Capítulo 19

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Aperto o casaco tentando me aquecer mais, pode não ser inverno ainda na Europa, mas Paris tá muito fria.

Eu sempre amei o frio, quer dizer, o frio do Brasil que é em torno dos 26 ou 27 graus. Já estive no sul, em Porto Alegre, e lá é bem frio. Mas nada comparado ao frio da Europa.

Olho para baixo e a torcida está quieta, conversando entre si, mas sempre com muita elegância. Muito diferente do Brasil, qualquer jogo de qualquer time, mesmo sendo amador, a torcida grita, pula, chinga, ameaça, se diverte como nunca antes.

Pode ser amistoso ou jogo beneficente, como o jogo de hoje, mas os brasileiros sempre sabem fazer barulho.

Sinto falta disso. De em cada esquina ter um bar, uma galera gritando ou rindo alto, de assistir os jogos com meus irmãos. De estar no meu país, no meu canto, com meus amigos, sendo eu mesma.

Sendo invisível como eu era. Mas hoje, isso esta tão distante. Não só pela distância entre o Brasil e a França, mas distante porque hoje eu não sou mais aquela menina que saiu de ferias com as amigas.

Hoje eu sou mais aberta para conhecer novas pessoas, a aprender novas culturas, viver mais.

Os jogadores do Barcelona entra em campo. Eu fico só imaginando como meus irmãos ficariam se estivessem aqui. Eles são tão viciados em futebol que, aposto que, estariam quase entrando nesse campo.

É tão estranho estar aqui, no meio dessas pessoas, no camarote dos jogadores, num dos maiores estádios do mundo.

As pessoas ao meu redor estão eufóricas, mesmo sendo calmas. Tem modelos, ex-jogadores, atrizes famosas e tudo mais.

Até a Shakira ta aqui. Vigiando o boy dela, claro.

Muitas pessoas pedem para tirar foto com eles, autógrafos e tal. Eu não sei como eles aguentam isso, eu tô quase morrendo com essa atenção toda, imagina assim.

Respiro fundo lembrando dos meus últimos dois dias. Eles se resumem a suas palavras: um inferno.

Minhas redes sociais viraram um ringue dos horrores. Fui xingada de puta pra baixo. A coisa foi tão feia que eu tive que bloquear tudo e excluir cada perfil hater.

Foi uma grande merda pra mim, mas eu estou feliz. Izzy respondeu o post do Oli de uma forma tão fofa, que eu sei que tem chance deles voltarem.

As palmas da torcida me despertam e olho para o campo. Agora é os jogadores do PSG que estão entrando no campo. Vejo eles começarem a se aquecer e Oli tá no meio.

Fico tão feliz por ele, ele ama tanto a carreira e, eu acho que por amar tanto essa carreira, acabou se afastando da Izzy por isso. Tudo na vida precisa de equilíbrio, se dedicar tanto a carreira e esquecer a vida pessoal não faz bem. Oli precisa aprender isso.

O jogo logo começa e, para mim, é difícil ficar sentada só assistindo. Quero levantar, pular e gritar. Mandar o juiz à merda, falar pro atacante chutar certo, gritar pro goleiro agarrar a bola. Mas me mantenho sentada, como se estivesse presa nessa cadeira nega confortável.

O jogo corre, Oli faz defesas maravilhosas, os jogadores brasileiros brilham na defesa, mas aquele jogador argentino é fogo. Oli sofre pra defender seu time, mas no finalzinho do primeiro tempo o argentino acerta no ângulo e mesmo o Oli se esticando todo, a bola entra no gol.

Olivier saí do campo triste mesmo seu time ganhando de 2 a 1. Fico chateada com isso, queria ir lá animá-lo, nas sei que agora não é hora para isso e que eu não sou a pessoa certa para isso.

Izzy deveria estar aqui, mas ainda tem trabalho em Milão. Eu quero tanto eles voltem, mas é difícil ter certeza do que ela está pensando.

Como mulher, no geral, eu sei o que ela está pensando, mas é difícil, cada mulher tem seu jeito de reagir a determinadas coisas.

Amores Pelo Mundo - Série Loucas Para Amar #1Onde histórias criam vida. Descubra agora