P O W E R F U L

F a s e R e b e l d e

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E L L A    N A R R A N D O

Estou deitada na minha cama quando ouço minha mãe chegar em casa tarde da noite.

Passei o dia deitada encarando o teto e pensando em mil coisas nas quais eu diria para Victor quando ele aparecesse no meu apartamento para repetir o que fez com Leslie.

-Eu não aguento essa sua fase rebelde, Ella!- minha mãe fala estressada- Mary me falou que você não foi pra escola novamente!

-Mãe, eu...- ela me interrompe.

-A diretora me ligou e marcou uma reunião comigo amanhã para falar sobre você!- seu tom é alto e eu estou sentada e encolhida no canto na minha cama- Eu tive que desmarcar vários compromissos que eu tinha pra amanhã, Ella!

-Mãe...- Rosie me interrompe mais uma vez.

-Seja lá o que você quiser falar, guarde pra si mesma! Eu já tentei conversar com você antes e não deu em nada!- ela suspira pesado- Já estou cansada do seu drama!- minha mãe sai do meu quarto e bate a porta.

-Você me ajuda muito quando faz isso- grito na esperança que ela ouça.

É cedo demais quando minha mãe adentra meu quarto abrindo as cortinas.

-Hoje eu mesma vou te levar para a escola- ela anuncia quando vê que estou acordada.

Não consegui fechar os olhos nem um segundo durante a noite. A luz ficou acesa e meu canivete me fez companhia.

-Eu não posso ir, mãe- falo e ela me olha como se eu fosse alguma adolescente maluca.

-Eu vou estar te esperando na sala- Rosie fala mas eu seguro seu braço antes que ela possa sair do meu quarto.

-Eu não posso te contar o que está acontecendo, mas acredite em mim, por favor, eu preciso ficar em casa.

-Ella, eu quero acreditar em você- ela se aproxima e se senta na ponta da minha cama- Mas eu preciso que me conte o que está acontecendo. Eu preciso saber como ajudar.

-É melhor você não saber- falo- É perigoso demais.

-Você me assusta quando fala assim, querida- os olhos da minha mãe procuram pelos meus e ela acaricia minha mão- Eu realmente preciso que você vá para a escola, Ella. A diretora disse que estão considerando te repetir por faltas.

-Eu não...- minha mãe se levanta e antes de sair do quarto, fala:

-Me desculpe, filha, mas até você não me contar o que há de errado, você vai pra escola.

São sete e cinquenta e seis quando minha mãe para o carro no estacionamento da escola.

Alguns alunos estavam correndo para chegar a tempo para a aula, mas eu esperei minha mãe sair do carro e o trancar.

Nós caminhamos em silêncio e tudo que eu podia pensar é que meu primeiro tempo de aula é com Victor.

Minha mãe me acompanha até a porta da minha sala de aula e eu quero contá-la desesperadamente. Eu quero gritar o que aconteceu e chorar em seus braços como um bebê, mas nada me garante que eu estaria a salvo. Nada me garante que, no momento em que eu abrisse minha boca e dissesse a verdade, Victor e sua constante ameaça estariam extintas da face da Terra. Nada me garante que o destino de Leslie não se tornará o meu destino.

-Até mais tarde, filha- Rosie fala e eu adentro a sala de aula ao mesmo tempo que meu coração parece sair pela minha boca. Coloco minhas mãos no bolso frontal do meu moletom e, por baixo do tecido, seguro o canivete, como se ele pudesse me proteger de toda e quaisquer ameaça.