#10||Diego||

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    Não estava muito afim de conversar hoje. Deixo meu celular em cima do criado-mudo e me deito.
    Penso no que eu era, e no que me tornei.
    Eu poderia ser um filho melhor. Eu poderia estar melhor agora. Talvez, eu estivesse em outro lugar, sem sofrer por problemas financeiros.
    Eu precisava sair e esfriar a cabeça. Eu estou cansado psicologicamente.
    Pego minha caixinha de música. Ganhei a anos da minha tia, quero jogá-la fora.
    Vou até a praça na esquina de casa e me sento em um banco.
     Já era noite, as estrelas brilhavam e a lua estava cheia.
    Ouço passos, olho para a direção em que os ouvi e vejo uma garota se aproximando.
    Assim que ela chega mais perto, percebo que é Candy.
   - Oi.
   - Oi. - Sorri.
   - O que faz aqui?
   - De vez em quando, venho aqui, pra pensar na vida... E você?
    - Pra lembrar de uma pessoa... Extremamente importante na minha vida.
    - Candy... Posso te fazer uma pergunta?
    - Pode.
    - Onde estão seus país?
    - Isso é algo que eu procuro evitar, desculpas.
    - Não foi nada, existem coisas que eu também procuro evitar.
    Ficamos sentados ali, em silêncio confortável, até Candy dizer:
    - Como é céu está bonito.
    - Ele é bonito.
    - Tu alguma vez já criou teorias sobre as coisas que tu tem, ou vê?
    - Sim, sobre a lua.
    - Qual a sua teoria sobre ela?
    - Ele é como o amor.
   - Como assim, Diego?
   - A lua, é como um amor. Existem fases. Todas elas voltam, mas a lua continua sempre ali, firme. É como amor, feito de fases, mas se for verdadeiro, não importa o quanto as fases venham e se repitam, ele sempre continua.
     - Nunca tinha visto esse seu lado. - Ele riu.
    - E você? já criou alguma?
    - Não.
    - Você gosta de caixinha de música?
    - Amo. - Sorri lembrando da minha mãe.
    - Toma. - Entreguei a caixinha - Eu ia jogar fora.
    - Obrigado.
    - Não foi nada.
    Dei um sorriso bobo.
    - Candy, por que está tão feliz?
    - Uma história que minha mãe contava.
   - Qual?
   - A caixinha de música, é o amor não recíproco. A bailarina gira, roda, vai atrás de algo, mas sempre volta por mesmo lugar, pro início de tudo. É sempre a mesma música, sempre a mesma dança, mas ela se mantém firme. Dançando. Como o amor não recíproco, as pessoas vão atrás de algo, mas sempre voltam ao mesmo ponto. Sempre com a mesma rotina chata de irem atrás de quem não as amam. Sempre presos em suas próprias caixinhas de música, que eles constroem, lentamente, percorrendo a mesma volta da bailarina, atrás do amor não recíproco.
    Fiquei em silêncio. Aquela teoria era linda.
    Ela continuava sorrindo, com o sorriso mais lindo que eu já havia visto.

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AAAAAH, EU AMEI ESCREVER ESSE CAPÍTULO.
Obrigada por ler!
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Quem Eu Quero É Você • Lil XanOnde histórias criam vida. Descubra agora