Minha menina

Capítulo 3

Andrew

Saio do elevador com Lorena em meu colo, passo pela portaria sem ao menos cumprimentar os que estavam ali e entro meu carro. Ajeito Lorena no banco de trás e passo pro volante. Seguimos até nossa casa em silêncio, enquanto a imagem daquela mulher via em minha mente. Linda, ela era tão linda e ao mesmo tempo emanava uma doçura sem explicação, o brilho dos seus olhos, a maciez visível de seus lábios...

- MAS QUE PORRA... - soco o volante parando o carro numa guia de sarjeta.

- P-papai... - ouço Lorena me chamar do banco de trás.

- Desculpe, princesa. - respondo ao seu chamado sem me virar pra trás. - Vamos pra casa.

( ... )

- Filha? Você sabe o nome daquela moça do condomínio? - pergunto a Lorena enquanto eu esperava a mesma pegar no sono em sua cama.

Era quase dez horas da noite, estava sentado na beira de sua cama.

- Não, papai. - ela responde e boceja.

- Durma, meu amor. O papai está aqui com você. - deposito um beijo em sua testa, me deito ao seu lado e fico velando seu sono.

Enquanto minha filha dormia, voltei a pensar naquela mulher. Não sabia explicar, mas sentia a necessidade de tocar sua pele macia, de conhecê -la mais, porém acabei sendo tão rude com a mesma que não queria nem imaginar o que ela pensava de mim agora.

Afastei meus pensamentos e em alguns minutos Lorena pegou no sono abraçada a mim, beijei mais uma vez minha filha e saí fechando a porta com cuidado.

Enquanto passava pelo corredor que dividia nossos quartos da sala, peguei uma foto de Jade que estava por ali.

- Não, eu não vou substituir você. Você sempre estará comigo, aonde quer que eu esteja, te levarei comigo em meu coração.

Eu sentia uma enorme saudade dela. Do meu grande e eterno amor. Quando ela se foi, levou consigo a melhor parte de mim, deixando assim uma ferida aberta em meu coração que não sabia se alguém poderia fecha -la um dia.

Entrei em meu quarto, já tirando a camiseta e colocando uma regata, liguei o ar condicionado e me deitei. Mas antes de pegar no sono, implorei baixinho para que minha dor fosse cessada um dia.

Acordei com o choro desesperado de Lorena vindo de seu quarto. Imediatamente levantei e corri pra lá. Ao entrar vi que minha filha dormia, porém estava tendo um pesadelo pois se debatia aos prantos.

- Filha... - chamei já a pegando meus braços.

- P-papai. - ela abriu os olhos e quando me reconheceu, me abraçou ainda chorando. - Papai, promete que nunca vai me deixar? Por favor papai, eu preciso de você comigo.

- Meu amor... o papai está aqui com você e sempre vou estar. Foi só um pesadelo, quer dormir com o papai? - perguntei e ela assentiu.

Caminhei de volta ao meu quarto com Lorena em meus braços, fechei a porta, a deitei na cama cuidadosamente e fui até meu guarda roupa pegar uma coberta. Ao abrir a porta um pedaço de papel dobrado caiu de lá. Abri e li as palavras que estavam escritas ali :

" Permita se amar de novo, Drew. Não tranque seu coração por conta de um amor passado. Permita- se. "
De seu eterno amor, Jade.

A cada letra que eu lia que formavam as palavras, uma lágrima caia de meus olhos. Depositei um beijo casto naquele bilhete e o guardei de volta no guarda roupa. Peguei a coberta, cobri Lorena e me deitei ao seu lado. Olhei minha filha mais uma vez que dormia serenamente.