"Juro que não sei do que você está falando, Valentina." - olho para meu irmão mais velho e bufo. Duvido que não saiba.
"Nem olha pra mim, Val. Eu cheguei em casa agora." - mesmos olhos, mesmos cabelos, mesmos traços, mesmo jeito cara de pau de mentir na minha cara.
"Não foi a gente!" -os outros dois se defendem. Eu odeio essa sincronia deles.
Odeio ter irmãos gêmeos! Odeio mais ter dois pares deles! Odeio que eles sejam tão ciumentos assim! Odeio meu pai por sempre ouvi-los! Odeio minha mãe por não fazer nada para me ajudar! Odeio minha vida!
Respiro fundo e fecho meus olhos. Sinto as lágrimas enchendo meus olhos e não consigo freia-las.
A primeira desce abrindo caminho para as outras. Os soluços vem como brinde. Meu corpo treme e eu não aguento mais.
"Val..." - Vittor fala e eu só consigo negar com minha cabeça. Viro e corro para meu quarto.
Eles não podiam ter feito isso!
Subo as escadas correndo, quase caio nos últimos degraus. Consigo ouvir a briga que começa lá em baixo.
Meu quarto fica exatamente no meio do dos meninos. Entro e encosto a porta. Meu pai nunca gostou que batemos a porta.
Nem com raiva deles eu consigo me rebelar.
Me odeio por isso também!
Ver minha cama me acalma um pouco. Me enfio debaixo da coberta e me cubro até a cabeça.
Não podiam ter feito isso, é minha vida afinal.
A porta se abre e os gritos estão mais altos agora.
Meu pai vai me matar por isso.
"Vale" - a voz da Mônica me desperta das minhas lamurias.
"Bebê" - Kay senta perto da minha cabeça e me descobre.
Não consigo parar de chorar, nem que seja um pouco.
Minhas amigas me confortam, a carecia meus cabelos e me acalmam.
"Eles não me deixaram ir" - sei que não preciso falar que elas sabem, mas dizer me acalma um pouco mais.
"A gente sabe, bebê" - Kay diz acariciando meus cabelos longos. Môni pega minha mão e acaricia também.
"Eles vão pensar melhor e vão deixar você ir, Vale." - minha vontade é de rir disso. Não, eles não vão deixar eu ir. Não mesmo.
"Cadê a Lili?" -sei que ela agora me faria rir
Elas respiram fundo. Levanto minha cabeça e encaro a Kay, ela se mantém calada e sei que estão escondendo alguma coisa. Olho pra Môni e tenho certeza.
"Tá lá em baixo falando com os gêmeos." - eu deveria ter desconfiado.
Me apresso para descer, porque eu conheço minha amiga. Se eles não fizerem o que ela quer, vai dar merda.
Môni e Kay descem junto comigo e do corredor já escuto os gritos da Lili. Louca!
"Ela vai sim!" -encontro minha amiga em cima da mesinha de centro na sala. Ela tem os dedos apontando para meus irmãos.
Precisamente para o Vittorio e o Vicente.
Sabia que tinha sido esses dois!
"Você não manda na gente, pingente." - Vittorio fala/grita de volta pra ela.
"É, a gente não vai fazer nada disso!" - Vicente reforça com cara de choro.
"Vocês vão fazer exatamente o que eu estou falando, rabiscos. Ou eu não respondo por mim!" - cada palavra sai devagar, numa calma que eu sei que ela não tem.
Eles se entre olham, depois olham para seus respectivos gêmeos. Seus olhos me encontram e eles abaixam os olhos.
"A gente vai falar com o papai, Tina." - Vittor vem ao meu encontro. Vinicius, que até o momento estava quieto, levanta e para na frente dos irmãos.
"Eu avisei. Vocês são uns imbecis. Olha pra cara da Val. Eu falei que se ela chorasse eu ia falar com o velho." - Vittorio e Vicente só ficam quieto, mesmo sendo o mais novo Vini é o que mais tem o respeito deles.
Vittor me aperta, depois Vini me abraça e se vão, em direção ao escritório do papai. Vittorio e Vicente olham pra mim, como se pedissem permissão para se aproximarem. Cruzo meus braços e eles entendem a resposta.
"Desculpa, Tina. Eu sei que fomos muitos baixos. Mas a gente se preocupa com você!" - Vince fala com voz de choro e quase vou dar um abraço nele, mas me controlo.
Vitt só me olha. Depois passa o olhar por cada uma das minhas amigas.
Môni está do meu lado esquerdo, Kay está no direito e Lili ainda esta em cima da mesinha.
"Vocês vão morar juntas no meu apartamento no centro da cidade de São Paulo. Eu vou vigiar vocês. Todas vocês!" -ele olha pra Kay quando fala isso. "Não me interessa quantos anos vocês tenham, pra mim continuam com cinco."
Ele vem até mim e beija minha testa. Respira funda e olha nos meus olhos.
"Desculpa por ser tão ciumento. Desculpa por mentir para você. Desculpa por ter falado besteira para o pai. Só me desculpa." - descruso meus braços e o abraço forte. Enfio minha cabeça no seu peito e o sinto respirar fundo.
Depois de um tempo abraçados, ele me solta. Beija minha testa mais uma vez e me encara.
"Parabéns pestinha, você vai para faculdade!"
Ele sai em direção ao escritório do papai e eu solto todo o ar do meu pulmão.
Minhas amigas me abraçam e pulam comigo.
Minha felicidade não tem tamanho.
Eu vou para faculdade!
Merda, eu vou morar em São Paulo!
Deus, vou estar bem longe dos meus irmãos ciumentos.
Vou ter um gostinho de liberdade!
De São Paulo é um pulo para rodar o mundo!
Eu estou tão feliz!
Oi gente, não sei se vocês vão gostar da história. Mas eu estava com essa idéia que não saia da minha cabeça. Ela vai ser postada aos poucos. Espero que vocês me perdoem pelos erros. Bjos
VOCÊ ESTÁ LENDO
Amores Pelo Mundo - Série Loucas Para Amar #1
Literatura FemininaValentina Morais só queria conhecer o mundo, mas graças a suas amigas e um site maluco, ela acabou conhecendo nove mundos diferentes. Mesmo aos vinte e um anos, Valentina não se permite viver, até ter um choque de realidade e aceitar a idéia maluca...