns botões. Nada dá certo.

Por fim, ele diz:

— Não é impressão sua. Nós estamos presos.

Friendship ❄ Kim YugyeomOnde histórias criam vida. Descubra agora