Capítulo 2 - Desistência

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A porta do elevador se abre, Clay e Emma saem, adentrando o corredor do quinto andar, ele começa a olhar em volta, era a primeira vez que havia ido no prédio novo onde Emma morava, Camille havia falado sobre ela ter saído de sua antiga residência enquanto ele estava no hospital, o local era muito bem iluminado, havia uma grande janela no final do corredor em que estavam, eles vão até a penúltima porta do corredor no lado esquerdo, a mulher pega a chave do apartamento de seu bolso, colocando na fechadura e abrindo a porta. Os dois entram calmamente no local, Emma leva Clay até o sofá da sala, sentando-o com cuidado, em seguida, senta-se ao seu lado.

-Chegamos...-disse Emma-Seja bem vindo ao meu apartamento.

-Muito obrigado...-disse Clay sorrindo-O apartamento parece ser muito bom, bem bonito, aconchegante e espaçoso.

-A gente faz o melhor que pode para ter o mínimo de conforto...-disse Emma rindo-Bom, são 11:30 da manhã, acho que devia começar a preparar o almoço.

-Porque?-perguntou Clay rindo-Está começando a ficar de mau humor?

-Não, é que já é quase meio dia e pensei que você estava com fome...-disse Emma ainda rindo-Eu nem sei o que cozinhar na verdade.

-O que estiver bom para você, está bom para mim...-disse Clay-Temos praticamente o mesmo gosto.

A mulher sorri, levanta-se indo na direção da cozinha, Clay olha para uma pequena mesa que estava ao lado do sofá, bem perto de onde ele estava sentado, em cima dela, haviam dois controles, um era da televisão e outro era do DVD, pegou o objeto que manipulava a televisão, liga, em seguida, mudando os canais até encontrar algo do seu agrado.

Emma abre a geladeira, fica observando o que havia dentro da mesma para saber o que poderia fazer para o almoço, teve uma ideia, retirou o que precisava do eletrodoméstico, em seguida, lavando as mãos e se preparando para começar a fazer a comida.

Clay retira seu paletó com cuidado ainda sentado, tinha medo de se esforçar muito, mas também, não queria incomodar Emma, mesmo que soubesse que ela havia largado tudo apenas para isso. Quando conseguiu livrar-se da peça, a pôs ao seu lado.

O tempo passou, o almoço estava quase pronto, até que ouvem o barulho do telefone, Emma vai até a mesa no canto da sala de estar, atende, era o porteiro avisando que Elizabeth havia chegado, ela pediu para que ele deixasse a moça subir, em seguida, colocando o fone de volta no suporte.

-Lizzie chegou para lhe visitar...-disse Emma sorrindo para Clay-Ela chegou cedo, achei que iria demorar mais, já que veio da delegacia direto para cá.

-Ah sim...-disse Clay levantando-se devagar, apoiando-se um pouco no sofá.

-Precisa de ajuda?-perguntou Emma aproximando-se de Clay.

-Não, obrigado...-disse Clay sorrindo e conseguindo ficar em pé-Estou bem.

Emma sorri, Clay vira-se devagar para olhar a amiga, ela estava de cabeça baixa, algumas mechas de seu cabelo castanho estavam caídas sobre seu rosto, nunca havia notado como ela era linda, cada feição do rosto dela, tudo. Nunca havia visto Emma com outros olhos que não fossem de amizade, aquela estava sendo a primeira vez que isso acontecia e não entendia o porquê.

Ouvem-se batidas na porta, Emma vai atender, Elizabeth adentra o apartamento abraçando a amiga com um sorriso enorme estampado em seu rosto e muito feliz em vê-la.

-Emma, que saudades...-disse Elizabeth-Sei que não nos vemos desde ontem, mas estava com saudades já.

-Confesso que eu também...-disse Emma retribuindo o abraço, em seguida, afastando-se da amiga-Espero que tudo esteja correndo bem naquela delegacia.

-Está ocorrendo tudo bem lá por enquanto, não se preocupe...-disse Elizabeth aproximando-se de Clay enquanto Emma fechava a porta-Olá Clay.

Elizabeth abraça o homem, que retribui, os dois se afastam devagar, ele caminha lentamente até uma das cadeiras do lado esquerdo da mesa de jantar e senta-se, enquanto a garota, senta-se na cadeira do lado direito, de frente para ele, Emma senta-se ao lado de Clay.

-E então?-perguntou Elizabeth-Como está, Clay?

-Melhor do que antes da cirurgia, mas me sinto um pouco limitado...-disse Clay-Acho que isso é apenas questão de tempo até me recuperar 100%.

-Com certeza, sei que será muito bem cuidado pela Emma...-disse Elizabeth sorrindo-Está nas mãos de uma das pessoas mais responsáveis que conheço.

-Eu não quero ter que incomodá-la a vida inteira com isso...-disse Clay engolindo em seco, talvez estivesse sendo um pouco rude e ingrato, mas aquela era a verdade que ele acreditava e precisava ser sincero-Ela tem uma vida inteira pela frente, tenho que deixá-la trabalhar, viver, se divertir e não ficar cuidando de mim para sempre.

-E tem algum problema eu cuidar de você a vida inteira?-perguntou Emma encarando Clay, por mais que a frase não fosse com intenção de ser ofensiva, para ela, havia tocado em um ponto um pouco incômodo-Porque se tiver, pode me falar qual é?

-Emma, você tem 22 anos de idade, assim como eu...-disse Clay-Tem que curtir o seu trabalho, a sua vida, os seus amigos, agora vai me falar que quer passar a sua vida inteira cuidando de mim? Não pode parar a sua vida por minha causa.

-Não estou parando a minha vida por sua causa...-disse Emma-Eu sou responsável por você até que se recupere da sua condição e isso não é parar a minha vida.

-Clay, você tem que entender que Emma agora é oficialmente responsável por você, agora só resta ela em sua vida para lhe ajudar nesse momento delicado...-disse Elizabeth vendo o clima ficar cada vez mais pesado e tentando amenizar aquela discussão como podia-Até a sua recuperação, ela tem que cuidar de você, tenho certeza que sua mãe queria que fosse assim.

-Isso, como você mesma acabou de falar...-disse Clay-Minha mãe passou essa responsabilidade a ela e não eu, ela não tinha noção da vida que Emma tem pela frente, o fato de cuidar de um paciente transplantado requer que tenha que sempre tomar cuidados severos e não quero que ela perca tempo com isso e...

-Quer saber? Está certo...-interrompeu Emma levantando-se da mesa com calma e pondo a cadeira no lugar, indo em direção ao seu quarto-Se acha que é assim, então tudo bem...

-O que vai fazer?-perguntou Elizabeth preocupada.

-Se ele acha que não posso cuidar dele, então que se cuide sozinho...-disse Emma com uma expressão entristecida em seu rosto-Como ele mesmo falou, não foi ele quem deu a responsabilidade para mim, não é? Então estou indo para o meu quarto e vou ficar lá por tempo indeterminado, ou até ele perceber a gravidade da situação em que está.

Emma vai até o quarto, fechando a porta com força causando um grande estrondo, a última vez que Clay a viu agir daquela forma foi quando ambos eram adolescentes, nem mesmo em seu casamento ela agiu assim, aquilo lhe assustava um pouco, sempre ouvia da mãe de Emma, Camille, que quando a garota ficava irritada, era melhor sair de perto, sempre achou que era mentira, mas agora havia mais uma confirmação de que a mulher falava a verdade.

-Clay, eu sei que desde o início você odiava estar nessa situação, mas com certeza essa será a última vez que você vai passar por isso e ainda precisa de ajuda para conseguir se recuperar...-disse Elizabeth encarando Clay-Sei que você quer tudo de bom para ela, mas Emma também quer o melhor para você, é muito mais do que apenas um pedido de sua mãe e você sabe disso.

-Eu sei, acho que fui um pouco rude com ela...-disse Clay lembrando-se novamente da cena do corredor entre Emma e Elizabeth, na qual, pela primeira vez ouviu: "Eu amava-o muito" sair da boca da moça de longos cabelos castanhos.

-Ela não vai ficar triste para sempre, espere ela se acalmar um pouco, uma hora, isso vai passar...-disse Elizabeth-E depois você conversa com ela, vamos ver o que tem para almoçar, porque eu também quero comer.

Clay assente com a cabeça enquanto Elizabeth vai até a cozinha para ver o que Emma estava preparando, ele respira fundo, pensou melhor e realmente, talvez fosse melhor conversar com ela quando estivesse mais calma.

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