Capítulo 8

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Belinda

Cheguei em casa após um longo dia. Prestei depoimento na delegacia , fiz algumas compras no mercado e vim diretamente pra casa , de certo modo eu ainda temia pelo perigo , por mais que Carlos já estivesse preso novamente. Deixei as compras no balcão da cozinha e me joguei no sofá , estava exausta. Aproveitei  para dar uma olhada no meu email a fim de saber se havia alguma resposta de uma das empresas na qual havia me candidatado pra uma vaga de emprego, mas não havia nada , como sempre. Estava quase pegando no sono quando ouvi um choro de cachorro novo, e cada vez mais aumentava, e vinha de lá de fora.

Levantei do sofá, fui seguindo o som e logo encontrei , vinha de dentro de uma caixa que estava em frente ao condomínio, fui até lá, abri a caixa e logo confirmei minhas suspeitas, era um filhote de cachorro labrador. Completamente encantada,peguei aquela bolinha de pêlos na mão que rapidamente cessou o choro.

- Abandonaram você aqui , foi? - recebi uma lambida no rosto. - Acho que isso foi um sim. - sorri. - E você é... um rapaizinho. Bom, ao que tudo indica você foi mesmo abandonado aqui, que maldade hein ? Por um lado , por outro não , pois agora você vai ficar comigo, assim eu não vou ficar sozinha mais.

Enquanto eu admirava a pequena bola de pêlos na minha frente , fui despertada pelo toque de chamada do meu celular. Atendi sem ao menos ver quem era.

- Belinda?

Andrew, a voz rouca e ao mesmo tempo a mais doce que já ouvi.

- Oi, aconteceu alguma coisa ?

- Na verdade não, liguei pra saber como você está. E eu não sei nem como te falar isso , pode parecer estranho, mas Lorena quer que você venha jantar com a gente. Ela gostou bastante de você e perguntou sobre você um monte de vezes.

- Ah , sei nem o que responder. - sorri. - Mas aceito o convite sim. Só passar o endereço e o horário pra eu estar aí.

- Podemos buscar você às sete horas da noite? Pode ficar tranquila , ela vai junto comigo.

- Tudo bem. - respondi , depois de hesitar um pouco. - Vou aguardar.

- Tudo certo. Então , até mais tarde.

- Até. - respondi por fim dando término à ligação.

Corri com a bola de pêlos pro apartamento a fim de me apressar , afinal já eram quase seis horas da tarde. Tranquei a porta e coloquei o gorducho no sofá.

- Você vai ficar aí quietinho , tá? - falei enquanto me olhava, parecia que entendia. - A mamãe só vai se arrumar e já volta.

Entrei no banheiro já me despindo, quando as lembranças me atingiram por completo.

Sentada no chão de um banheiro público eu sentia uma dor absurda abaixo da barriga, olhei para minhas pernas e havia sangue , muito sangue.

- P-por favor, não seja o que eu estou pensando. - sussurrei respirando fundo. - Você tem que ficar , não pode me deixar, não pode me deixar sozinha, eu preciso de você.

Lágrimas caíam dos meus olhos , eu sabia , um mal pressentimento me atingiu confirmando , estava tendo um aborto espontâneo. Quando uma dor absurda me atingiu, eu gritei, gritei com todas as minhas forças clamando por socorro. E então eu desmaiei, novamente voltando a sentir aquele vazio dentro de mim.

Minha meninaOnde histórias criam vida. Descubra agora