Minha menina

Capítulo 10

Belinda

Acordei no outro dia pela manhã e Gustavo já não estava mais lá. Fiz o que tinha pra fazer. Arrumei a casa, dei banho no Théo, fiz almoço e por fim me deitei no sofá afim de assistir um filme. Não demorou cerca de 1 hora e o interfone tocou.

- Amor da minha vida... - era Gustavo. - O gatão que provavelmente está afim de você quer entrar. Ele está com a filha. Posso liberar a entrada deles? - não podia ver, mas sabia que ele sorria.

- Claro, Gu. Pode pedir pra eles entrarem. Beijo, bom trabalho.

- Obrigado, delícia. Beijo.

Corri pra dar uma ajeitada no cabelo e logo bateram na porta.

- Olá... uma pessoinha aqui estava ansiosa demais pra ver você, desculpe. - Andrew já disse assim que abri a porta.

- Oi, Andrew. Oi, princesa. - respondi meio que sem jeito.

- Moça bonita... implorei bastante pro papai me trazer aqui hoje, você não foi ontem. - a pequena disse também.

- Ah, aconteceram algumas coisas de última hora e não consegui ir, você me desculpa? - me abaixei para ficar do seu tamanho.

- Claro, Belinda. Eu e o papai entendemos, não é papai?

- Sim, amor. Entendemos sim. - Andrew respondeu, talvez estivesse enganada, mas ele também estava um pouco sem graça.

Convidei eles pra entrar e logo fechei a porta.

- Você tem um cachorro? Que legal!!! Olha, papai. - Lorena gritou eufórica assim que viu Théo dormindo ao lado do sofá. - Ele é tão bonitinho. Você comprou?

- Não. - ri. - Eu o encontrei aqui na frente do condomínio e adotei. Ele que me faz companhia agora. Podem ficar a vontade. Querem comer ou beber alguma coisa?

- Imagina, não queremos incomod...

- Eu quero !!! - Lorena disse empolgada impedindo que Andrew terminasse a fala dele.

E eu ri. Preparei um bolo de copo pra Lorena, fiz suco e a convidei pra assentar na mesa. Enquanto ela comia, eu a observava, e Andrew observava a situação. Estávamos todos em silêncio até que a linda menininha resolveu mudar a situação.

- Belinda... você só fica aqui dentro? O dia inteiro?

- Sim, princesa. Exceto quando não estou na igreja ou ali fora conversando com o meu amigo.

- Então você não trabalha? - ela perguntou mais uma vez e eu neguei com a cabeça. - Você está... como é o nome daquela palavra mesmo ?

- Desempregada? - acabei rindo. - Sim, eu estou. Até o momento ainda não consegui arrumar um emprego.

Lorena rapidamente deixou o bolo e o suco para se levantar e ir até seu pai. Ela cochichou por alguns segundos no ouvido dele, ele fez o mesmo e logo ela se voltou para mim com um sorriso sapeca estampado nos lábios.

- Tenho uma proposta pra te fazer, Belinda... na verdade eu e o papai temos. Se você quiser, claro. - Lorena disse super empolgada.

- Sou toda ouvidos, princesa. - respondi bastante interessada na tal "proposta".

- Explica com calma, filha. - Andrew disse sorrindo.

- Certo... meu papai precisa voltar a trabalhar e eu não posso ficar sozinha, já que agora descobrimos que tenho um câncer vou precisar ficar em casa pra ir fazendo o tratamento. Isso significa que eu vou precisar de uma babá, correto papai?

- Corretissímo, amor. - Andrew respondeu mais vez.

- Sendo assim, você aceita trabalhar pro meu papai cuidando de mim e sendo minha babá? Eu gostei de você e meu papai também. - ela perguntou com um certo brilho no olhar, me pegando totalmente de surpresa.

- Confio em você, Belinda. Por mais que nos conhecemos a tão pouco tempo. Sei que nunca faria mal algum pra minha filha, pra ninguém na verdade, por isso aceitei essa proposta dela. - ele disse.

- E então? Você aceita? - perguntou a pequena.

- Claro que sim, princesa. Eu vou amar passar mais tempo com você. - respondi, estava muito feliz. Lorena comemorou com um pulo e Andrew acabou sorrindo.

- Vou assinar sua carteira de trabalho, não se preocupe. Sou dono de uma concessionária de veículos. Terá todos os seus direitos garantidos por lei, alguns outros benefícios e um ótimo salário também, posso te garantir. Eu realmente preciso voltar a trabalhar porque aquele lugar fica uma loucura sem mim, e como eu disse, confio em você. - Andrew disse me olhando, ele ainda sorria e eu acabei sorrindo junto.

- Não sei nem como agradecer, Andrew. Eu realmente não imaginava, mas estou muito feliz. Obrigada, de coração.

- Pode agradecer cuidando da minha filha como se fosse sua, e isso eu sei sei que você vai fazer. Pode começar amanhã? - ele perguntou e eu assenti entusiasmada. - Certo. Mais tarde te mando o horário certinho. Filha? Vamos? - dessa vez ele observava Lorena.

- Sim, papai. - a pequena respondeu agarrando a mão do pai. - Moça bonita... espero você amanhã.

- Estarei lá, princesa. Pode contar comigo. - respondi me despedindo dos dois e por fim me joguei no sofá. Meu sentimento era de extrema felicidade.

- Deus... eu sei que foi o Senhor. Obrigada. - sussurrei baixinho agradecendo.

Felicidade e gratidão me definiam naquele momento. E eu já contava os minutos pra que o dia amanhecesse, sem imaginar que minha vida daria um giro de 360 graus a partir daquele momento.