Crisântemo Branco

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Crisântemo Branco: Significa sinceridade. A honestidade e nossa maior virtude, mas na qual poucos sabem sua existência.

 Gon saia de casa agitado. Enquanto caminhava, mais precisamente corria, até a sede vestia seu casaco de modo desajeitado. As pessoas na rua o viam e seguiam com o olhar de modo curioso. O vento gelado da cidade batia contra seu rosto da mesma forma que a culpa e amargura se aprofundavam em seu peito. Sentia a angustia martelando sobre sua cabeça. Sua mente vagava em momentos antigos com Killua. Momentos felizes, das risadas, piadas, jogos e como a marca registrada da dupla, pequenas apostas de quem perdesse teria que sofrer algo em consequência. Mas como elas apareciam rapidamente sumiam levando as memórias de sua maior estupides e arrependimento. Sentia se nojento apenas de se lembrar das palavras proferidas por si no momento de raiva.

Mas depois de tudo o que adiantou isso? A lembrança que mais batia sobre sua cabeça.

Depois do que fizera com Killua, voltara para casa cansado e ainda enfurecido. Não sabia o porquê, o sentimento apenas persistia. Entrou em modo silencioso na casa. Desejava no momento que nada o incomodasse, se seu pai não soubesse de sua presença não o chamaria. Seria de fato melhor. Quando subiu as escadas passou pelo quarto do pai de modo mais devagar do que estava antes.

Ouviu que o homem envolvia se em uma conversa, possivelmente pessoal. Como uma pequena criança curiosa e descuidada parou ao lado dela e começou a escutar:

-"Não claro que não" - a voz dele estava rouca. Deu uma gargalhada baixa. - "Ele provavelmente vai se desfazer daquele amiguinho nojento!" - disse em desgosto. Gon entendera que o assunto em pauta ali era sobre ele e Killua. - " Claro que pedi! Mesmo que eu o deixe aqui, nenhum filho meu terá qualquer laço com um impuro!" - deixar? Ele não poderia fazer de novo. Poderia? - "Sim, agora o considero um filho... Obviamente Kaito" - riu novamente. - "Por que diria que ele é meu filho se não fosse pelo outro?... Não estou estragando ele" - pronunciou frustrado. Gon escorregou pela parede sentando no chão. - "Você fala como se fosse bom! Só porquê você é um tipo de Transgênero não quer dizer nada! Nem é culpa sua isso, sabes disso" - lembrou do que ocorrera com Kaito na última missão. Realmente não era culpa dele. - "Pare com isso! Isso não é normal! Nem perto de ideal" - bufou aparentemente enjoado. - "Que ele seja odiado, não é problema meu" - enxugou os olhos e pressionou a mão contra a boca tentando se conter. - "Aquele rato? Eu não vou ajuda-lo! Ele se elegera e sairá logo depois, se ele quer limpar a consciência sobre qualquer problema deixe o!" - a conversa mudou de foco em um momento. - "Eu não... Ok. Eu irei quando a criança chegar e ao anoitecer vou embora ele nem irá perceber"

No momento Gon não tinha estado mental para continuar a escutar aquela conversa. Sentia seus ombros pesarem. Queria poder abraçar alguém. Alguém que quando fizesse isso se sentisse seguro. Em passos vagarosos se direcionou a saída. Não queria que o outro soubesse que presenciava sua conversa. Correu um pouco sem rumo. A tarde lentamente era trocada pela noite. O céu acabara se tornando violeta dando leves camadas do laranja e azul entre si. Olhava para os lados a procura de qualquer face conhecida. Seus olhos marejados ardiam por segurar a melancolia que sua mente estava. Ao longe viu Leorio caminhando com Kurapika. Ambos vermelhos e pareciam tontos, obviamente deveriam ter acabado de sair de algum estabelecimento alcoólico. Sem pensar duas vezes se jogou contra o mais velho. O abraçou como se ele pudesse sumir em pleno ar se o soltasse. Mesmo sem entender retribui-o. Era bom, se sentia bem. Se sentia livre para deixar seus olhos liberarem a quantidade absurda de lagrimas presas ali. Mas no momento sentiu duas coisas erradas.

A primeira. Seu pai já havia o deixado, ser novamente não seria novidade. Sua ausência na vida do mais novo, poderia ser considerada normal. Achava que toda a dor no momento estava saindo por outra inconscientemente. Apenas não sabia qual era. Resultado, ignorou sem dar importância de quem era a honra de suas lagrimas no momento.

Segundo. O qual não quis pensar no momento, mas valia uma nota mental. O abraço de Leorio era reconfortante e amigável, mas no fim não transmitia nada além disso. Segurança, carinho, afeição, apreso, atenção e até talvez 'amor'. Não estavam presentes. Sua mente o obrigara a aceitar a, no momento, infeliz realidade que... Apenas no abraço de Killua podia sentir aquele tipo de emoção. Apenas nos atos de proteção dele era possível identificar essas sensações.

Respirou fundo e pela primeira em muito tempo, quis sentir tais sentimentos que parecia que somente seu amigo, melhor amigo, poderia proporcionar.

Chegou na frente da sede e como esperado avistou uma garotinha de cabelos loiros e um vestido doce rosado. Se aproximou da figura sorrindo. Fazia certo tempo no qual não via essa figurinha única.

Quando estava próximo o bastante para qualquer contato, sentiu seu rosto atingido por uma mão pesada. Queria dizer que foi apenas um tapa de mão aberta, porém fora um soco onde a menor tentara descarregar grande parte de sua angustia:

-Bisky? - chamou massageando a face.

-Não reclame! Você merece mais do que um simples soco – ela o olhou seria. Ele sabia que sua fala é fato.

-Eu mereço, sei que mereço - se levanta a olhando. – Se quiser continue, contudo me conte como está Killua - Bisky o olhou estupefato.

-Você realmente quer ajuda-lo? - virou o rosto ainda ressentida com o outro.

-Quero, acredite em mim - disse se abaixando um pouco.

-Depois de tudo, do que fez, do que falou e de como agiu como se não tivesse ocorrido nada? - sua voz saiu com certa amargura.

-Quero fazer de tudo para que Killua me perdoe – respondeu calmo.

-Se você simplesmente pedir desculpa para ele, o mesmo aceitaria de cara – falou arrogantemente.

-Eu sei – virou o rosto para um ponto aleatório.

Ambos, naquela pequena conversa sabiam que Killua aceitaria qualquer resposta positiva de Gon. Mesmo que Bisky gostaria de dizer que aquilo não era verdade, seria apenas um pretexto para tudo:

-Mesmo conhecendo ele, sei que, palavras não curam feridas feita por atos e marcadas pelo tempo – ela pronunciou calma.

-Por esse fato que conheço, quero mais do que simplesmente desculpa-me com ele. Quero mostrar que todas as minhas ações foram de pura estupides e minhas falas mondadas por um homem que não conhecia – confessou sincero.

-Você quer saber o que aconteceu depois da sua ida?

-Apreciaria que me contasse sobre tais eventos, mas no momento somente prezaria a informações sobre a doença e do estado de Killua – disse respirando fundo.

-Muito bem Gon – sorriu docemente. –Hanahaki.

Heart Of Flowers. terminado.Onde histórias criam vida. Descubra agora