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E L L A N A R R A N D O
Observo Victor dar, o que eu realmente espero que seja, seus últimos suspiros e olho para Alex, quem ainda está chorando e tremendo e tão assustada quanto eu estaria.
Talvez por achar que Victor está morto, a adrenalina diminui e a dor insuportável da bala em algum lugar do meu estômago se faz presente.
Minhas mãos trêmulas e soadas deixam a arma escorregar e cair no chão.
-Vamos sair daqui- falo me ajoelhando ao lado de Alex- Vai ficar tudo bem.
-Ele está morto?- ela pergunta enquanto eu desamarro suas mãos.
-Espero que sim- Alex se levanta e me ajuda a fazer o mesmo- Sabe por onde devemos ir?- pergunto olhando para as grandes árvores que nos cercam.
-Não- ela se aproxima do corpo de Victor e procura nos bolsos frontais de sua calça jeans.
Alex solta um grito fino quando Victor agarra seu braço.
-Socorro- ela grita.
Meus olhos se arregalam e, pela segunda vez na noite, o mundo está em câmera lenta. Victor se estica para pegar o canivete e eu alcanço a arma que está no chão. A lâmina da faca está quase contra o pescoço de Alex quando eu, sem pensar muito bem, atiro uma última vez em Victor.
A bala atinge sua testa e o canivete cai no chão. Alex se rasteja para longe do corpo sem vida de Victor enquanto minhas pernas cambaleiam e a arma escorrega da minha mão.
Sinto o impacto dos meus joelhos contra o chão e eu caio sentada na terra quando meus olhos ficam úmidos.
Eu não estava arrependida de ter matado Victor. Mas eu estava assustada comigo mesma e com o que eu tinha acabado de fazer. Eu estava assustada por ter sido mais forte que Victor e ter sido mais forte do que qualquer pessoa que eu conheci. Forte o suficiente para me proteger e me salvar.
-Ella?- Alex se aproxima- Ella?- ela estala seus dedos perto do meu rosto mas eu não consigo me mover- Ella, ele está morto, vai ficar tudo bem- Alex segura minha mão.
Eu observei quando Alex pegou o celular de Victor e ligou para a polícia, que demorou pra chegar.
Quando as autoridades chegaram ao local, colocaram-me deitada em uma maca e eu observei um dos homens colocar o corpo de Victor dentro de um saco preto enquanto empurravam-me para dentro de uma ambulância.
Acordo com os bipes das máquinas ao meu lado esquerdo, o que significa que estou em um quarto de hospital.
Observo minha mãe sentada ao meu lado, em uma poltrona, dormindo.
-Oi- sussurro para ela, que acorda imediatamente.
-Oi, querida- Rosie segura minha mão e fica me observando por alguns instantes. Algumas lágrimas caem de seus olhos e ela abaixa o rosto quando um soluço escapa de seus lábios- Me desculpa, Ella- seu choro faz meu coração doer.
-Mãe...- ela me interrompe.
-Eu não fazia ideia, querida... Tudo que você passou, dói no meu coração saber que eu te tratei daquela forma.
-Você não sabia- falo e a puxo para um abraço.
-Há pessoas querendo te ver lá fora- ela fala ainda com lágrimas nos olhos.
-Quem?
-Eu vou chamá-los- ela se levanta e sai do cômodo.
Alguns minutos depois Tyler adentra o quarto. Seus olhos estão inchados e eu nunca o vi tão desleixado como ele está.
-Oi- ele sussurra se aproximando.
-Oi- Tyler se senta na beira da minha cama e segura minha mão- Me desculpa.
-Pelo que?
-Eu deveria ter te levado em casa naquele dia- ele encara o chão- Eu deveria ter desconfiado de alguma coisa.
-Não é sua culpa, Ty- falo e seus olhos me encaram com pena- Não faz isso.
-O quê?
-Não sinta pena de mim- seguro sua mão com força- Eu consegui me salvar, Ty, você nem ninguém poderia ter me ajudado. Eu estava assustada demais para falar qualquer coisa e...- minha garganta fica um pouco seca- Só eu poderia me ajudar.
-Me desculpa, Ella- ele volta a encarar o chão e posso ver suas lágrimas caírem- Me desculpa.
Aperto um dos botões da cama, o que me deixa sentada. Puxo Tyler pelos braço e escondo meu rosto em seu ombro.
-Estar aqui é o suficiente- falo- Eu te amo, Ty.
-Eu também te amo, Ella- ele pressiona meu corpo contra o seu num abraço- Eu te amo demais.
A l g u n s d i a s d e p o i s
Estou no banco de trás do carro da minha mãe. Felix está ao meu lado e Tyler está na minha frente, ao lado de Rosie.
Eu recebi alta hoje, então os três vieram me buscar.
O rádio está ligado em uma música alegre e é o suficiente para preencher o silêncio no automóvel.
-Você vai mesmo para a aula de defesa pessoal amanhã?- Felix pergunta.
-Com certeza- respondo.
Olho pela janela bem no instante em que passamos pelo beco escuro onde Victor... Victor abusou de mim. Sinto meus pelos se arrepiarem e minha barriga gelar, mas minha mente transmitiu a cena do meu dedo apertando o gatilho e a bala acertando a testa de Victor.
-Acabou, Felix- falo olhando o beco escuro e não mais temido.
-Você está segura- ele sorri e segura minha mão.

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P O W E R F U L
AlteleNão há nenhuma forma bonita de dizer que Ella foi estuprada, abusada ou violentada. Chame do que quiser, ainda fora o ato mais brutal, humilhante e assustador pelo qual ela passou. Antes, Ella era uma garota exemplar. Boas notas, boas maneiras, bo...