- Oi fofa. Bem vinda de volta. Como te sentes? -- cumprimenta Jane.
Anne abre os olhos muito lentamente, como estivesse a acordar de um sonho. Todo o seu corpo doía. Quando olhou à sua volta, viu que se encontrava num quarto totalmente pintado de branco e cheio de máquinas e monitores com dados indecifráveis para ela. Não sabia como ali tinha chegado, nem quem eram todas aquelas pessoas que a estavam a observar.
- Onde estou? O que é que aconteceu? A minha cabeça....
- Anne, estás no hospital. Sofreste ferimentos graves quando ocorreu a explosão no bar da escola. Sei que estás confusa e desorientada, mas tenta não te mexer muito. Tens muitos ferimentos graves devido ao acidente. A tua cabeça está assim porque tinhas um traumatismo craniano, o que fez com que estivesses em coma durante 5 dias. -- respondeu a mãe de Anne.
Hospital?! Explosão no bar da escola?! Ferimentos graves?! Traumatismo craniano?! Coma durante 5 dias?! O que é que me está a acontecer? Porque razão é que eu não me lembro de nada?! Será que isto é um sonho ou um pesadelo?! Quem sou eu?!
- Quem são vocês? Quem sou eu?! Porque razão é que não me lembro de nada?!! -- questionava ela, com um aumento do tom de pânico na voz.
À sua volta encontravam-se os pais, Sarah, Jane, assim como um médico e duas enfermeiras. Todos se entreolharam ao som das últimas palavras de Anne.
- Anne, não há razão para alarme, mas por vezes acontece que os pacientes sofrem perda de memória, quase nunca permanente. Portanto, vais ter de permanecer no hospital durante algum tempo, até recuperares a tua memória. Mais tarde venho ver como é que estás, pode ser? Tenta manter-te o mais calma, sossegada e quieta possível, por favor.
- Sim... -- o médico e as enfermeiras deixam o quarto dela -- Expliquem-me quem são vocês e o que é que aconteceu para eu vir parar ao hospital, se não for muito incomodo.
E eles assim o fizeram. Nos dias que se seguiram, os familiares e os amigos de Anne, incluindo Jane, foram visita-la levando consigo álbuns fotográficos, livros e objetos que pudessem fazer com a memória de Anne voltasse, sem que nada resultasse. Apesar de Anne continuar sem saber quem era, esta acreditava ser apenas uma questão de tempo até as suas memórias regressassem. Muito embora, o facto de ter pessoas a contar-lhe histórias de quando era criança e andava na escola, sendo grande parte delas embaraçosas, fazia-a feliz por não se lembrar.
Cerca de uma semana depois de Anne ter acordado do coma, esta pediu para conhecer os rapazes que a tinham ajudado, aquando da explosão, para lhes poder agradecer pessoalmente. No dia seguinte, à tarde, apareceram os rapazes, entre eles o Mark. Anne ficou surpreendida ao ver Mark entrar, pois tinha ficado a saber nos dias anteriores, toda a sua história com Mark, através de Jane. Durante cerca de uma hora, Anne falou com os rapazes, descobrindo que faltava ali um rapaz, Simon, que a tinha encontrado e chamado o resto dos rapazes para o ajudarem.
Depois dos rapazes saírem, Jane entrou no quarto, e Anne questionou:
- Quem é o Simon?
- Um rapaz novo na escola, com quem nos estávamos a falar mesmo antes da explosão no bar, embora não tivesse sido uma conversa muito esclarecedora. Não o achei a pessoa mais agradável para se falar.
- Bem, isso explica a razão de ele não ter vindo com o Mark e os outros. Como é que ele é?
- Ele até é giro e tudo mas é demasiado frio e fechado. Não faz em nada o nosso tipo.
- Então e qual é o teu tipo? -- pergunta Anne a rir-se. -- Alto, magro, com músculos, loiro e olhos azuis? Desportista?
- Sim. Como é que sabias?
- Eu posso não ter nenhuma memória de todo o tempo que passamos juntas, mas só por estes dias contigo aqui no hospital e pelas nossas aventuras que me contaram, já és suficientemente previsível para mim.
- Cala-te! Eu não sou previsível! Ok, ... talvez um pouco.
Ao ouvir a resposta de Jane, Anne é incapaz de parar de rir da amiga, até ao momento em que avista um rapaz alto, moreno, vestido com umas sapatilhas pretas, calças de ganga escuras e uma t-shirt dos Metálica, com uns cabelos despenteados castanhos e olhos verdes. No instante em que Anne o observa, foi como se lhe tivesse dado um clique no cérebro. Ele era o Simon.
- Posso entrar? -- entra, fecha a porta do quarto hospitalar e senta-se numa cadeira que se encontrava encostada à parede --Por aquilo que tenho conhecimento, tu não tens qualquer memória de me teres visto ou conhecido, mas eu sou o ...
- Simon. Tu és o Simon.