- Anne, levanta-te! Vais chegar atrasada à escola e não é por ser o Diretor e teu pai que eu te vou justificar as faltas e os atrasos. Levanta-te imediatamente!!
Lá está o grito matinal do pai. Caramba, é impressionante a voz que o meu pai tem às 7:30 da manhã! É neste momento que eu gostava de ser surda...
Anne levanta-se, pega na toalha de banho, nos chinelos e na roupa interior e dirige-se à casa de banho para tomar um duche rápido. De seguida, veste umas calças de ganga, um top branco e desce as escadas até à cozinha, onde encontra os pais a tomar o café da manhã.
- Bom dia. -- cumprimenta Anne ao entrar.
- Bom dia Anne. Dormiste bem? -- perguntou-lhe a mãe.
- O normal. -- Pega no jarro do sumo de laranja e numa torrada -- Nada que já não esteja habituada. Olhem, vou de mota para a escola, pode ser?
- Vais de mota nesses trajes? E se te acontecer um acidente pelo caminho? Não levas o capacete? E o casaco? É que nem te atrevas! -- exclamou o pai.
- Pai, está calor! Nem penses que vou vestir mais roupa só porque tu estas com medo que eu tenha um acidente. És sempre tão otimista. Relaxa pai, não me vai acontecer nada de mal. Talvez apenas um assalto pelo caminho. Nada fora do comum. -- respondeu ela, sorrindo.
- Não se brinca com coisas sérias, Anne. O teu pai tem toda a razão. A tua irmã Sarah nunca nos deu este tipo de problemas.
- Claro que não. E eu sou o Pai Natal. -- disse ironicamente.
- Anne, tu deves pensar que tu estás a falar com os teus amigos, só pode. Isso é forma de responder à tua mãe? Estamos apenas preocupados com o que te pode acontecer. Mais nada.
- Se vocês o dizem. Bem, vou-me embora que já estou atrasada para ir buscar a Jane.
- Ela vai contigo é?
- Sim, ela mandou-me mensagem enquanto estava a vestir-me. Até logo. Beijinhos.
Anne sobe ao andar de cima, pega num casaco preto que estava pousado nas costas da cadeira do quarto e corre para a garagem. Calça umas sapatilhas brancas, veste o casaco e liga a mota. De repente, ouve a mãe a dizer do cimo das escadas:
- Não te esqueças que a tua irmã chega às 19h. Vê se estás em casa antes, estás a ouvir? Vai com cuidado.
- Sim mãe. Beijinhos. Adoro-te.
Anne sobe para a mota e sai de casa. Conduz sete quarteirões até casa da Jane. Desliga a mota e questiona a Jane que se encontrava sentada no relvado:
- Já estás à minha espera? Nem parece teu. Normalmente, sou eu que tenho que te arrancar de casa.
- Nem me digas nada. Acabei agora de discutir com a minha mãe sobre as minhas notas. Ela está passada principalmente com a de História. Eu não tenho culpa que não perceba nada de História. Nunca irei utilizar isto no futuro.
- Eu disse-te para vires para ciência. Já te conheço à tanto tempo... Sempre soube que tu não eras feita para História e Geografia, mas deixa lá, tu é que decides o teu futuro. Vamos é embora senão ainda chegamos tarde à aula.
- Eu sei. Mas jamais conseguiria ter matemática ou físico-química. Detesto-as. Já foi um sacrifício enorme ter de as fazer até ao 9 ano. Tal como tu dizes, eu é que decido o meu futuro, muito embora não saiba o que quero ser no futuro. Liga mas é a mota para irmos embora.
- Anda lá então. Vou chegar atrasada ao teste de biologia por tua causa.
- Como se eu te deixasse. -- respondeu Jane.
Anne e Jane chegam à escola no momento em que a campainha toca para o início das aulas. Despedem-se e combinam encontrar-se no intervalo no bar.
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Toca a campainha. Anne levanta-se, entrega o teste e sai da sala. No momento em que sai, quase vai de encontro com Mark, seu ex-namorado. A sua relação tinha terminado, no momento em que Anne descobriu que Mark a tinha traído com a rapariga mais popular da escola: Caroline. Ambas conheciam-se desde o infantário e, por muito que Anne tentasse perceber o porquê de nunca se terem dado bem, era lhe impossível arranjar uma razão. Jane dizia que era o destino. O que é certo é que se elas já não se falavam muito, a partir do momento da traição, os níveis de ódio atingiram o máximo possível. Mark nunca tinha pedido perdão a Anne pelo que lhe tinha feito, nem esta tinha lhe dado essa oportunidade. Mas naquele momento, ao olharem um para o outro, Jane sentiu que Mark estava arrependido mas, não foi capaz de dizer nada. Nem ele. Simplesmente, viraram costas um ao outro. Anne dirigiu-se ao bar, onde viu Jane sentada numa mesa, com um descafeinado e uma mista.
- Então rapariga, demoraste tanto tempo. Correu-te mal o teste foi?
- Não. Eu é que acabei de ver o Mark quando estava a sair da sala.
- O quê?! Ele disse alguma coisa?
- Achas mesmo? Nem eu disse. Simplesmente ficamos a olhar um para o outro e fomos cada um para o seu lado.
- Oh. Como é que te sentiste?
- Bem... Podemos dizer que já avancei com o assunto.
- Pelo menos isso. Agora, a minha missão é arranjar-te um rapaz novo. Estás mesmo a precisar.
- Obrigada Jane, mas acho que ainda sou capaz de arranjar um namorado sozinha. Passando a outro assunto. Sabias que a minha irmã chega hoje de New York. Diz que é uma visita surpresa.
- A sério?! Fixe. Ela disse alguma coisa de como tinha corrido a viagem?
- Disse apenas que tinha corrido bem e que tinha conhecido pessoas fantásticas. Acho que o Paul foi ter com ela à cerca de três semanas, por isso devem vir os dois hoje.
- Eles fazem um casal tão giro. -- suspira Jane -- Quem me dera ter um romance que durasse cinco anos como o deles.
- Pois... -- Naquele momento toca a campainha. -- Vou indo para a aula, Ok? Vemo-nos ao almoço.
- Ok. Até já.
O resto do dia passa sem grandes problemas. Apenas uma queda na aula de educação física durante um jogo de basquetebol. Ao sair da escola, Anne repara que Simon encontra-se a olhar na direção dela mas, finge que não o vê. Havia alguma coisa de sinistro na forma como ele a olhava.
Quando chega a casa, é imediatamente abraçada pela irmã.
- Sarah, não consigo respirar.
- Oh, desculpa. -- responde a irmã sorrindo. -- É só porque tive imensas saudades tuas, maninha.
- Claro que tiveste. Então não sou eu a melhor irmã do mundo? O que era de ti sem mim?
- É verdade. Chegaste mesmo a horas. A mãe já nos chamou para a mesa, e o Paul já deve estar um pouco cansado de estar sozinho com o pai. Já sabes como é que o pai.
- Oh, se sei. Vamos lá comer então.
Durante o jantar, são contadas todas as histórias e experiências que o casal teve. Mesmo as vergonhosas e ridículas. No final, Paul diz:
- Se não fosse muito incómodo, eu e a Sarah temos uma novidade que gostávamos de partilhar com todos. -- Paul, inspira fundo e anuncia.-- Nós vamos casar.
- E gostaríamos que a Anne fosse a dama de honor. -- acrescenta Sarah.
O QUÊ??!?!?