Capítulo 4

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Dedicado a Rebeca_2003

Belinda

Sentei em uma das mesas que estavam vazias na Padaria que costumava tomar café da manhã , e em segundos já tomava meu café como de rotina. Meus pensamentos estavam nos ensaios da igreja , quando ouvi algo que me chamou bastante atenção.

- Isso mesmo, soltaram a foto do tal do galã lá nas redes sociais, e ele estava bastante desesperado na foto, aos prantos ajoelhado nos corredores do hospital. Que Deus o ajude a passar  por mais essa fase difícil, eu que não queria estar na pele daquele belo rapaz. - dizia uma senhora a uma das atendentes dali.

O som de mensagem chegando me despertou. Era o whats.

Gustavo: Meu amor , dá uma olhada nessa vídeo do gostoso ignorante que estava no prédio ontem.

Era o mesmo rapaz da praia , o pai da linda menina que bateu à minha porta ontem a noite. Ao observar as cenas no vídeo , senti um grande aperto no coração. Ele gritava desesperadamente pela filha. Alguns enfermeiros tentavam o controlar já que o mesmo derrubava tudo o que via pela frente.

Guardei meu celular sem ao menos responder Gustavo, e rapidamente fui em busca de um táxi. 

( ... )

Ao entrar no hospital, fui diretamente para a ala infantil. Aparentemente estava tudo calmo. Comecei a apressar os passos na tentativa de achar algum enfermeiro que poderia me dar alguma informação, quando eu o vejo entrando em um dos quartos acompanhado de um médico, sim, era o rapaz da praia. Enquanto o médico não saia do quarto , eu pedia mentalmente que Deus entrasse comigo naquele lugar e que colocasse as palavras certas em minha boca.  Dentro de alguns segundos o médico saiu fechando a porta , esperei ele virar as costas e caminhei em direção a porta. Respirei fundo e bati três vezes. 

- Não se pode ter nem ao menos um minuto de sossêgo na merda desse hospit... Você! - ele me encarava atônito e ao mesmo tempo surpreso. - O que você quer aqui ?

- Por favor , deixe a sua arrogância de lado pelo menos um minuto e me permita conversar civilizadamente com você. - imploro.

Ele me observa apático e abre a passagem para que eu pudesse entrar no quarto. Sussurrei um "Obrigada" e adentrei o ambiente. Logo de cara vi a mesma menininha alegre de ontem, a mesma estava deitada na cama e dormia serenamente. Fui até ela e segurei sua pequena não direita, depositei um beijo ali e a olhei com lágrimas nos olhos.

- Eu não sei pelo o que você está passando agora, princesa... mas hoje Deus me trouxe aqui para te dizer que você não vai passar por isso sozinha, em cada passo que você der Ele estará ao seu lado como sempre esteve, você foi escolhida desde o ventre da sua mamãe. Tudo vai ficar bem. - depositei um beijo em sua testa  após dizer as palavras.

- Já acabou ? - o arrogante pergunta.

- Ela vai ficar bem. - respondo com um sorriso no rosto.

- Como você pode ter tanta certeza disso ?

- O Deus que eu sirvo não vai desampará-la, acredite. - eu o olho e pela terceira vez contemplando a beleza de seus lindos olhos azuis.

- Não tem no que acreditar. Se esse Deus foi capaz de tirar minha esposa de mim, pode acabar tirando minha filha também. Acredito que Ele não ame seus filhos tanto assim, afinal o mesmo é o causador de toda minha dor. - responde com a voz fria, sem vida.

- Deus te ama, e acredite você ou não, Ele está no controle da situação... Posso te fazer uma pergunta ? Qual o seu nome ?

- Andrew. E o da minha filha é Lorena.  - ele responde e eu assinto. - E o seu ?

- Belinda. - respondo e um silêncio se instala. - Eu preciso ir , me desculpe o incômodo.  - digo já abrindo a porta.

- Espere... - eu me viro para ele. - Obrigado pelas palavras. Você... poderia me passar o número do seu telefone ? Se você não se importar , é claro.

Ele me entrega seu celular , disco meu número , salvo o contato e o entrego de volta.

- Caso precise de alguma coisa , estou a disposição. - digo por fim e saio fechando a porta.

( ... )

Entro em meu apartamento, jogo meu celular no sofá e tranco a porta.  Caminho até meu quarto , dobro meus joelhos no chão e falo com o Pai , leio uma palavra e logo após caminho até o banheiro com minha toalha em mãos.  Tiro minha roupa e entro no chuveiro, a água gelada caindo em meu corpo era tudo o que eu precisava naquele momento. Ao abrir os olhos, solto um grito de desespero ao perceber que eu não estava sozinha ali.

- Sentiu minha falta , meu amor ? - ele pergunta trancando a porta do banheiro. - Uau, você continua sendo um mulherão hein?! Caramba! - ele me olha malicioso e com um sorriso diabólico nos lábios, enquanto eu não conseguia sequer pronunciar uma palavra. - Ah , vai me dizer que não sentiu minha falta ? Pois eu senti a sua.

- C-carlos? C-como você c-chegou a-aqui ? - perguntei puxando a toalha de cima da pia na tentativa de me cobrir, mas foi em vão, ele foi mais rápido puxando a toalha para si.

- Não há necessidade de se cobrir, meu anjo. Para o que vamos fazer agora você vai ter que ficar assim mesmo , do jeitinho que você veio ao mundo. - ele disse , e sem mais demora me agarrou a força encostando seus lábios nojentos nos meus, os mordi com toda minha raiva.

Enquanto o mesmo praguejava com a dor que sentia , consegui abrir a porta e corri pra sala. Mas antes de conseguir sair do apartamento , senti ele me puxando pelos cabelos e me jogando brutalmente no sofá.

- VAGABUNDA ORDINÁRIA! - gritou lançando dois socos em meu rosto.

- SOCORROOOOO! - gritei, gritei com todas as minhas forças, lágrimas caiam de meus olhos enquanto eu tentava me desvencilhar dele inutilmente. - Não faça isso , p-por favor... - implorei quando o vi abaixando sua calça.

Lutei , lutei com todas as minhas forças , mas era em vão, naquele momento só conseguia ver um simples borrão em minha frente. Fechei meus olhos com força e implorei mentalmente para que aquilo acabasse logo. Foi quando de repente senti alguém sendo tirado de cima de mim. Consegui abrir meus olhos simplesmente para ver Carlos sendo violentamente tomar muitos socos, Andrew estava ali, seus olhos estavam vermelhos de raiva , ele não ia parar até que conseguisse matá -lo. Eu queria poder levantar dali para impedi -lo de cometer uma besteira , mas não consegui, apenas me entreguei a completa escuridão que se apoderou de mim.

Minha meninaOnde histórias criam vida. Descubra agora