Há momentos na vida em que gostaríamos de parar o tempo e apreciar o que acontece ao nosso redor. São momentos bons, onde não há medo nem dúvidas, apenas a esperança de algo bom.
Acordei e me dei conta de que estava nos braços de Lion, nossos corpos estavam entrelaçados, de maneira que meu nariz encostava-se a seu peito e sua respiração resfolegava em meus cabelos. Não sabia bem o que fazer, estava em dúvida se me levantava eu permanecia ali em seus braços. O Vento ainda chicoteava do lado de fora e fazia muito frio.
Lion suspirou e me apertou ainda mais contra seu corpo. Para minha total desgraça, eu gostei. Gostei de estar em seus braços, de não saber como fugir, de ter que dividir a cama com ele e gostei ainda mais do que aconteceu logo em seguida. Apertando-me contra seu corpo, ele afundou o nariz no meu cabelo e deslizou uma das mãos pela minha cintura e eu suspirei mais alto do que deveria, ele se assustou e caiu da cama, levando consigo as cobertas que nos cobriam.
Não deu pra conter, mas eu explodi em riso e Lion levantou-se de maneira furiosa, jogando as cobertas em minha direção.
- Me desculpe por isso. – Disse ele enquanto caminhava em direção á sala.
Continuei com as gargalhadas, notei que não ria por algo engraçado, mas sim pelo nervoso que a presença de Lion me causava. Eu era capaz de esquecer completamente o motivo de eu estar com ele. Ele era um bandido que auxiliou no meu sequestro.
Eu tenho que fugir.
Depois que Lion me deixou no quarto, levantei-me e me enrolei no cobertor de lã amarela na tentativa de me mantar aquecida. Olhei pela janela do quarto e notei que mesmo com o frio absurdo que fazia dentro de casa, lá fora o sol brilhava e começava a derreter a fina camada de neve que se formara na noite anterior. Pude ver muitas árvores ao redor da cabana e eu não fazia a menor ideia de onde eu estava. Odiei-me por ter adormecido no caminho e não ter me atentado para onde Lion estava me levando.
Bolei um plano muito simples, tentaria arrancar alguma informação de Lion de onde estávamos e fugiria na primeira oportunidade que surgisse.
Ainda enrolada no cobertor, sentei-me em uma cadeira próxima ao fogão, onde Lion preparava algo com cheiro muito bom.
- Come omelete? – Ele perguntou, enquanto mexia os ovos na panela.
- Sim. – Respondi, puxando a coberta para mais perto.
Lion me passou um prato com os ovos e gesticulou para a janela com as cobertas.
- Terei que arrumar alguns tapumes para consertar a janela – Ele olhava para as cobertas que substituíam o vidro. Levantou-se da cadeira e foi até a porta, destrancou-a e saiu. Terminei de engolir a omelete e fui até a porta, tomando cuidado ao passar pelos cacos de vidro da janela que ainda estavam espalhados pela sala. Para minha surpresa, Lion não a trancou.
Do lado de fora pude notar que estávamos em um bosque, cercado por inúmeras árvores e ao longe se via o que parecia ser um estábulo. Lion estava lá, alisando a crina de um cavalo de pelos castanhos avermelhado. Ele fez sinal para que eu me aproximasse.
O Estábulo tinha o cheiro forte, de umidade de couro velho. Com inúmeros apetrechos pendurados, dentre eles, várias selas e outros objetos que não fazia a menor ideia do que era.
- Veja, Ruiva. Este é Gaara, o melhor animal de Diana. – O belo animal resfolegou como se estivesse entendendo o elogio. Estendi a mão e acariciei seu dorso.
- É lindo. – Sussurrei. Lion sorriu.
- Sabe montar, Sophia? –Lion olhou-me, aguardando por minha resposta.
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MEDEIA - (Trilogia Celestial - livro 1)
FantasySophia nunca soube o paradeiro de sua família, cresceu em um orfanato e acabou sendo adotada quando já era praticamente uma adolescente. Há milhares de anos, o Celestial criou a profecia: Em mundos distintos, o bem e o mal existem para se amar e o...