Todos os sábados, era costume James e os seus três amigos, Paul, John e Tom, montarem um acampamento perto de uma floresta para lá passarem a noite. Mas num sábado, John não pôde ir com os amigos acampar, pois a sua irmã estava doente e ele tinha de cuidar dela. Porém, os outros decididos a ir apesar do imprevisto, desejaram as melhoras e puseram - se a caminho.
Já era noite quando acabaram de montar o acampamento e iam começar a preparar a comida quando ali perto ouviram um uivo. Ao ouvir isto, Tom disse:
- Vamos acender a fogueira porque, seja qual for o animal que esteja aqui por perto, irá fugir ao ver o fogo.
Vendo que os amigos concordavam com ele, meteu logo mãos à obra e foi procurar na área circundante ás cabanas onde iriam dormir, pedaços de madeira e folhas secas. Juntou tudo num pequeno monte em frente ás cabanas e pegou-lhes fogo. Paul suspirou de alívio quando sentiu o calor do fogo no corpo. Nunca fora um rapaz superstícioso, mas na pequena vila onde ele e os seus amigos moravam, à 2 anos que circulavam histórias de que um monstro habitava nas florestas. Qual o aspeto do monstro, ninguém sabia, mas as pessoas desconfiavam que tinha sido ele o responsável pelas pessoas desaparecidas da vila.
Depois de comerem, foram deitar-se.
Passava das 3 das manhã, quando James acordou sobressaltado ao som de uivos que se aproximavam das tendas. Este correu a acordar Paul e Tom, e dirigiram-se a passos largos para a fogueira quase extinta.
- Não temos nada para nos defender! -- reclamou Paul.
- Não entres em pânico Paul, pode ser? Isso não vai ajudar-nos em nada neste momento.
- O Tom tem razão Paul, relaxa. Vai correr tudo bem. Arranjem o que puderem para se defender: pedras, galhos, ...
- Sim, porque vai ser mesmo umas pedras que nos vão ajudar agora, James.
- Caramba Paul, não sabia que eras tão medricas. -- disse James rindo-se, enquanto procurava por pedras.
- Cala-te. -- sussurou Paul, corando.
Um grito aterrorizado de Tom chegou-lhes aos ouvidos. Imediatamente, correram para o lugar onde Tom procurava por ramos que lhes fossem úteis, deparando-se apenas com o corpo do amigo sem vida no chão. Ao aproximarem-se dele repararam que o peito de Tom tinha sido completamente esmagado e estilhaçado.
Que animal podia ter força suficiente para fazer um coisa destas? perguntou - se James.
Sentido movimento atrás de si, virou-se e viu uma criatura que nunca antes tinha visto. Era gigantesco, com pêlo negro e dentes enormes. Tinha uma substância escura a escorrer-lhe pelo focinho.
Paul sentia uma raiva tão grande pela morte do seu amigo de infância, que não se importou de se sacrificar para matar aquele animal. James ainda o tentou impedir mas era demasiado tarde. Ficou paralisado a assistir à morte do seu último amigo sem conseguir mexer um dedo. Ele olhava boquiaberto para o monstro a destruir o seu companheiro. Aquele ataque da criatura era horrível, aterrorizador de se ver, mas ao mesmo tempo tinha algo de espetacular.
Como é que isto é possível? A criatura tem uma força e rapidez sobrenaturais. Que animal é este? De onde veio? -- as perguntas explodiam dentro da sua cabeça.
James ao ver a besta a avançar sobre ele lentamente, depois de ter desfeito Paul aos pedaços, começou a sentir que a sua morte estava próxima. Caiu de joelhos na erva e fechou os olhos à espera do seu momento final. Pensou em John, e agradeceu a Deus por ele estar em casa a salvo. Pensou na sua família que iria ficar devastada com a sua morte. Era nela que pensava quando ouviu uma voz.
- Daqui a 200 anos, virei à tua procura. Mantém-te longe de sarilhos.
James olhou para cima na direção da criatura, mas esta já lá não estava. No seu lugar encontrava-se um velho com longa barba negra. Depois sentiu dor na cabeça e no peito. Parecia - lhe que tinha os ossos partidos. Sabia que iria morrer nos próximos minutos, por isso o seu último pensamento foi para a sua família e amigos. E caiu no chão.
Era uma noite fria e nublada, de fevereiro, do ano de 1814.
