Passei as próximas uma hora e meia arrumando a encomenda de última hora.
Felizmente o local para onde deverei levar as coisas são a exatos vinte e cinco minutos daqui.
Entro no carro, verifico uma última vez se tudo esta preso no banco de trás, giro a chave no painel, destravo o freio de mão e sigo.
Nas primeiras duas ruas perto da loja, foi lento o trajeto, dezenas de pessoas indo e vindo, por um momento eu tinha até esquecido que era véspera de natal.
Geralmente eu não comemoro essa data, não tenho boas lembranças, com quinze anos faltando apenas quinze minutos para à meia noite, minha mãe recebeu um telefonema, meu pai foi assaltado e baleado aquela noite, ele faleceu pouco tempo depois da ambulância o tirar do local. Desde então não tivemos mais essa comemoração, mamãe ficou com a loja, mas ano passado ela também faleceu, e acabei ficando com ela.Por alguma razão eu sabia que meus pais estavam em um lugar melhor, dentro de mim eu sabia disso.
Enfim chego a rua onde sera a festa, é uma rua com famílias com condições financeiras melhores que as outras ruas, era um condomínio fechado. Depois que os porteiros confirmaram minha autorização de entrada segui.
De longe já pude ver onde seria a tal festa, era na maior casa do condomínio, estacionei o carro na frente da casa ao lado.Ao sair do carro avistei vindo a meu encontro meu amigo Francisco.
- Bem na hora! Disse ele. - A chefia já estava piando. Vem eu te ajudo com isso. Fala pensando uma das cestas com as orquídeas.
O segui para dentro. Realmente eles não pouparam na decoração, árvores de natal na porta de entrada, no corredor largo que levava ao centro da casa.
- A dona é bem exigente na decoração, as rosas e flores irão decorar a árvore de natal principal, tem três metros, fica logo ali naquela sala. Ele aponta para a primeira porta depois do centro.
Peguei os ornamentos e a outra cesta e o segui para a sala principal.- Uau.
Não pude deixar de me espantar com aquela sala. É maior que minha loja inteira. E a parte da árvore ser de três metros realmente fazia jus. Era linda.
Não eramos os únicos naquele local, varias outras pessoas ajudavam na decoração, Francisco, e outras duas pessoas que não pude ver por estarem de costas, enfeitavam a grande árvore.
Depois de meia hora, todas as decorações já estavam postas, a única coisa que faltava terminar era a árvore, por ser tão grande ela necessitava de muito tempo.
Peguei a segunda cesta que estava ao lado da árvore, borrifei um pouco de água para que as orquídeas durassem mais tempo e me candidatei a ajudar.- Vou ir na minha vã, preciso das velas de Led.
- Certo! Eu cuido do resto. Digo acenando com a cabeça.
Uma a uma fui colocando em cada ponta do imenso Pinheiro. As orquídeas ainda estavam frescas, coisa rara dr acontecer, elas nunca duravam tanto tempo fora da estufa.
- Quer ajuda?
Ouço uma voz e passos se aproximando atrás mim, nesse momento estava agachado pegando outro punhado de orquídeas na cesta. Eu já havia ouvido aquela voz. Hoje mais cedo.
Me levanto...-Mauro?
-Laura?Falamos juntos.
-Nossa mais que incrível coincidência, esta é minha casa! Ela diz soltando aquele belíssimo sorriso.
- Uau... Fico imóvel sem nada a dizer.
Ela percebe minha ausência de palavras e resolveu quebrar o silêncio.
- Ah! Só minha mãe mesmo, com esse pedidos espalhafatosos. Diz se aproximando da árvore. - Ela faz sempre a mesma decoração, desde que meu pai faleceu. Eles cantavam todas as canções natalinas juntos aqui nesta sala. - Ela se vira e aponta para o outro lado da sala, onde havia uma lareira. Seus olhos lacrimejaram.
- Sinto muito... Pelo seu pai! Entendo bem como é, perdi meu pai numa véspera. Desde então não festejo mais nessa data... - Eu paro de falar, a expressão no rosto dela me forçou a parar. "Que coisa mais desnecessária para dizer nesse momento" Eu penso. Ela se aproximou e apanhou de minha mão um punhado de orquídeas. Ela sorri e começa a colocar uma a uma na árvore.
- Pronto acabamos! Laura diz se afastando para olhar a árvore. - Ficou linda. Ela sorri.
Olho para o relógio e vejo que se aproxima das nove horas.
- Bem, então vou indo.
E aquele lindo sorriso se apaga daqueles belos lábios.
Francisco aparece na porta segurando uma caixa com as tais velas de Led para por na árvore. Uso essa deixa para sair.Coloco as cestas já vazias no banco de trás do carro. Quando estava prestes a dar a partida, ouço um chamado distante.
- Mauro! Mauro!
Quando olho pela janela vejo, Laura estava vindo até mim. Desligo o carro e saio.
- Oi. - Ela diz. - Sei que é estranho e em cima da hora mas, quer vir a festa como meu convidado?
-Ahh... Bem... - Não sei o que dizer, fico apenas olhando ela que novamente estava com aquele sorriso. Mas antes que ele pudesse sumir respondo. - Sim.
- Então as dez e meia te vejo aqui. - Ela novamente me banha com aquele magnífico sorriso.
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Vidas Seguintes
SpiritualAlmas gêmeas superam todas as dificuldades e barreiras para encontrarem-se, até mesmo a morte. Em várias vidas, Mauro e Laura, se reencontram, muitas vezes de formas incríveis e inusitadas. E vivem histórias nunca contadas, nunca vividas; Vida dep...